quinta-feira, 28 de junho de 2007
terça-feira, 19 de junho de 2007
A Empresa Sublime - Sumário e Capítulo 1, Considerações a Respeito de Inovação
A EMPRESA SUBLIME
SUMÁRIO
Introdução
PRIMEIRA PARTE - CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE INOVAÇÃO
Capítulo 1 - Inovação
Por que inovar?
Quais os tipos de inovação interessam para cada empresa?
Mudança
Who’s who
Porque ninguém cria nada na sua empresa?
Renovação
Capítulo 2 - Como Inovar
Design
Propriedade Intelectual
Piratas, Bucaneiros e Corsários
Criação, Informação e Futurologia
Perfil do Profissional do Departamento de Criação
Materiais
Papéis
Impressões
SEGUNDA PARTE - A INOVAÇÃO NA PRÁTICA
Capítulo 3 - Métodos de Trabalho
Métodos de integração do grupo e de percepção de si
Métodos de expressão
Métodos de “brainstorm”
Métodos de informação
Briefing
Capítulo 4 - Métodos de Análise
Análise Sintática
Análise do Desenho
Contraste
Alinhamento, Proporção e Equilíbrio
Agrupamento e Grau de Importância
Repetição
Pop-ups e Sangramentos
Margens e Áreas de Descanso
Leveza e Movimento
Cores
Elementos Áureos, Harmônicos e de Aproveitamento
Janelas e Ampolas
Texto e Fontes
Modelos Humanos e Imagens Fotográficas
Acabamento
Peças Constituintes
Análise da Propriedade Intelectual
Busca Rápida
Busca Completa
Copyright
E se a idéia já existe?
Análise do Mercado
Pesquisa de Mercado
Abrangência
Como dar palpites razoáveis?
Análise de Custo do Produto
Análise semântica
Signo
Grau de proximidade
Complexidade
Referência histórica
KITSCH ist richtig!
Cultura do Cliente
Humor e êxtase
Olhos de Bambi
Movimento, Luz e Ponto de Vista
Marioshkas
Estorvos
Espelhos
Analisando Arte
Análise Pragmática
Qualidade técnica
Transformações
Como produzir?
Como reproduzir?
Modos de produzir
Gadgets
Linhas de Produtos
Remakes
Função
Ergonomia e Antropometria
Durabilidade e Resistência
Normas e Segurança
Funcionamento Simples
Empilhamento
More to Come
Minimalismo
Manual
Unidades de Despacho
Código de Barras
Embalagem
Imagens com Movimentos
Valor Agregado
Consumidores Especiais
Frontalidade
Limpeza
Onde guardar?
Improvisações
Ecologia
Aspectos Sociais
Anexo 1 - Check List para Empresas Sublimes
Anexo 2 - Modelo de contrato para oferecimento de idéias puras.
Bibliografia
INTRODUÇÃO
Este é um texto que trata de poucas coisas sobre as quais o autor já pensou muito e que gostaria de compartilhar com você.
O motivo de escrever o presente trabalho vem da observação direta do comportamento da nossa cultura empresarial, que proclama aos quatro ventos a necessidade de inovar, mas na pouco faz na prática para que esse verbo seja realmente conjugado.
A palavra inovação, pode ser relacionada com aquelas expressões que pertencem ao mesmo grupo da caridade cristã e da austeridade ao trato das coisas públicas, ou seja, não é nada mais do que todos dizem por aí e que sabem que é certo, mas que na verdade pouquíssimos colocam em prática.
Aqui iremos ver de como produzir inovações dentro de empresas, bem como os tipos de mudanças necessárias para cada tipo de firma.
Acontece que a falta da prática da inovação não é porque ninguém dentro da empresa seja incompetente ou preguiçoso (vamos fingir juntos que não, por favor!), mas sim porque não existe uma formação em nível de criar e ao mesmo tempo, dentro de um certo aspecto, não existe um imperativo de mercado. Aqui recorremos a uma frase de Domenico di Masi que diz mais ou menos o seguinte: “você pode ordenar para um empregado fabricar um parafuso, mas não consegue ordenar para este mesmo empregado fabricar uma idéia”.
Dessa forma, você vai iniciar agora uma jornada, através dessa aventura que é o inovar. As questões aqui tratadas não são definitivas, mas devem ser tratadas como a fagulha que inicia a fogueira ou como o primeiro cristal em torno do qual a água passa a congelar.
A intenção deste livro não é a de mostrar a necessidade de criar, pois disso você vai conseguir se convencer abrindo qualquer revista que trata de assuntos de empresas ou de marketing, se é que ainda não está convencido, ou deve estar sempre sendo martelado pela sua firma com essa frase mântrica e hipnótica: “Temos que fazer algo diferente! Temos que fazer algo diferente! Temos que fazer algo diferente!...” A intenção desse livro é, portanto, ajudar o seu grupo de trabalho a sair desta situação catatônica em que fica repetindo frases feitas, mas não procura resultados concretos.
E o que são estes resultados? Em última instância o lucro? Não, não é apenas o lucro, pois esse não é o objetivo da sua empresa e isso você consegue com uma barraquinha de crepes na feira. O objetivo de inovar é conseguir uma das máximas da economia que é o máximo lucro (grifado para nunca ser esquecido), ou seja a máxima diferença entre custos e receitas. Inovação não é para todos, mas apenas para aqueles que querem chegar ao topo.
Assim, se inovar for algo caro, não serve. Se não der um resultado de o máximo rendimento possível, também não é conveniente.
Acompanhe então o autor neste caminho para que juntos discutamos essas questões.
O autor agradece a preferência de sua leitura e deseja-lhe um bom proveito deste livro.
PRIMEIRA PARTE .
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE INOVAÇÃO .
CAPÍTULO 1 - INOVAÇÃO
Por que inovar?
Resposta simples e consistente: para obter o máximo lucro.
E por que obtém-se o máximo lucro inovando?
Em primeiro lugar, é preciso responder uma questão fundamental a respeito do seu negócio: exatamente o que ele é?
O negócio da sua empresa não é produzir batatas fritas, nem camisas, nem automóveis, nem transatlânticos, pois todas as empresas têm um só negócio em comum: ganhar dinheiro.
Ganhar dinheiro não é feio e seria uma grande injustiça divina se os ricos que trabalharam muito e tiveram boas idéias não entrassem no reino dos céus. A força da grana, como diria Caetano Veloso, não só destrói, como também ergue coisas belas e graças a essa busca pela felicidade monetária é que existem satélites artificiais, vacinas e obras de arte. Por isso, ganhar dinheiro é justo e belo.
Portanto, se todo o negócio justo e belo de toda a empresa existente no mundo é o faturamento, a primeira coisa que você deve esquecer é o seu produto. Para os presidentes e acionistas da empresa você não produz desinfetante de pia, rolamentos de bicicleta, serviço de consultoria ou pó para pulgas, você produz, isso sim, dinheiro.
Portanto, se alguém chegar na sua empresa que fabrica automóveis com a idéia de um carro voador, você não deve mandá-lo procurar uma fábrica de aviões, alegando que o seu negócio é produzir carros que não voam. O seu negócio não é esse, mas sim produzir o máximo capital possível e, convenhamos, o projeto do carro voador que está sobre a sua mesa, se for colocado em prática, vai dar uma grana alta!
Da mesma maneira, se alguém oferecer o projeto de uma máquina do tempo, que permitisse dar uma olhadinha na cotação das ações do dia seguinte, seria uma imensa insensatez você mandar o sujeito embora dizendo que o seu negócio é fabricar sabão em pó.
Você não pode, tampouco, dizer que o seu negócio é apenas faturar. O negócio de toda empresa é faturar o máximo possível e não apenas ter uma receita ligeiramente superior aos custos.
Sendo assim, a empresa deve procurar inovar para:
1. Ganhar dinheiro.
2. Além de ganhar dinheiro, ganhar o máximo de dinheiro possível.
Para compreender como isso é aplicável na prática, é preciso conhecer os quatro tipos teóricos de mercado e verificar onde sua firma se encaixa mais facilmente.
O da Concorrência Perfeita, no qual um número enorme de empresas produz produtos similares. Este é apenas um modelo teórico, pois existem ramos de atividade que aproximam-se desse tipo, mas não possuem todas as características que os coloquem nesse grupo.
O do Monopólio, em que uma única empresa detém todo o mercado para si, normalmente garantido por leis de patentes ou de concessões públicas.
O de Concorrência Monopolista, que é aquele mercado em que várias empresas produzem produtos similares, mas com pequenas diferenças próprias. Em eletrodomésticos, por exemplo, o consumidor tem várias opções diferentes para o mesmo produto.
O de Oligopólios, no qual poucas grandes empresas dominam o mercado.
A grande maioria das empresas encontra-se no mundo da concorrência com produtos similares, mesmo considerando que o modelo teórico da concorrência perfeita não exista, na prática podemos considerar um mercado muito próximo, um tipo de concorrência imperfeita, no qual os preços dos concorrentes são muito parelhos e existam muitos produtores no mercado. Uma das características deste mercado é que o preço do produto é ditado pelo consumo, pois quando alguma empresa resolve aumentar muito o seu preço, ela simplesmente não vende e é obrigada a fechar. Esta firma é obrigada a vender por um preço muito baixo e a única forma de obter um aumento de lucro é baixando os seus custos de produção ou vendendo uma quantidade maior de produtos, através de campanhas de marketing. Ainda que na prática exista variação de preços para um mesmo produto, a variação não é significativa.
Os monopólios são empresas que detém algum tipo de exclusividade de mercado. Para aumentar o seu lucro, além de melhorar a sua produtividade eles podem simplesmente aumentar os seus preços. Obviamente isso é uma enorme vantagem, pois é a empresa que dita o mercado, e não apenas a demanda que impõe o preço. O empresário pode aqui decidir a quantidade de cada produto a ser produzido para que obtenha o máximo potencial de máquinas e equipamentos.
Os produtos de concorrência monopolista também têm uma certa liberdade com relação aos seus preços, mas podem ser substituídos pelo consumidor, se tentar valorizar muito o seu produto em relação ao do concorrente.
Os produtos de oligopólios não possuem variação de preço, uma vez que a ou as empresa(s) dominante(s) estabelecem os seus preços mínimos e todos obedecem essa regra.
A palavra inovação tem um significado diferente para cada tipo empresa.
A empresa de concorrência “quase perfeita” precisa inovar como estratégia de marketing. Se não lançar melhores embalagens, novos formatos do seu produto, criar brindes, melhores expositores, atingir novos consumidores, etc. não conseguirá vender mais, e conseqüentemente não conseguirá maximizar o seu lucro.
A empresa monopolista precisa inovar para que outro não tome o seu lugar de mercado assim que terminar o período de concessão das suas licenças de exploração do produto ou serviço.
A empresa de concorrência monopolista precisa inovar para manter-se atualizada com relação aos seus concorrentes. Se ela não inovar, fica tecnologicamente atrasada e, assim que os concorrentes incorporarem nos seus próprios produtos as características de diferenciação, a empresa ficará na retaguarda.
As empresas de oligopólio precisam inovar também por uma questão de marketing, pois, à semelhança das empresa de concorrência perfeita, não podem variar seu preços e por isso precisam diferenciar os produtos diante do consumidor para conseguir avançar em relação à concorrência pesada dos seus parceiros-oponentes.
Dessa maneira, considerando que cada um tem os seus motivos para inovar, a conclusão que chegamos é a de que a empresa que não pensa em mudar está necessariamente fadada ao fracasso.
Quais os tipos de inovação interessam para cada empresa?
Como vimos, aquelas que aproximam-se do modelo de concorrência perfeita e de oligopólio precisam de inovações no setor de marketing: embalagens, material publicitário, expositores e displays, criação de brindes, enfim tudo aquilo que for útil para maquilar a real qualidade do produto e fazê-lo parecer melhor aos olhos do consumidor.
As de concorrência monopolista necessitam, além das criações expostas acima, também de inovações no produto em si, a geração de Modelos de Utilidade, compreedendo-se por este termo um tipo de invenção que muda detalhes do produto, mas não parte de idéias realmente revolucionárias.
As empresas monopolistas e as empresas novas, principalmente as com pouco capital, além das inovações necessárias às outras empresas, também necessitam de produtos inventivos, que quebrem paradigmas estabelecidos pelas outras companhias.
Se olharmos pelos aspectos econômicos, perceberemos que há uma diferenciação brutal nos gastos com inovação de cada tipo de empresa.
Os maiores gastos estão no setor de marketing, pois essas inovações representam despesas a serem incorporadas no custo total do produto, diminuindo o lucro. Os oligopólios e as empresas de livre concorrência, conseqüentemente, são por definição pouco inovadoras, pois a inovação que produzem é naquilo que já existe.
Esse é o motivo pelo qual vemos automóveis-conceito nas feiras e não os vemos andando pelas ruas, não vemos novos desenhos de macarrão, nem azeites de cozinha que não queimem após o uso. Para essas empresas, o que interessa é copiar o que os concorrentes fazem e tentar deixar o invólucro do seu produto mais atraente ao consumidor. Por definição, os oligopólios e as empresas de concorrência são empresas de mesmice. A palavra design para esses empresários significa apenas desenho bonito, pois aqui não há criação que mexa profundamente com o produto em si.
Como a maior parte do capital mundial está nessas empresas, podemos dizer que na prática empresarial, as mudanças são quase inexistentes.
A coisa começa a mudar de figura quando entramos no campo das empresas de concorrência monopolista. Nesse particular, não é que as inovações do marketing deixem de ter valor, mas incorpora-se um certo grau de pesquisa para os seus produtos. Aqui ainda não há desenvolvimento de novas invenções, mas já existe uma preocupação com o inovador. Esse tipo de companhia necessita, não só baixar os custos de produção e vender mais, mas a sua principal fonte de lucro vem da diferenciação dos seus produtos frente aos demais. O seu preço depende diretamente da qualidade e das melhorias que são implantadas constantemente e por isso, normalmente deve existir um departamento de pesquisa dentro da empresa.
Alguns monopólios, mais especificamente aqueles estabelecidos sobre proteções de patentes e “copyrights”, são os que tem a maior liberdade de imposição de preço ao consumidor, portanto, a maior parcela de lucro, ao compararmos com os outros tipos de empresa.
Criar inventos é um investimento relativamente baixo, comparando-se com as outras formas de criação, pois uma pequena idéia pode trazer benefícios econômicos espetaculares, enquanto que as criações do marketing e dos modelos de utilidades são criações que necessitam estar sempre se renovando e trazem benefícios pouco vastos. Esse é o motivo por que esse tipo de monopólio é muito comum estar em mãos de empresas de pequeno porte, pois é a forma que elas têm de incorporar-se em um mundo de gigantes sem serem esmagadas por eles.
Ora, devemos perguntar, se qualquer economista conhece esta realidade, porque não existe uma forte tendência em criar-se empresas inovadoras, que tenham boas idéias, pouco capital e muita vontade de crescer rápido? A resposta é que realmente essas empresas existem e a Internet é um bom exemplo de grandes fortunas criadas com relativo pouco esforço humano, capital mínimo, mas idéias brilhantes.
No entanto, as grandes empresas ainda estão pensando nas teorias econômicas do século XIX que diziam que com capital e (exploração de) trabalho se consegue enriquecer. O empresário médio ainda não tomou consciência que inovação é investimento, e não custo.
De fato, as empresas que, por motivos expostos no capítulo seguinte, chamaremos de Sublimes, não necessitam tanta mão de obra e nem tanto capital para obter uma lucratividade fenomenal, porém uma política de criação desse tipo de firma é o que traz a riqueza das nações.
O Japão do pós-guerra é um grande exemplo de como a inovação pode trazer benefício para a população. Pequenas empresas, com grande idéias fizeram florescer uma economia arrasada pela guerra. O mesmo aconteceu com o incentivo da inventividade norte-americana e com a engenharia inovadora da Alemanha.
Como é possível criar rendimentos excelentes com um capital mínimo, deveria-se esperar que grandes empresas constituissem um departamento de inovação tecnológica no sentido de buscar monopolizar seus produtos. Infelizmente isso não tem acontecido muito freqüentemente e essas firmas estão arriscando o seu futuro por isso. O que se vê é que cada vez mais empresas de inovação incorporam esses dinossauros em processo de extinção. Em 1970 não haviam a Microsoft, a AOL, a Netscape, o Altavista, o Yahoo... Se os empresários da antiga não aprenderem a viver com a realidade da inovação, têm o sério risco de serem devorados.
Mais um detalhe, desta vez para os políticos pensarem: as empresas monopolistas podem pagar mais. Elas não precisam tirar o seu lucro pela redução de custos e por isso tirar o sangue dos seus empregados. Além disso, um trabalhador para criar é bem mais caro do que um peão, um pau-mandado, as necessidades desse tipo de firma puxam os salários para cima. Essa estrutura é muito mais humana e não consegue compartilhar com as verdadeiras colônias de formiga que se tornaram as grandes empresas oligopolistas e de concorrência.
Sabendo-se então que nas empresas monopolistas ocorre uma situação de jogo de preços muito favorável em benefício do empresário, toda a grande empresa deveria estabelecer um departamento que cuidasse apenas de inovações, tendo em vista estabelecer monopólios de determinados produtos por um determinado tempo. Afinal, se a pequena empresa consegue prosperar com esta filosofia, por que não colocar uma parte do capital destinado à criação de marketing e de modificações no desenho, para a criação de produtos realmente inovadores?
Para o empresário médio, inovação significa fazer uma viagem à Miami, olhar o que há de diferente que está sendo vendido no Wal Mart e trazer para o seu país de atuação sem pagar royalties.
É claro que isso é uma atitude bem pouco sábia.
Vamos observar com lógica: em primeiro lugar, se isso fosse uma atitude inteligente, ninguém lançaria produtos em países do Primeiro Mundo. A empresa que lançou o produto que o empresário de mentalidade retrógrada catou no Wal Mart teve os seus motivos para investir na inovação. Não parece uma afirmação sensata?
Alguns motivos para as empresas pensarem duas vezes antes de fazerem isso:
- Não poderá exportar para países de primeiro mundo em que a patente do produto está valendo. Isso já representa uma queda brutal na receita de empresas de médio porte para cima (considerando que as pequenas exportem pouco).
- Corre o risco de sofrer um processo judicial, tendo como fórum privilegiado uma corte internacional ou um fórum de cidade longe daquela onde a empresa está instalada, o que custa caríssimo para se defender.
- Corre o risco de perder os investimentos feitos para iniciar a produção.
- Está atrás do que se está fazendo no mercado, e não à frente.
- Não conhece o mercado. O critério para a implantação do produto é mais ou menos o de “achei bonitinho, acho que vai vender!”
E, principalmente,
- Criar não custa necessariamente mais caro. É por pura falta de conhecimento que os nossos empresários buscam o que já existe no mercado, se só nos bancos de patente internacionais existem 24 milhões de idéias, a grande maioria disponível a quem quiser fabricar, pois já caíram em domínio público. Sabendo como fazer, basta abrir a Internet, procurar uma palavra qualquer e certamente mais de 200 idéias a respeito daquele produto irá aparecer na nossa frente. Por exemplo. Se você quiser fabricar escova de dentes, existe uma lista de centenas de invenções (algumas malucas, outras nem tanto) e variações a respeito deste tema. Basta escolher uma boa idéia, desenhar e partir para a produção. Muitas vezes pode-se até copiar sem plagiar.
Inovar é simples, desde que se conheça os meios. Dá bem menos trabalho do que ter que viajar ao Wal Mart americano ou às Galerias Laffayette. Inovar dentro de uma empresa não tem nada a ver com fazer turismo, OK, sir? Se você quiser trazer produtos do exterior, monte uma importadora, não uma indústria, pois está no ramo errado.
Mudança
Existem dois tipos de mudança, as qualitativas e as quantitativas.
As mudanças quantitativas são de grau, as qualitativas, como o próprio nome já diz, de qualidade.
O que é preciso para que ocorram mudanças?
Leis de Newton
Como aprendemos na física da escola, por mais que mude, a natureza é avessa às mudanças. Um corpo em repouso permanecerá em repouso até que uma força atue sobre ele. Um corpo em movimento permanecerá no mesmo movimento até que uma força atue.
As leis da inércia valem também para a sua empresa, ou seja, nada irá mudar se não houver uma força atuando para que ocorra esta mudança.
Basta uma força? Não. As Leis da Newton nos dizem que a toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Para haver movimento é preciso que o somatório de forças seja diferente de zero. O que isso quer dizer? Se alguém empurrar um móvel para um sentido e você empurrar para outro lado, as forças estarão sendo anuladas. Apenas o mais forte vencerá e produzirá movimento. Se duas pessoas empurrarem para o mesmo lado o móvel irá se mover no sentido desejado e com uma aceleração muito maior do que aquela que ocorreria se as forças fossem competitivas.
Então, aplicando as Leis de Newton a sua empresa: é preciso sair da inércia e é preciso somar forças!
Trabalho
O que é trabalho?
Auxiliando-nos ainda da física, trabalho é o produto da força pelo deslocamento.
O que isso quer dizer? Que não adianta fazer força, se não existe um deslocamento. Portanto, aqui o trabalho pode ser definido como toda a força aplicada para vencer a inércia e produzir movimento.
O esforço das iniciativas não nos servem de nada se não ocorrer uma procura real por resultados. Trabalho, além de iniciativa, significa, adotando um neologismo, também a “finalizativa”.
Energia
É o trabalho na unidade de tempo.
Se você erguer um peso para uma determinada altura em uma hora você terá dispendido uma determinada energia, para erguer o mesmo peso, na mesma altura em meia hora, você terá utilizado uma energia muito maior.
O que buscamos, portanto, tanto em uma empresa como na vida? Um somatório de forças, que produzam movimento, com um máximo de energia. Não adianta contestar essa afirmação, pois são leis do cosmos. Se você conseguir montar uma empresa na galáxia mais distante, essas regras continuarão valendo.
A aplicação de energia, conseqüentemente de trabalho e de força gera mudança.
As mudanças quantitativas ocorrem sempre que colocar um pouco mais de energia no sistema. Se eu tiver um cubo de gelo, por exemplo, e colocar mais calor (energia) neste gelo, ele irá se esquentar, digamos um gelo de -18ºC se tornará um gelo a -9ºC. O que mudou? Quase nada, pois continuamos tendo gelo, só que menos frio.
Como provocar mudanças quantitativas na empresa? é simples: trabalhando duro, como todo mundo sabe. Conseguindo produzir uma peça a mais por um centavo a menos, abrindo um novo cliente, transformando no refeitório o arroz de ontem no bolinho de hoje e na sopa de amanhã.
As mudanças qualitativas ocorrerão sempre que a quantidade de energia colocada (ou retirada) do sistema for de tal monta que as mudanças de grau transportem a uma mudança de essência. isto é, quando você der tanto calor ao gelo que ele se transforme em água e depois em vapor.
Falando em termos de energia, quanto você terá que aplicar de energia para transformar gelo em água? Para passar de -3ºC para -1ºC será a mesma quantidade de energia utilizada para passar de -1ºC a +1ºC e para passar de +1ºC para +3ºC? A física nos auxilia novamente a pensar.
No exemplo acima, o leigo poderia perceber que nos três casos ocorreu um aumento de dois graus centígrados, porém o cosmos trava as mudanças qualitativas com o que é chamado de energia latente, isto é, você terá que gastar muito mais energia para provocar uma mudança qualitativa do que a necessária para mudar a temperatura do gelo ou da água. Transformar gelo em água é bem difícil. O mesmo ocorre na vaporização. A energia para aumentar de 1ºC para 3ºC é a mesma utilizada para aumentar de 97ºC para 99ºC, porém para passar de 99ºC para 101ºC, ou seja, vaporizar a água é necessária uma enorme quantidade de energia latente.
O mesmo acontece na sua empresa. Quando a energia aplicada em mudanças quantitativas chega a uma tal monta que pede uma mudança qualitativa, isso torna-se um grande estorvo. Se você está a um bom tempo na empresa deve saber o problema que é mudar de porte pequeno para médio, mudar a marca e a logo, mudar a embalagem do produto, mudar o sabor, a cor, etc.
Todo mundo sabe que em time que está ganhando não se mexe, porém se você não mexer, o time vai ficar velho e você vai começar a perder.
As mudanças qualitativas são de dois tipos, as mudanças “latentes” e as mudanças “sublimes”.
Como foi dito acima, as mudanças latentes são aquelas ocorridas decorrentes da evolução natural da empresa e que se não forem feitas, a empresa entra em decadência.
Por seu turno, as mudanças que chamaremos de sublimes não interferem em nada no andamento histórico e natural da empresa, ou seja, no curto-prazo a empresa vai continuar crescendo (ou decaindo) naturalmente com ou sem mudanças sublimes.
O que é sublimação? É a passagem de um estado a outro sem a passagem de um estado intermediário. Exemplo: por que você não vê uma pocinha de líquido no seu armário quando coloca uma naftalina? Porque ela sublima, passa direto do sólido para o gasoso. Para sublimar, não é necessária a energia latente, ou seja, você gasta energia até chegar no ponto de mudança, mas não gasta energia para a mudança em si.
Portanto, as vantagens da sublimação sobre a mudança latente são o pouco dispêndio de energia, a significância da mudança e a velocidade em que ela ocorre.
Qual a energia necessária para sublimar qualquer coisa? Depende. Se você sublimar naftalina no armário precisará da temperatura ambiente, para sublimar carvão na churrasqueira, 3600ºC! Portanto, não tente sublimar o que o porte da sua empresa não consegue.
Sua empresa conseguirá sobreviver sem mudanças sublimes? Claro que sim, só que continuará fazendo o que as outras fazem, mantendo-se na média do mercado, ou em outras palavras e em bom português: ela continuará sendo medíocre.
E em lento e contínuo processo de extinção.
Who’s who
Quem é quem na sua empresa?
Você sabe quem é que provoca as mudanças quantitativas, não sabe? É o livro-caixa. O departamento de contabilidade, os economistas, enfim, a tesouraria nos diz onde cortar e onde investir. Qual bem produzir, quanto do bem produzir e quando produzir são os temas que interessam às mudanças quantitativas. A linguagem deste departamento é custo, receita, custo médio, receita média, custo marginal, receita marginal, oferta, demanda...
Se você só tiver este departamento na empresa e ele for eficiente, a sua firma já vai sobreviver por um bom tempo e é possível até se tornar líder no mercado. Se você fabricar chaminés de transatlânticos à vapor você vai conseguir sobreviver até descobrirem o avião. Se você produzir manipuladores de telegrafia, você vai conseguir sobreviver até descobrirem as micro-ondas. Se você fabrica válvulas de rádio, você vai durar até o transístor. Se você fabrica transístores, vai durar até descobrirem os chips e assim por diante.
Como você concorda que não quer ser um dinossauro, você instala o departamento de marketing na sua empresa, pois ele é o que é responsável pelas mudanças qualitativas latentes. Os malucos do marketing que insistem em usar tênis e camiseta ao invés de terno e gravata, são os que traçam metas. aqueles que dizem quando mudar, para o desespero do setor de contabilidade que tem que tirar dinheiro não se sabe de onde.
Alguns diretores da sua empresa, no entanto, acreditam nas criações do marketing. Ora, pensam eles, se eles se vestem como artistas performáticos, freqüentam os bares dos artistas performáticos, usam rabo-de-cavalo e têm namoradas intelectuais, porque não haveriam de ser pessoas criativas? (Profissionais de marketing, desculpem a brincadeira e o clichê.)
E são criativos, de fato! E os contadores também são criativos dentro da sua área. E os médicos. E os pedreiros e os índios botocudos. Criatividade é uma atividade humana. Em princípio, qualquer indivíduo pode ou não ser criativo. Acontece que a função do marketing é planejar, e não criar. Se chegar na empresa a mais recente pesquisa de mercado, indicando que a marca já não está cumprindo a sua função, o gerente de marketing simplesmente dirá: “OK, enviem essa informação para a agência de publicidade e mandem criar uma nova marca!”
Não é preciso criar para produzir mudanças latentes. É só preciso verificar as tendências da empresa e não atrapalhar o andamento normal. Marketing não cria, mas planeja. aliás, essa é a diferença do profissional de marketing e, usando o termo pejorativo, do marqueteiro. O nível de criatividade que um profissional de marketing precisa ter é sempre maior, pois os seus pés estão apoiados nos ombros do pessoal que cuida do dinheiro e por isso ele tem a obrigação de ver mais longe, mas isso não quer dizer que a diretoria possa esperar inovação de caráter sublime proveniente deste setor. Toda a mudança vinda do marketing é uma mudança de qualidade latente, assim como toda a mudança vinda da tesouraria é uma mudança quantitativa.
Alguém já disse que a empresa do futuro terá apenas esses dois departamentos: tesouraria e marketing, pois o resto todo (RH, produção, cantina, etc.) dá prá terceirizar.
Não é verdade. Quem haveria de fazer as mudanças sublimes que são as que construirão o futuro?
Por que ninguém cria nada na sua empresa?
Por três motivos.
Motivo 1: Falta de capacidade intelectual.
Solução Simplista: mandar o gerente de RH catar coquinhos! Se ele não consegue nem ao menos contratar gente inteligente, o que ele está fazendo na empresa?
Solução Simples: pagar mais para os empregados. Quanto maior a mais-valia, menor será o nível de inovação de sua empresa.
Motivo 2: Ninguém ganha nada com isso. Se o seu funcionário inventar a máquina do tempo ou o automóvel voador você irá promovê-lo? Ele irá ter participação na idéia que teve?
Solução Simples: fazer ele ganhar toda vez que pensar.
Motivo 3: criar significa provocar despeito dos superiores, que temem perder os seus postos e inveja dos subalternos que começam a achar que o criador é petulante. Ovelha que berra muito, vira costela assada, é fato.
Solução Simples: nenhuma. Enquanto a hierarquia da sua empresa continuar rígida e os que estão embaixo não tiverem voz ativa, a sua empresa continuará sem conseguir mudanças sublimes, portanto continuará na média, continuará medíocre.
É esse o motivo por que é preciso haver um departamento próprio para gerar inovações.
Quem cria na empresa, afinal?
O sobrinho do dono. Afinal, o menino é craque em computador e faz umas home-pages bem legais.
A filha do amigo do dono. Ela faz faculdade de belas-artes e fez umas esculturas lindas para colocar na recepção.
A mulher do dono. Coordenou toda a reformulação do jardim da empresa.
E por fim,
O dono. Alguém discorda que o dono tem idéias geniais?
O cartão de visitas do proprietário das empresas mais comuns deveria ser mais ou menos assim: Fulano de tal, departamento de criação, cargo: DONO.
Isso está incorreto? Então vamos ver na história as empresas mais famosas pelas inovações:
Ford Company.
Inovação: linha de montagem e sistema de marcha à ré.
Invoador: Henry Ford
Cargo: DONO!
General Eletric
Inovação: lâmpada elétrica, sistemas de geração e transmissão de eletricidade
Inovador: Thomas A. Edson
Cargo: DONO!
RCA
Inovação: fonógrafo
Inovador: Thomas A. Edson
Cargo: DONO!
Microsoft
Inovação: DOS
Inovador: Bill Gates
Cargo: DONO!
Bell Company/ At&T
Inovação: telefone
Inovador Graham Bell
Cargo: DONO!
Infelizmente, e para a danação da humanidade, nem todo empresário tem a genialidade de um Edson, de um Graham Bell ou de um Henry Ford.
Infelizmente, e para a danação da humanidade, a grande maioria das empresas arrastam-se pela história, sendo que apenas poucas dão passos, raras exceções dão pulos e uma minoria dá vôos. A empresa que inova é aquela que tem capacidade de produzir mudanças de sublimação.
Por fim, compreendemos por Empresa Sublime aquela que consegue deixar de ser uma empresa medíocre e desenvolver métodos, produtos, conceitos e estruturas totalmente diferentes das pré-existentes e que não partiram de uma progressão natural, mas sim de um salto histórico que projetou a empresa para além do seu tempo da sua evolução natural previsíveis pelo marketing e pela tesouraria.
Renovação
Karl Marx nos falava em um bipedismo existente entre o capital e o trabalho, sendo que esses seriam os pés de barro que movem o grande Gólen do capitalismo.
Acontece que o capitalismo é um tripé. Se Marx estivesse certo, o capitalismo já teria acabado, mas acontece que o século XX foi o século das inovações e cada nova idéia abre um novo mercado e um aumento de capital. Portanto, enquanto continuarem existindo consumidores e recursos materiais no planeta, o capitalismo continuará inchando. O tripé é formado por capital, trabalho e inovação.
É por isso também que as teorias de Henry Ford não funcionam. Ele preconizava que aumentando os salários dos seus trabalhadores, aumentaria o consumo dos seus carros. Acontece que, falando no planeta terra como um todo, hoje os trabalhadores estão cada vez mais miseráveis, o desemprego aumenta com a mecanização e a globalização e, no entanto, o crescimento de capital e o nível de consumo continua subindo. Acontece que a população cresce e o trabalho, leia-se produtividade, fica mais eficiente. E o mais importante: as inovações continuam chegando. O tripé capital, trabalho e inovação continua firme no seu lugar.
Se isso vale para a economia mundial, vale também para a sua empresa. Você precisa de capital, planejamento e inovação para conseguir crescer. Quanto mais de cada item, melhores serão os resultados.
E como acontece a renovação da empresa? Através de feiras, catálogos, congressos e revistas. Quando existe capital, basta adquirir o que há de novo no mercado em matéria de máquinas, equipamentos, embalagens, matérias-primas, etc..
Acontece que isso não é inovação, mas simples atualização tecnológica.
Por curto-prazo define-se o período em que a empresa não consegue modificar a sua produção. O longo-prazo é quando consegue-se mobilizar ou desmobilizar bens de produção para uma mudança “latente”.
Acontece que a inovação é atemporal. Ela não está na seqüência cronológica dos fatos e por isso não pode ser pensada em termos de longo ou curto-prazo. Um “insight”, o oferecimento de um novo negócio para a empresa, a conquista de um cliente inesperado ou uma nova patente de um produto muitas vezes não são planejados e surgem quase que como acaso.
Essa forma espontânea de coleta de prosperidade normalmente ocorre sem qualquer planejamento e parece cair dos céus como um maná sagrado, mas na verdade não é assim que ocorre.
Thomas Jefferson dizia “o que acho mais engraçado da sorte é o fato de que quanto mais trabalho, mais sorte tenho.” O acaso dentro de empresas pode ser esperado sempre que houver um empenho para que ele ocorra.
Apesar da inovação não poder ser prevista, ela pode ser metodizada e esperada dentro das leis da estatística. Uma idéia pode surgir por acaso em uma empresa, mas ela também pode ser provocada. Não sabemos quem são as pessoas que vão morrer de câncer em uma determinada população, mas sabemos que uma determinada porcentagem vai. Se não jogarmos na loteria, sempre existe a possibilidade de uma tia caridosa colocar um bilhete premiado no nosso bolso, mas se comprarmos todas as semanas um bilhete, as chances de ganhar aumentarão. Uma empresa que aposta em inovação tem bem mais chances de conseguir sucesso do que aquela que não aposta. É preciso apostar no departamento de criação da empresa como o único setor especializado que pode trazer mudanças significativas com um capital razoavelmente pequeno.
SUMÁRIO
Introdução
PRIMEIRA PARTE - CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE INOVAÇÃO
Capítulo 1 - Inovação
Por que inovar?
Quais os tipos de inovação interessam para cada empresa?
Mudança
Who’s who
Porque ninguém cria nada na sua empresa?
Renovação
Capítulo 2 - Como Inovar
Design
Propriedade Intelectual
Piratas, Bucaneiros e Corsários
Criação, Informação e Futurologia
Perfil do Profissional do Departamento de Criação
Materiais
Papéis
Impressões
SEGUNDA PARTE - A INOVAÇÃO NA PRÁTICA
Capítulo 3 - Métodos de Trabalho
Métodos de integração do grupo e de percepção de si
Métodos de expressão
Métodos de “brainstorm”
Métodos de informação
Briefing
Capítulo 4 - Métodos de Análise
Análise Sintática
Análise do Desenho
Contraste
Alinhamento, Proporção e Equilíbrio
Agrupamento e Grau de Importância
Repetição
Pop-ups e Sangramentos
Margens e Áreas de Descanso
Leveza e Movimento
Cores
Elementos Áureos, Harmônicos e de Aproveitamento
Janelas e Ampolas
Texto e Fontes
Modelos Humanos e Imagens Fotográficas
Acabamento
Peças Constituintes
Análise da Propriedade Intelectual
Busca Rápida
Busca Completa
Copyright
E se a idéia já existe?
Análise do Mercado
Pesquisa de Mercado
Abrangência
Como dar palpites razoáveis?
Análise de Custo do Produto
Análise semântica
Signo
Grau de proximidade
Complexidade
Referência histórica
KITSCH ist richtig!
Cultura do Cliente
Humor e êxtase
Olhos de Bambi
Movimento, Luz e Ponto de Vista
Marioshkas
Estorvos
Espelhos
Analisando Arte
Análise Pragmática
Qualidade técnica
Transformações
Como produzir?
Como reproduzir?
Modos de produzir
Gadgets
Linhas de Produtos
Remakes
Função
Ergonomia e Antropometria
Durabilidade e Resistência
Normas e Segurança
Funcionamento Simples
Empilhamento
More to Come
Minimalismo
Manual
Unidades de Despacho
Código de Barras
Embalagem
Imagens com Movimentos
Valor Agregado
Consumidores Especiais
Frontalidade
Limpeza
Onde guardar?
Improvisações
Ecologia
Aspectos Sociais
Anexo 1 - Check List para Empresas Sublimes
Anexo 2 - Modelo de contrato para oferecimento de idéias puras.
Bibliografia
INTRODUÇÃO
Este é um texto que trata de poucas coisas sobre as quais o autor já pensou muito e que gostaria de compartilhar com você.
O motivo de escrever o presente trabalho vem da observação direta do comportamento da nossa cultura empresarial, que proclama aos quatro ventos a necessidade de inovar, mas na pouco faz na prática para que esse verbo seja realmente conjugado.
A palavra inovação, pode ser relacionada com aquelas expressões que pertencem ao mesmo grupo da caridade cristã e da austeridade ao trato das coisas públicas, ou seja, não é nada mais do que todos dizem por aí e que sabem que é certo, mas que na verdade pouquíssimos colocam em prática.
Aqui iremos ver de como produzir inovações dentro de empresas, bem como os tipos de mudanças necessárias para cada tipo de firma.
Acontece que a falta da prática da inovação não é porque ninguém dentro da empresa seja incompetente ou preguiçoso (vamos fingir juntos que não, por favor!), mas sim porque não existe uma formação em nível de criar e ao mesmo tempo, dentro de um certo aspecto, não existe um imperativo de mercado. Aqui recorremos a uma frase de Domenico di Masi que diz mais ou menos o seguinte: “você pode ordenar para um empregado fabricar um parafuso, mas não consegue ordenar para este mesmo empregado fabricar uma idéia”.
Dessa forma, você vai iniciar agora uma jornada, através dessa aventura que é o inovar. As questões aqui tratadas não são definitivas, mas devem ser tratadas como a fagulha que inicia a fogueira ou como o primeiro cristal em torno do qual a água passa a congelar.
A intenção deste livro não é a de mostrar a necessidade de criar, pois disso você vai conseguir se convencer abrindo qualquer revista que trata de assuntos de empresas ou de marketing, se é que ainda não está convencido, ou deve estar sempre sendo martelado pela sua firma com essa frase mântrica e hipnótica: “Temos que fazer algo diferente! Temos que fazer algo diferente! Temos que fazer algo diferente!...” A intenção desse livro é, portanto, ajudar o seu grupo de trabalho a sair desta situação catatônica em que fica repetindo frases feitas, mas não procura resultados concretos.
E o que são estes resultados? Em última instância o lucro? Não, não é apenas o lucro, pois esse não é o objetivo da sua empresa e isso você consegue com uma barraquinha de crepes na feira. O objetivo de inovar é conseguir uma das máximas da economia que é o máximo lucro (grifado para nunca ser esquecido), ou seja a máxima diferença entre custos e receitas. Inovação não é para todos, mas apenas para aqueles que querem chegar ao topo.
Assim, se inovar for algo caro, não serve. Se não der um resultado de o máximo rendimento possível, também não é conveniente.
Acompanhe então o autor neste caminho para que juntos discutamos essas questões.
O autor agradece a preferência de sua leitura e deseja-lhe um bom proveito deste livro.
PRIMEIRA PARTE .
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE INOVAÇÃO .
CAPÍTULO 1 - INOVAÇÃO
Por que inovar?
Resposta simples e consistente: para obter o máximo lucro.
E por que obtém-se o máximo lucro inovando?
Em primeiro lugar, é preciso responder uma questão fundamental a respeito do seu negócio: exatamente o que ele é?
O negócio da sua empresa não é produzir batatas fritas, nem camisas, nem automóveis, nem transatlânticos, pois todas as empresas têm um só negócio em comum: ganhar dinheiro.
Ganhar dinheiro não é feio e seria uma grande injustiça divina se os ricos que trabalharam muito e tiveram boas idéias não entrassem no reino dos céus. A força da grana, como diria Caetano Veloso, não só destrói, como também ergue coisas belas e graças a essa busca pela felicidade monetária é que existem satélites artificiais, vacinas e obras de arte. Por isso, ganhar dinheiro é justo e belo.
Portanto, se todo o negócio justo e belo de toda a empresa existente no mundo é o faturamento, a primeira coisa que você deve esquecer é o seu produto. Para os presidentes e acionistas da empresa você não produz desinfetante de pia, rolamentos de bicicleta, serviço de consultoria ou pó para pulgas, você produz, isso sim, dinheiro.
Portanto, se alguém chegar na sua empresa que fabrica automóveis com a idéia de um carro voador, você não deve mandá-lo procurar uma fábrica de aviões, alegando que o seu negócio é produzir carros que não voam. O seu negócio não é esse, mas sim produzir o máximo capital possível e, convenhamos, o projeto do carro voador que está sobre a sua mesa, se for colocado em prática, vai dar uma grana alta!
Da mesma maneira, se alguém oferecer o projeto de uma máquina do tempo, que permitisse dar uma olhadinha na cotação das ações do dia seguinte, seria uma imensa insensatez você mandar o sujeito embora dizendo que o seu negócio é fabricar sabão em pó.
Você não pode, tampouco, dizer que o seu negócio é apenas faturar. O negócio de toda empresa é faturar o máximo possível e não apenas ter uma receita ligeiramente superior aos custos.
Sendo assim, a empresa deve procurar inovar para:
1. Ganhar dinheiro.
2. Além de ganhar dinheiro, ganhar o máximo de dinheiro possível.
Para compreender como isso é aplicável na prática, é preciso conhecer os quatro tipos teóricos de mercado e verificar onde sua firma se encaixa mais facilmente.
O da Concorrência Perfeita, no qual um número enorme de empresas produz produtos similares. Este é apenas um modelo teórico, pois existem ramos de atividade que aproximam-se desse tipo, mas não possuem todas as características que os coloquem nesse grupo.
O do Monopólio, em que uma única empresa detém todo o mercado para si, normalmente garantido por leis de patentes ou de concessões públicas.
O de Concorrência Monopolista, que é aquele mercado em que várias empresas produzem produtos similares, mas com pequenas diferenças próprias. Em eletrodomésticos, por exemplo, o consumidor tem várias opções diferentes para o mesmo produto.
O de Oligopólios, no qual poucas grandes empresas dominam o mercado.
A grande maioria das empresas encontra-se no mundo da concorrência com produtos similares, mesmo considerando que o modelo teórico da concorrência perfeita não exista, na prática podemos considerar um mercado muito próximo, um tipo de concorrência imperfeita, no qual os preços dos concorrentes são muito parelhos e existam muitos produtores no mercado. Uma das características deste mercado é que o preço do produto é ditado pelo consumo, pois quando alguma empresa resolve aumentar muito o seu preço, ela simplesmente não vende e é obrigada a fechar. Esta firma é obrigada a vender por um preço muito baixo e a única forma de obter um aumento de lucro é baixando os seus custos de produção ou vendendo uma quantidade maior de produtos, através de campanhas de marketing. Ainda que na prática exista variação de preços para um mesmo produto, a variação não é significativa.
Os monopólios são empresas que detém algum tipo de exclusividade de mercado. Para aumentar o seu lucro, além de melhorar a sua produtividade eles podem simplesmente aumentar os seus preços. Obviamente isso é uma enorme vantagem, pois é a empresa que dita o mercado, e não apenas a demanda que impõe o preço. O empresário pode aqui decidir a quantidade de cada produto a ser produzido para que obtenha o máximo potencial de máquinas e equipamentos.
Os produtos de concorrência monopolista também têm uma certa liberdade com relação aos seus preços, mas podem ser substituídos pelo consumidor, se tentar valorizar muito o seu produto em relação ao do concorrente.
Os produtos de oligopólios não possuem variação de preço, uma vez que a ou as empresa(s) dominante(s) estabelecem os seus preços mínimos e todos obedecem essa regra.
A palavra inovação tem um significado diferente para cada tipo empresa.
A empresa de concorrência “quase perfeita” precisa inovar como estratégia de marketing. Se não lançar melhores embalagens, novos formatos do seu produto, criar brindes, melhores expositores, atingir novos consumidores, etc. não conseguirá vender mais, e conseqüentemente não conseguirá maximizar o seu lucro.
A empresa monopolista precisa inovar para que outro não tome o seu lugar de mercado assim que terminar o período de concessão das suas licenças de exploração do produto ou serviço.
A empresa de concorrência monopolista precisa inovar para manter-se atualizada com relação aos seus concorrentes. Se ela não inovar, fica tecnologicamente atrasada e, assim que os concorrentes incorporarem nos seus próprios produtos as características de diferenciação, a empresa ficará na retaguarda.
As empresas de oligopólio precisam inovar também por uma questão de marketing, pois, à semelhança das empresa de concorrência perfeita, não podem variar seu preços e por isso precisam diferenciar os produtos diante do consumidor para conseguir avançar em relação à concorrência pesada dos seus parceiros-oponentes.
Dessa maneira, considerando que cada um tem os seus motivos para inovar, a conclusão que chegamos é a de que a empresa que não pensa em mudar está necessariamente fadada ao fracasso.
Quais os tipos de inovação interessam para cada empresa?
Como vimos, aquelas que aproximam-se do modelo de concorrência perfeita e de oligopólio precisam de inovações no setor de marketing: embalagens, material publicitário, expositores e displays, criação de brindes, enfim tudo aquilo que for útil para maquilar a real qualidade do produto e fazê-lo parecer melhor aos olhos do consumidor.
As de concorrência monopolista necessitam, além das criações expostas acima, também de inovações no produto em si, a geração de Modelos de Utilidade, compreedendo-se por este termo um tipo de invenção que muda detalhes do produto, mas não parte de idéias realmente revolucionárias.
As empresas monopolistas e as empresas novas, principalmente as com pouco capital, além das inovações necessárias às outras empresas, também necessitam de produtos inventivos, que quebrem paradigmas estabelecidos pelas outras companhias.
Se olharmos pelos aspectos econômicos, perceberemos que há uma diferenciação brutal nos gastos com inovação de cada tipo de empresa.
Os maiores gastos estão no setor de marketing, pois essas inovações representam despesas a serem incorporadas no custo total do produto, diminuindo o lucro. Os oligopólios e as empresas de livre concorrência, conseqüentemente, são por definição pouco inovadoras, pois a inovação que produzem é naquilo que já existe.
Esse é o motivo pelo qual vemos automóveis-conceito nas feiras e não os vemos andando pelas ruas, não vemos novos desenhos de macarrão, nem azeites de cozinha que não queimem após o uso. Para essas empresas, o que interessa é copiar o que os concorrentes fazem e tentar deixar o invólucro do seu produto mais atraente ao consumidor. Por definição, os oligopólios e as empresas de concorrência são empresas de mesmice. A palavra design para esses empresários significa apenas desenho bonito, pois aqui não há criação que mexa profundamente com o produto em si.
Como a maior parte do capital mundial está nessas empresas, podemos dizer que na prática empresarial, as mudanças são quase inexistentes.
A coisa começa a mudar de figura quando entramos no campo das empresas de concorrência monopolista. Nesse particular, não é que as inovações do marketing deixem de ter valor, mas incorpora-se um certo grau de pesquisa para os seus produtos. Aqui ainda não há desenvolvimento de novas invenções, mas já existe uma preocupação com o inovador. Esse tipo de companhia necessita, não só baixar os custos de produção e vender mais, mas a sua principal fonte de lucro vem da diferenciação dos seus produtos frente aos demais. O seu preço depende diretamente da qualidade e das melhorias que são implantadas constantemente e por isso, normalmente deve existir um departamento de pesquisa dentro da empresa.
Alguns monopólios, mais especificamente aqueles estabelecidos sobre proteções de patentes e “copyrights”, são os que tem a maior liberdade de imposição de preço ao consumidor, portanto, a maior parcela de lucro, ao compararmos com os outros tipos de empresa.
Criar inventos é um investimento relativamente baixo, comparando-se com as outras formas de criação, pois uma pequena idéia pode trazer benefícios econômicos espetaculares, enquanto que as criações do marketing e dos modelos de utilidades são criações que necessitam estar sempre se renovando e trazem benefícios pouco vastos. Esse é o motivo por que esse tipo de monopólio é muito comum estar em mãos de empresas de pequeno porte, pois é a forma que elas têm de incorporar-se em um mundo de gigantes sem serem esmagadas por eles.
Ora, devemos perguntar, se qualquer economista conhece esta realidade, porque não existe uma forte tendência em criar-se empresas inovadoras, que tenham boas idéias, pouco capital e muita vontade de crescer rápido? A resposta é que realmente essas empresas existem e a Internet é um bom exemplo de grandes fortunas criadas com relativo pouco esforço humano, capital mínimo, mas idéias brilhantes.
No entanto, as grandes empresas ainda estão pensando nas teorias econômicas do século XIX que diziam que com capital e (exploração de) trabalho se consegue enriquecer. O empresário médio ainda não tomou consciência que inovação é investimento, e não custo.
De fato, as empresas que, por motivos expostos no capítulo seguinte, chamaremos de Sublimes, não necessitam tanta mão de obra e nem tanto capital para obter uma lucratividade fenomenal, porém uma política de criação desse tipo de firma é o que traz a riqueza das nações.
O Japão do pós-guerra é um grande exemplo de como a inovação pode trazer benefício para a população. Pequenas empresas, com grande idéias fizeram florescer uma economia arrasada pela guerra. O mesmo aconteceu com o incentivo da inventividade norte-americana e com a engenharia inovadora da Alemanha.
Como é possível criar rendimentos excelentes com um capital mínimo, deveria-se esperar que grandes empresas constituissem um departamento de inovação tecnológica no sentido de buscar monopolizar seus produtos. Infelizmente isso não tem acontecido muito freqüentemente e essas firmas estão arriscando o seu futuro por isso. O que se vê é que cada vez mais empresas de inovação incorporam esses dinossauros em processo de extinção. Em 1970 não haviam a Microsoft, a AOL, a Netscape, o Altavista, o Yahoo... Se os empresários da antiga não aprenderem a viver com a realidade da inovação, têm o sério risco de serem devorados.
Mais um detalhe, desta vez para os políticos pensarem: as empresas monopolistas podem pagar mais. Elas não precisam tirar o seu lucro pela redução de custos e por isso tirar o sangue dos seus empregados. Além disso, um trabalhador para criar é bem mais caro do que um peão, um pau-mandado, as necessidades desse tipo de firma puxam os salários para cima. Essa estrutura é muito mais humana e não consegue compartilhar com as verdadeiras colônias de formiga que se tornaram as grandes empresas oligopolistas e de concorrência.
Sabendo-se então que nas empresas monopolistas ocorre uma situação de jogo de preços muito favorável em benefício do empresário, toda a grande empresa deveria estabelecer um departamento que cuidasse apenas de inovações, tendo em vista estabelecer monopólios de determinados produtos por um determinado tempo. Afinal, se a pequena empresa consegue prosperar com esta filosofia, por que não colocar uma parte do capital destinado à criação de marketing e de modificações no desenho, para a criação de produtos realmente inovadores?
Para o empresário médio, inovação significa fazer uma viagem à Miami, olhar o que há de diferente que está sendo vendido no Wal Mart e trazer para o seu país de atuação sem pagar royalties.
É claro que isso é uma atitude bem pouco sábia.
Vamos observar com lógica: em primeiro lugar, se isso fosse uma atitude inteligente, ninguém lançaria produtos em países do Primeiro Mundo. A empresa que lançou o produto que o empresário de mentalidade retrógrada catou no Wal Mart teve os seus motivos para investir na inovação. Não parece uma afirmação sensata?
Alguns motivos para as empresas pensarem duas vezes antes de fazerem isso:
- Não poderá exportar para países de primeiro mundo em que a patente do produto está valendo. Isso já representa uma queda brutal na receita de empresas de médio porte para cima (considerando que as pequenas exportem pouco).
- Corre o risco de sofrer um processo judicial, tendo como fórum privilegiado uma corte internacional ou um fórum de cidade longe daquela onde a empresa está instalada, o que custa caríssimo para se defender.
- Corre o risco de perder os investimentos feitos para iniciar a produção.
- Está atrás do que se está fazendo no mercado, e não à frente.
- Não conhece o mercado. O critério para a implantação do produto é mais ou menos o de “achei bonitinho, acho que vai vender!”
E, principalmente,
- Criar não custa necessariamente mais caro. É por pura falta de conhecimento que os nossos empresários buscam o que já existe no mercado, se só nos bancos de patente internacionais existem 24 milhões de idéias, a grande maioria disponível a quem quiser fabricar, pois já caíram em domínio público. Sabendo como fazer, basta abrir a Internet, procurar uma palavra qualquer e certamente mais de 200 idéias a respeito daquele produto irá aparecer na nossa frente. Por exemplo. Se você quiser fabricar escova de dentes, existe uma lista de centenas de invenções (algumas malucas, outras nem tanto) e variações a respeito deste tema. Basta escolher uma boa idéia, desenhar e partir para a produção. Muitas vezes pode-se até copiar sem plagiar.
Inovar é simples, desde que se conheça os meios. Dá bem menos trabalho do que ter que viajar ao Wal Mart americano ou às Galerias Laffayette. Inovar dentro de uma empresa não tem nada a ver com fazer turismo, OK, sir? Se você quiser trazer produtos do exterior, monte uma importadora, não uma indústria, pois está no ramo errado.
Mudança
Existem dois tipos de mudança, as qualitativas e as quantitativas.
As mudanças quantitativas são de grau, as qualitativas, como o próprio nome já diz, de qualidade.
O que é preciso para que ocorram mudanças?
Leis de Newton
Como aprendemos na física da escola, por mais que mude, a natureza é avessa às mudanças. Um corpo em repouso permanecerá em repouso até que uma força atue sobre ele. Um corpo em movimento permanecerá no mesmo movimento até que uma força atue.
As leis da inércia valem também para a sua empresa, ou seja, nada irá mudar se não houver uma força atuando para que ocorra esta mudança.
Basta uma força? Não. As Leis da Newton nos dizem que a toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Para haver movimento é preciso que o somatório de forças seja diferente de zero. O que isso quer dizer? Se alguém empurrar um móvel para um sentido e você empurrar para outro lado, as forças estarão sendo anuladas. Apenas o mais forte vencerá e produzirá movimento. Se duas pessoas empurrarem para o mesmo lado o móvel irá se mover no sentido desejado e com uma aceleração muito maior do que aquela que ocorreria se as forças fossem competitivas.
Então, aplicando as Leis de Newton a sua empresa: é preciso sair da inércia e é preciso somar forças!
Trabalho
O que é trabalho?
Auxiliando-nos ainda da física, trabalho é o produto da força pelo deslocamento.
O que isso quer dizer? Que não adianta fazer força, se não existe um deslocamento. Portanto, aqui o trabalho pode ser definido como toda a força aplicada para vencer a inércia e produzir movimento.
O esforço das iniciativas não nos servem de nada se não ocorrer uma procura real por resultados. Trabalho, além de iniciativa, significa, adotando um neologismo, também a “finalizativa”.
Energia
É o trabalho na unidade de tempo.
Se você erguer um peso para uma determinada altura em uma hora você terá dispendido uma determinada energia, para erguer o mesmo peso, na mesma altura em meia hora, você terá utilizado uma energia muito maior.
O que buscamos, portanto, tanto em uma empresa como na vida? Um somatório de forças, que produzam movimento, com um máximo de energia. Não adianta contestar essa afirmação, pois são leis do cosmos. Se você conseguir montar uma empresa na galáxia mais distante, essas regras continuarão valendo.
A aplicação de energia, conseqüentemente de trabalho e de força gera mudança.
As mudanças quantitativas ocorrem sempre que colocar um pouco mais de energia no sistema. Se eu tiver um cubo de gelo, por exemplo, e colocar mais calor (energia) neste gelo, ele irá se esquentar, digamos um gelo de -18ºC se tornará um gelo a -9ºC. O que mudou? Quase nada, pois continuamos tendo gelo, só que menos frio.
Como provocar mudanças quantitativas na empresa? é simples: trabalhando duro, como todo mundo sabe. Conseguindo produzir uma peça a mais por um centavo a menos, abrindo um novo cliente, transformando no refeitório o arroz de ontem no bolinho de hoje e na sopa de amanhã.
As mudanças qualitativas ocorrerão sempre que a quantidade de energia colocada (ou retirada) do sistema for de tal monta que as mudanças de grau transportem a uma mudança de essência. isto é, quando você der tanto calor ao gelo que ele se transforme em água e depois em vapor.
Falando em termos de energia, quanto você terá que aplicar de energia para transformar gelo em água? Para passar de -3ºC para -1ºC será a mesma quantidade de energia utilizada para passar de -1ºC a +1ºC e para passar de +1ºC para +3ºC? A física nos auxilia novamente a pensar.
No exemplo acima, o leigo poderia perceber que nos três casos ocorreu um aumento de dois graus centígrados, porém o cosmos trava as mudanças qualitativas com o que é chamado de energia latente, isto é, você terá que gastar muito mais energia para provocar uma mudança qualitativa do que a necessária para mudar a temperatura do gelo ou da água. Transformar gelo em água é bem difícil. O mesmo ocorre na vaporização. A energia para aumentar de 1ºC para 3ºC é a mesma utilizada para aumentar de 97ºC para 99ºC, porém para passar de 99ºC para 101ºC, ou seja, vaporizar a água é necessária uma enorme quantidade de energia latente.
O mesmo acontece na sua empresa. Quando a energia aplicada em mudanças quantitativas chega a uma tal monta que pede uma mudança qualitativa, isso torna-se um grande estorvo. Se você está a um bom tempo na empresa deve saber o problema que é mudar de porte pequeno para médio, mudar a marca e a logo, mudar a embalagem do produto, mudar o sabor, a cor, etc.
Todo mundo sabe que em time que está ganhando não se mexe, porém se você não mexer, o time vai ficar velho e você vai começar a perder.
As mudanças qualitativas são de dois tipos, as mudanças “latentes” e as mudanças “sublimes”.
Como foi dito acima, as mudanças latentes são aquelas ocorridas decorrentes da evolução natural da empresa e que se não forem feitas, a empresa entra em decadência.
Por seu turno, as mudanças que chamaremos de sublimes não interferem em nada no andamento histórico e natural da empresa, ou seja, no curto-prazo a empresa vai continuar crescendo (ou decaindo) naturalmente com ou sem mudanças sublimes.
O que é sublimação? É a passagem de um estado a outro sem a passagem de um estado intermediário. Exemplo: por que você não vê uma pocinha de líquido no seu armário quando coloca uma naftalina? Porque ela sublima, passa direto do sólido para o gasoso. Para sublimar, não é necessária a energia latente, ou seja, você gasta energia até chegar no ponto de mudança, mas não gasta energia para a mudança em si.
Portanto, as vantagens da sublimação sobre a mudança latente são o pouco dispêndio de energia, a significância da mudança e a velocidade em que ela ocorre.
Qual a energia necessária para sublimar qualquer coisa? Depende. Se você sublimar naftalina no armário precisará da temperatura ambiente, para sublimar carvão na churrasqueira, 3600ºC! Portanto, não tente sublimar o que o porte da sua empresa não consegue.
Sua empresa conseguirá sobreviver sem mudanças sublimes? Claro que sim, só que continuará fazendo o que as outras fazem, mantendo-se na média do mercado, ou em outras palavras e em bom português: ela continuará sendo medíocre.
E em lento e contínuo processo de extinção.
Who’s who
Quem é quem na sua empresa?
Você sabe quem é que provoca as mudanças quantitativas, não sabe? É o livro-caixa. O departamento de contabilidade, os economistas, enfim, a tesouraria nos diz onde cortar e onde investir. Qual bem produzir, quanto do bem produzir e quando produzir são os temas que interessam às mudanças quantitativas. A linguagem deste departamento é custo, receita, custo médio, receita média, custo marginal, receita marginal, oferta, demanda...
Se você só tiver este departamento na empresa e ele for eficiente, a sua firma já vai sobreviver por um bom tempo e é possível até se tornar líder no mercado. Se você fabricar chaminés de transatlânticos à vapor você vai conseguir sobreviver até descobrirem o avião. Se você produzir manipuladores de telegrafia, você vai conseguir sobreviver até descobrirem as micro-ondas. Se você fabrica válvulas de rádio, você vai durar até o transístor. Se você fabrica transístores, vai durar até descobrirem os chips e assim por diante.
Como você concorda que não quer ser um dinossauro, você instala o departamento de marketing na sua empresa, pois ele é o que é responsável pelas mudanças qualitativas latentes. Os malucos do marketing que insistem em usar tênis e camiseta ao invés de terno e gravata, são os que traçam metas. aqueles que dizem quando mudar, para o desespero do setor de contabilidade que tem que tirar dinheiro não se sabe de onde.
Alguns diretores da sua empresa, no entanto, acreditam nas criações do marketing. Ora, pensam eles, se eles se vestem como artistas performáticos, freqüentam os bares dos artistas performáticos, usam rabo-de-cavalo e têm namoradas intelectuais, porque não haveriam de ser pessoas criativas? (Profissionais de marketing, desculpem a brincadeira e o clichê.)
E são criativos, de fato! E os contadores também são criativos dentro da sua área. E os médicos. E os pedreiros e os índios botocudos. Criatividade é uma atividade humana. Em princípio, qualquer indivíduo pode ou não ser criativo. Acontece que a função do marketing é planejar, e não criar. Se chegar na empresa a mais recente pesquisa de mercado, indicando que a marca já não está cumprindo a sua função, o gerente de marketing simplesmente dirá: “OK, enviem essa informação para a agência de publicidade e mandem criar uma nova marca!”
Não é preciso criar para produzir mudanças latentes. É só preciso verificar as tendências da empresa e não atrapalhar o andamento normal. Marketing não cria, mas planeja. aliás, essa é a diferença do profissional de marketing e, usando o termo pejorativo, do marqueteiro. O nível de criatividade que um profissional de marketing precisa ter é sempre maior, pois os seus pés estão apoiados nos ombros do pessoal que cuida do dinheiro e por isso ele tem a obrigação de ver mais longe, mas isso não quer dizer que a diretoria possa esperar inovação de caráter sublime proveniente deste setor. Toda a mudança vinda do marketing é uma mudança de qualidade latente, assim como toda a mudança vinda da tesouraria é uma mudança quantitativa.
Alguém já disse que a empresa do futuro terá apenas esses dois departamentos: tesouraria e marketing, pois o resto todo (RH, produção, cantina, etc.) dá prá terceirizar.
Não é verdade. Quem haveria de fazer as mudanças sublimes que são as que construirão o futuro?
Por que ninguém cria nada na sua empresa?
Por três motivos.
Motivo 1: Falta de capacidade intelectual.
Solução Simplista: mandar o gerente de RH catar coquinhos! Se ele não consegue nem ao menos contratar gente inteligente, o que ele está fazendo na empresa?
Solução Simples: pagar mais para os empregados. Quanto maior a mais-valia, menor será o nível de inovação de sua empresa.
Motivo 2: Ninguém ganha nada com isso. Se o seu funcionário inventar a máquina do tempo ou o automóvel voador você irá promovê-lo? Ele irá ter participação na idéia que teve?
Solução Simples: fazer ele ganhar toda vez que pensar.
Motivo 3: criar significa provocar despeito dos superiores, que temem perder os seus postos e inveja dos subalternos que começam a achar que o criador é petulante. Ovelha que berra muito, vira costela assada, é fato.
Solução Simples: nenhuma. Enquanto a hierarquia da sua empresa continuar rígida e os que estão embaixo não tiverem voz ativa, a sua empresa continuará sem conseguir mudanças sublimes, portanto continuará na média, continuará medíocre.
É esse o motivo por que é preciso haver um departamento próprio para gerar inovações.
Quem cria na empresa, afinal?
O sobrinho do dono. Afinal, o menino é craque em computador e faz umas home-pages bem legais.
A filha do amigo do dono. Ela faz faculdade de belas-artes e fez umas esculturas lindas para colocar na recepção.
A mulher do dono. Coordenou toda a reformulação do jardim da empresa.
E por fim,
O dono. Alguém discorda que o dono tem idéias geniais?
O cartão de visitas do proprietário das empresas mais comuns deveria ser mais ou menos assim: Fulano de tal, departamento de criação, cargo: DONO.
Isso está incorreto? Então vamos ver na história as empresas mais famosas pelas inovações:
Ford Company.
Inovação: linha de montagem e sistema de marcha à ré.
Invoador: Henry Ford
Cargo: DONO!
General Eletric
Inovação: lâmpada elétrica, sistemas de geração e transmissão de eletricidade
Inovador: Thomas A. Edson
Cargo: DONO!
RCA
Inovação: fonógrafo
Inovador: Thomas A. Edson
Cargo: DONO!
Microsoft
Inovação: DOS
Inovador: Bill Gates
Cargo: DONO!
Bell Company/ At&T
Inovação: telefone
Inovador Graham Bell
Cargo: DONO!
Infelizmente, e para a danação da humanidade, nem todo empresário tem a genialidade de um Edson, de um Graham Bell ou de um Henry Ford.
Infelizmente, e para a danação da humanidade, a grande maioria das empresas arrastam-se pela história, sendo que apenas poucas dão passos, raras exceções dão pulos e uma minoria dá vôos. A empresa que inova é aquela que tem capacidade de produzir mudanças de sublimação.
Por fim, compreendemos por Empresa Sublime aquela que consegue deixar de ser uma empresa medíocre e desenvolver métodos, produtos, conceitos e estruturas totalmente diferentes das pré-existentes e que não partiram de uma progressão natural, mas sim de um salto histórico que projetou a empresa para além do seu tempo da sua evolução natural previsíveis pelo marketing e pela tesouraria.
Renovação
Karl Marx nos falava em um bipedismo existente entre o capital e o trabalho, sendo que esses seriam os pés de barro que movem o grande Gólen do capitalismo.
Acontece que o capitalismo é um tripé. Se Marx estivesse certo, o capitalismo já teria acabado, mas acontece que o século XX foi o século das inovações e cada nova idéia abre um novo mercado e um aumento de capital. Portanto, enquanto continuarem existindo consumidores e recursos materiais no planeta, o capitalismo continuará inchando. O tripé é formado por capital, trabalho e inovação.
É por isso também que as teorias de Henry Ford não funcionam. Ele preconizava que aumentando os salários dos seus trabalhadores, aumentaria o consumo dos seus carros. Acontece que, falando no planeta terra como um todo, hoje os trabalhadores estão cada vez mais miseráveis, o desemprego aumenta com a mecanização e a globalização e, no entanto, o crescimento de capital e o nível de consumo continua subindo. Acontece que a população cresce e o trabalho, leia-se produtividade, fica mais eficiente. E o mais importante: as inovações continuam chegando. O tripé capital, trabalho e inovação continua firme no seu lugar.
Se isso vale para a economia mundial, vale também para a sua empresa. Você precisa de capital, planejamento e inovação para conseguir crescer. Quanto mais de cada item, melhores serão os resultados.
E como acontece a renovação da empresa? Através de feiras, catálogos, congressos e revistas. Quando existe capital, basta adquirir o que há de novo no mercado em matéria de máquinas, equipamentos, embalagens, matérias-primas, etc..
Acontece que isso não é inovação, mas simples atualização tecnológica.
Por curto-prazo define-se o período em que a empresa não consegue modificar a sua produção. O longo-prazo é quando consegue-se mobilizar ou desmobilizar bens de produção para uma mudança “latente”.
Acontece que a inovação é atemporal. Ela não está na seqüência cronológica dos fatos e por isso não pode ser pensada em termos de longo ou curto-prazo. Um “insight”, o oferecimento de um novo negócio para a empresa, a conquista de um cliente inesperado ou uma nova patente de um produto muitas vezes não são planejados e surgem quase que como acaso.
Essa forma espontânea de coleta de prosperidade normalmente ocorre sem qualquer planejamento e parece cair dos céus como um maná sagrado, mas na verdade não é assim que ocorre.
Thomas Jefferson dizia “o que acho mais engraçado da sorte é o fato de que quanto mais trabalho, mais sorte tenho.” O acaso dentro de empresas pode ser esperado sempre que houver um empenho para que ele ocorra.
Apesar da inovação não poder ser prevista, ela pode ser metodizada e esperada dentro das leis da estatística. Uma idéia pode surgir por acaso em uma empresa, mas ela também pode ser provocada. Não sabemos quem são as pessoas que vão morrer de câncer em uma determinada população, mas sabemos que uma determinada porcentagem vai. Se não jogarmos na loteria, sempre existe a possibilidade de uma tia caridosa colocar um bilhete premiado no nosso bolso, mas se comprarmos todas as semanas um bilhete, as chances de ganhar aumentarão. Uma empresa que aposta em inovação tem bem mais chances de conseguir sucesso do que aquela que não aposta. É preciso apostar no departamento de criação da empresa como o único setor especializado que pode trazer mudanças significativas com um capital razoavelmente pequeno.
A Empresa Sublime - Capítulo 2, Como Inovar
CAPÍTULO 2 - COMO INOVAR
Design
Em algumas línguas, como por exemplo o português, não existe uma palavra para definir “design”, como sinônimo de projeto, inovação. A palavra mais próxima é “desenho”, que significa as linhas de um determinado produto ou imagem. Design, no entanto tem a ver com desígnio, ou seja uma forma prática de antever o futuro.
Dessa forma, ao falarmos em inovação em um determinado setor, estaremos falando necessariamente em design.
O design trata das coisas do visível, ao contrário das inovações nos setores químico, farmacêutico, na indústria alimentícia, ou na prestação de serviços, por exemplo, que tratam de assuntos que não são relacionados com o visual.
Ainda que possamos falar em um certo “desígnio” ao tratar dos produtos dos outros ramos da indústria, todos se beneficiam do design na forma de embalagens, expositores, maquinário, prospectos ou anúncios.
Um aspecto do design é que ele é eminentemente industrial. O leitor certamente irá abrir uma revista de decoração e encontrar um móvel de “design” feito por um arquiteto notório para uma determinada residência, mas isso não é design, pois não é uma peça pensada para ser produzida em série e por isso ali não existe a preocupação com custos, métodos de produção ou maquinário.
Design, portanto, não é um simples projeto, mas é um projeto de algo para ser produzido em grande quantidade ou para ser acessado por um grande número de pessoas.
Como já vimos, a grande maioria do mercado produtor de bens e serviços é composto por empresas de concorrência imperfeita ou oligopólios e para essas firmas, inovação é sinônimo de marketing.
É por este motivo que design tornou-se quase que um sinônimo de decoração de objetos. Não interessa muito para as grandes empresas sair do que já estão fazendo.
No entanto, podemos traçar um paralelo com a construção civil. O design está para a engenharia mecânica assim como a arquitetura está para a engenharia civil. Assim como a função do arquiteto não é simplesmente a de fazer um prédio que não caia e nem de fazer a decoração da construção, o designer tampouco tem por qualidade a simples elaboração de produtos e nem a decoração deste produto.
A função do designer não é apenas a de dizer o como fazer, mas, principalmente, a de dizer o quê fazer, de orientar o cliente não só da melhor maneira de industrializar o seu produto, mas também de como modificá-lo e como lançar mais produtos com objetivo de um máximo lucro.
Propriedade Intelectual
Perguntas e Respostas
O que é propriedade intelectual?
É um meio de proteger idéias, de forma que o autor, inventor ou pesquisador possa usufurir economicamente das suas criações de maneira exclusiva. Esse direito faz com que outra pessoa não possa industrializar, vender, editar, publicar, modificar ou explorar de qualquer maneira a idéia sem a prévia e formal autorização do proprietário.
Quais são os tipos de propriedade intelectual que existem?
1. Copyright, direito de cópia, ou ainda direito autoral. Refere-se a trabalhos artísticos ou literários. O copyright protege a criação em si, não se referindo ao meio físico em que ela é exposta. Por exemplo: se o autor quiser publicar um livro diferente, com um chip com gravações de sons, o copyright protege o texto do livro e as músicas, mas não o livro eletrônico em si. O meio físico é protegido por patentes.
2. Patentes e registros de propriedade industrial. Protegem invenções, melhoramentos em produtos já existentes e desenhos industriais. Por desenho industrial compreende-se o caráter estético de um produto, seja ele tridimensional (um desenho novo para telefone, por exemplo) ou bidimensional (uma estamparia em tecido ou em azulejo).
3. Marcas: símbolos, logotipos e logomarcas. Símbolo é um desenho ou imagem que represente uma empresa ou produto. Logotipo é uma combinação de tipos de letras próprias da empresa ou produto e que possui uma informação inteligível, normalmente o nome ou a sigla da entidade que representa (O logotipo da Coca-cola são as letras com caracteres próprios e o seu símbolo é a onda sob o nome). Ambos, ou a combinação de ambos - o que denomina-se Logomarca - podem ser protegidos. A proteção destes símbolos ou caracteres dá-se pelo dépósito de marca junto ao INPI.
4. Direito de Lavra. É um direito de exploração concedido a pessoas físicas ou jurídicas que suspeitem que em determinado subsolo exista alguma riqueza mineral.
Quem concede a propriedade intelectual?
O copyright é um direito do autor após a publicação comprovada do seu trabalho em qualquer meio. Caso não exista publicação, pode-se requerer um documento comprobatório em diversos órgãos públicos.
O direito de lavra é concedido pelos departamentos de pesquisa mineral dos diversos países e as patentes e marcas são concedidas pelo órgão nacional de marcas e patentes.
Eu quero solicitar patente e manter segredos industriais. Como fazer isso?
A concessão de patente se dá justamente para que se possa divulgar novas tecnologias. Como prêmio pela iniciativa do inventor em ampliar o conhecimento humano, o país concede um monopólio de exploração da idéia por um determinado período de tempo.
Nos Estados Unidos é possível depositar patentes que serão mantidas em sigilo, mas nem todos os países seguem essa forma de depósito de idéias.
Todos sabem que a justiça funciona pouco. De que adianta eu proteger a minha idéia se alguém fatalmente a irá roubar impunemente?
Neste caso particular, a justiça funciona, sim, pois é um assunto que diz respeito direto a grandes corporações multinacionais. Processos milionários têm sido movidos contra empresas que invadem ou desconhecem esses direitos.
O responsável pela falta pode responder processo civil e criminal e, se condenado, a pena é de um determinado período de prisão.
Que tipos de patente existem?
PI - Patente de Invenção, que corresponde a uma inovação na área de tecnologia;
MU - Patente de Modelo de Utilidade, que significa uma modificação ou melhoria em algo já existente. Este tipo de patente só existe em determinados países.
DI - Registro de Desenho Industrial, que não é exatamente uma patente, mas um registro que protege a aparência do produto.
Quanto tempo vale a propriedade industrial?
O copyright vale até a morte do detentor do direito e mais 50 anos para os seus herdeiros. Em alguns países usa-se o período de 70 anos. É por isso que clássicos da literatura são mais baratos do que livros de autores contemporâneos, as editoras não precisam pagar dirteitos autorais.
A Patente de Invenção vale normalmente por vinte anos à partir da data e hora de depósito. Este período varia de país para país.
O Modelo de Utilidade, em muitos países, vale por 15 anos à partir do depósito.
Existem países em que a validade do registro de Desenho Industrial é por 10 anos e poderá ser extendido por três períodos de cinco anos, ou seja, o pedido de DI poderá ser de propriedade da empresa ou pessoa física pelo período de 25 anos.
Quando o proprietário passa a ter direito sobre uma marca, registro ou patente?
À partir da data e hora do depósito, desde que o privilégio venha a ser concedido. Como existe uma longa espera nos processos de marcas e patentes, a industrialização e comércio da idéia já podem ser efetuados logo após o depósito, mas sempre existe algum risco de haver entraves no processo que venham a impedir a concessão.
É por esse motivo que uma patente já concedida tem um valor consideravelmente maior do que uma ainda em andamento.
Como funciona o andamento do processo?
O copyright não possui processo, portanto é um direito imediato, existe apenas um registro.
As patentes demoram três anos, no mínimo, para serem concedidas. É normal um processo demorar de seis a oito anos.
Os processos de Desenho Industrial e de marca, são bem mais rápidos, demoram aproximadamente um ano para serem deferidos.
Após o depósito de marcas e patentes existe pagamentos de taxas de depósito, de emissão da carta-patente e de anuidade.
Uma patente vale para o mundo todo?
Não. Apenas para os países em que ela foi solicitada e que possuam acordos de reconhecimento mútuo de patentes (a maioria dos países que possuam mercados de interesse).
Após o depósito no país de origem, o depositante ou seu representante tem até um ano para solicitar patente em outros países. Isso pode se dar por dois processos:
1. Depósito direto em outros países, através de advogados de patentes nesses locais, ou
2. Via PCT, um acordo internacional que dispõe sobre a possibilidade de fazer uma espécie de reserva de patente para vários países ao mesmo tempo. Faz-se um requerimento junto ao escritório de patentes, informando em quais países deseja-se solicitar patente. A partir da data do depósito inicial, o depositante tem até três anos para entrar com o pedido de patente nesses países.
Obviamente, essa segunda opção tem um custo mais elevado, mas é útil quando falta pouco tempo para vencer o prazo de um ano e deseja-se solicitar patentes internacionais.
Como pode-se saber se a idéia ainda não existe?
Certeza absoluta, apenas após a concessão da patente, mas é possível ter um bom parâmetro, consultando-se o órgão de patentes.
Uma busca rápida pode ser feita nos sites de Internet destes institutos, mas essa não é uma busca completa.
Uma busca mais detalhada poderá ser feita diretamente pelo interessado, dirigindo-se à biblioteca dos diversos institutos de patentes ao redor do mundo. O escritório austríaco tem uma biblioteca com mais de 24 milhões de idéias.
Alguém faz uma pequena modificação no meu produto e lança no mercado. Como é que fica?
No caso do PI e MU, as cartas-patente protegem a função e não a forma, portanto ninguém poderá criar um produto com aquelas características.
No caso do Desenho Industrial, uma pequena modificação em um produto de bom design é algo complicado de se fazer e que desvirtua completamente o desenho da peça. Para se fazer uma modificação razoável em um produto de qualidade, é preciso um designer muito competente e, se ele for competente, é mais fácil contratá-lo para criar um novo design.
Porém, vejamos o assunto por outro lado. Se o empresário não registrar o seu produto, o concorrente poderá copiar sem modificações, ou seja, aquilo que foi investido na criação poderá ser perdido e entregue de presente à concorrência.
Fui copiado. Como devo proceder?
A primeira coisa é notificar a pessoa que está efetuando o plágio de maneira formal: judicialmente, por cartório ou até mesmo telegrama com Aviso de Recebimento e cópia.
Se a empresa insistir no erro, pode-se prosseguir com os procedimentos legais. Como o responsável incorre em dolo, o andamento do processo será facilitado.
Eu apresentei a minha idéia em uma feira e já estou vendendo o produto. Quando devo depositar a patente?
As legislações de alguns países prevêem que o pedido de patente pode ser depositado até um ano após a primeira data comprovada de divulgação (através de catálogos, jornais, TV, etc.). Para registros de Desenho Industrial, o período cai para seis meses. Aconselha-se, no entanto, a não correr riscos e depositar a patente antes que ela seja publicada, pois é um entrave a menos caso venha a existir alguma questão legal.
Caso não tenha havido uma divulgação prévia e ocorra a primeira venda do produto, a idéia cairá imediatamente em domínio público. Essa informação é contestada, pois alguns técnicos de patente consideram a venda um tipo de divulgação. É bom não arriscar e efetuar o depósito antes da venda.
E quanto à marca da minha empresa?
O raciocínio é mais ou menos o mesmo do registro de patente. Imagine se você tem uma marca, usando-a por 10 anos sem depósito e outra empresa registra o seu nome e marca? Você gostaria de arriscar ter que mudar o nome da sua empresa após já ter ganho notoriedade? Então registre a sua marca imediatamente após ter sido criada.
O mais importante: quanto custa?
Muito menos do que você pagou para criar e levar o seu produto até a fase de produção. Realmente não vale a pena arriscar ser copiado pelos concorrentes.
As taxas a serem pagas se referem ao depósito, pedido de exame do pedido e uma taxa de manutenção do pedido a cada cinco anos, no caso do DI e anual, no caso de PI e MU.
Piratas, Bucaneiros e Corsários
Você sabe qual é a diferença?
Piratas eram bandidos que saqueavam os navios mercantes para proveito próprio.
Bucaneiros eram piratas que de vez em quando agiam a mando de alguma coroa.
Corsários eram oficiais militares que tinham a incumbência de saquear os navios inimigos para prejudicar os oponentes e enriquecer a sua pátria.
Realmente não há desculpa para a pirataria e é o que há de mais vil e degradante para a riqueza dos povos.
No entanto, as leis de patente legalizam o corso intelectual. Para as nações é interessante que as suas empresas afundem o maior número possível de navios inimigos e apoderem-se do butim, pois isso traz prosperidade para as populações que dependam dessas propriedades.
Os países do extremo oriente são especialistas na arte do corso, pois utilizam-se das suas próprias leis de patente para conseguir vantagens tecnológicas para os seus produtos e empresas. Essa é uma forma, não só legal, como também legítima de apoderar-se do progresso.
Para que um produto seja protegido por leis de patentes é necessário que seja depositado em cada país em que se deseja o privilégio. Ora, um pedido de patente é caro e as empresas normalmente não depositam essa propriedade em locais que não sejam o seu mercado de atuação. Além disso, a concessão de patente existe apenas por um determinado tempo.
Com isso, abre-se flanco ao corso intelectual. É perfeitamente aceitável que um país como a Coréia ou Singapura fabriquem as idéias de outros países e vendam em locais nos quais as empresas inovadoras não depositaram as suas patentes. Afinal, por que desprezar um mercado que o próprio criador desprezou? No final do período de validade dessas patentes, as empresas já estão estruturadas para competir com a firma inventora do produto. O que seria dos tigres asiáticos se não tivessem apreendido essa mentalidade?
Existe uma outra forma de corso.
Conta-se que na década de 50 o presidente americano chamou os seus assessores indignado: “Como é que os russos lançaram o primeiro satélite artificial, esse tal de Sputinik, antes de nós?” “Muito simples, senhor presidente”, respondeu o assessor, “os alemães deles eram mais eficientes do que os nossos...”, referindo-se ao grande número de cientistas que migraram para esses países após a guerra. As grandes nações sempre apoderaram-se de cérebros e isso é um corso bastante lógico. Pequenas nações deveriam adotar essa prática como forma de progresso.
Em resumo, ainda que a pirataria e os bucaneiros sejam práticas e profissionais que devam ser totalmente repudiadas pelas políticas nacionais, o corso intelectual deve ser incentivado por ser forma legal e legítima de prosperidade. e os países que não o praticam ficam simplemente desatualizados nas questões tecnológicas e têm as suas populações empobrecidas.
Criação, Informação e Futurologia
Como vimos, a criação dentro de uma empresa medíocre só depende da disponibilidade de capital e do planejamento de marketing.
A criação dentro de uma Empresa Sublime depende de vários outros fatores. Para inovar, é preciso buscar o que o mercado vai necessitar, antes que os consumidores desejem ou que os concorrentes acordem. É preciso saber não só o que já existe, como também o que ainda não foi inventado.
Como não é possível saber o que ainda não foi inventado, é preciso inventar o futuro.
E como inventar? Para inventar não basta ligar uma chavezinha no cérebro e nem colocar a língua prá fora para ficar parecido com o Einstein. É preciso, não só um preparo de anos, como também toda uma estrutura desenvolvida para proporcionar o ato criativo.
Vamos partir das necessidades para compreender a complexidade do ato de criar e como ele ocorre dentro de uma estrutura empresarial.
A empresa que quiser se tornar sublime terá que ficar convencida a implantar o Departamento de Inovação. Isso significa custo e uma dor-de-cabeça danada para proceder na implantação, mas é o único caminho para sair da mediocridade.
E por que é preciso um setor à parte? O marketing ou a diretoria não poderiam cuidar da inovação? Não. Como já conversamos, o marketing cuida de planejar, e não de inovar. A diretoria não pode estar envolvida com esses assuntos simplesmente porque a criação tem que estar ligada a um setor de nível médio, onde qualquer empregado ou qualquer pessoa de fora da empresa com uma boa idéia possa ter acesso. Apanhar o responsável pela captação de idéias em uma reunião ou em uma viagem pode ser fatal para um projeto em potencial, pois o inventor pode nunca mais retornar. É preciso que existam profissionais que sejam inteiramente ouvidos o tempo todo. Ter grandes e atentas orelhas deve ser o principal perfil deste profissional. Por essência o departamento de inovação importa idéias, enquanto que o marketing, exporta.
A seguir, vamos enumerar os assuntos inerentes ao Departamento de Inovação para que fique mais claro a dimensão do que estamos tratando.
É da competência do Departamento de Inovação tratar:
Invenções, designs, modelos de utilidade, copyrights, direito de lavra, marcas, logos e tudo que for referente à propriedade intelectual da empresa.
A diferença de cada um desses ítens será tratado em um capítulo à parte.
Desenvolvimento de novos produtos dentro das necessidades do mercado de atuação da empresa e crítica de todas as idéias surgidas.
Um alto funcionário do Departamento de Patentes norte-americano declarou que deveriam fechar o seu departamento, pois tudo o que deveria ser inventado, já o tinha sido. Ele falou isso no final do século XIX!
Um diretor da IBM declarou na década de 50 que no mundo não haveria mercado para mais do que cinco computadores. A Kodak recusou a idéia da fotocópia (quem é que iria se interessar por uma fotografia pouco nítida em um pedaço de papel ordinário?) e por isso é que surgiu a Xerox. Quando Graham Bell tentou vender a patente do telefone ninguém se interessou, afinal “quem é que iria querer conversar com uma pessoa com quem não visse a cara?” O inventor do velcro morreu sem ver o seu produto industrializado. No início do século se discutia se a luz elétrica não seria mais um modismo. Quando começaram as primeiras locomotivas, foi proposto que fossem construídas paliçadas ao longo da via para que as pessoas que assistiam ao trem passar não ficassem epiléticas (!) com tal velocidade.
Por fim, essas você deve lembrar:
- “a calculadora eletrônica deixará as pessoas burras.”
- “a comida feita no forno de micro-ondas dá câncer.”
- “o CD tem menos resposta de freqüência do que o LP.”
Como dizia o filósofo romano Cícero, “não há absurdo que não tenha ainda sido proposto por algum filósofo”.
Você pode estar certo da seguinte afirmação: toda vez que surgir uma grande idéia, irá surgir um idiota para falar besteiras sobre ela.
O Departamento de Inovação, além de criar os novos produtos que a empresa precisa, também tem que bancar o advogado do diabo e criticar estes produtos antes que o mercado o faça, pois, afinal de contas, e se o idiota de plantão tiver razão desta vez?
O desenvolvimento do produto precisa de um método, não só para o projeto, como antes de mais nada para decidir o que projetar. O anexo no final do livro nos dá um checklist de como efetivar esse plano.
Estudos de aproveitamento de resíduos industriais.
O que fazer com o que sobra? Além de não ser politicamente correto dispensar o resíduo industrial, sempre pode haver algo lucrativo a fazer com ele. É só fritar um pouquinho os miolos que se descobre o que fazer com quase qualquer resíduo.
O mais difícil de resolver são os resíduos químicos e radioativos, que muitas vezes não têm solução viável, para o resto, é só boa vontade.
Algumas coisas a fazer com o resíduo da sua empresa:
- Novos produtos cotidianos. Pratos, jogos de mesa, porta copos, etc.
- Aglomerar o resíduo para a confecção de tijolos.
- Vender.
- Aproveitamento em ração animal.
- Tratamento.
- Retorno ao processo industrial.
- Fertilizante.
- Aterro.
- Combustível.
- Preenchimento de objetos ocos.
- Embalagens.
- Aglomerados para contenção de marés e molhes marítimos.
- Flutuadores.
O aproveitamento de resíduos, além de resolver problemas como o de espaço, imagem social da empresa, meio ambiente, custos de transporte, etc., pode ainda, se for bem conduzido, trazer uma inesperada fonte extra de receita.
Pesquisa de inovações tecnológicas.
Conhecer máquinas, equipamentos, produtos químicos, enfim, tudo o que diz respeito à produção da empresa.
E como seria o método ideal para executar esta pesquisa?
Presença em feiras, congressos, reuniões.
Muito importante. Normalmente já praticado pelas empresas.
Catálogos de empresas produtoras de máquinas e equipamentos
Também já praticado normalmente.
Revistas
Assinatura de revistas de design, revistas empresariais, revistas de curiosidades científicas, de ciência, de promoção de nações e de gabinetes de integração comercial, pelo menos uma revista semanal, várias do setor específico da empresa.
TV e vídeo
Assinatura de TV à cabo e deixar a TV sempre ligada, em volume baixo em um canal como o Discovery Channel nas salas das pessoas responsáveis pela criação. Autorizar que o trabalho pare toda vez que aparecer algo que possa vir a ser de interesse para a criação. Ter um vídeo à postos para gravar e reproduzir temas interessantes.
Internet
Boa e rápida, de preferência à cabo e com as últimas inovações em termos de velocidade da conexão e da máquina.
Assinatura de informativos do órgão nacional de patentes
Um boletim informando todas os pedidos de patente na área solicitada pode ser enviado pelos departamentos de patentes, mediante pagamento de uma taxa, para a empresa.
Presença em universidades e centros de pesquisa
É impressionante o número de boas idéias que saem, ou melhor, não saem dos laboratórios universitários. Considerando que muitos dos institutos de pesquisa não servem para produzir resultados, mas para produzir “papers”. Os laboratórios públicos são ao mesmo tempo uma fornalha de criatividade e de produção de teses, mas, salvo raríssimas excessões, não têm quase nenhum contato com as empresas e com a comunidade. Um e-mail por mês para inteirar-se das inovações de cada universidade e centro de pesquisa brasileiro só custa esforço e boa vontade e pode trazer resultados inesperados para dentro da empresa.
Aquisição de novidades
Compra de produtos concorrentes e lançados em outros países.
Divulgação pela imprensa do desejo da empresa em adquirir novidades
Um número enorme de inventores, alguns malucos, outros nem tanto, irão aparecer para oferecer suas idéias.
Este último tópico tem um detalhe. As regras de compras de novidades têm que ser claras e limpas para ambos os lados. É preciso desenvolver um contrato de transferência de idéias, levando em conta o seguinte:
- uma idéia não é propriedade de ninguém, mas apenas a expressão da idéia (patentes, marcas, direitos de lavra e direitos autorais). Se a empresa não der garantias de que não vai roubar a idéia, ninguém irá aparecer para oferecer. O autor deste livro realmente acredita que a sua empresa é ética e honesta, mas será que o Leonardo da Vinci de plantão irá ter essa certeza? Preste a atenção no que está aqui sendo falado: existem idéias que não são passíveis de patente ou de registro, mas são geniais. Essas idéias também precisam ser captadas.
- idéias patenteadas produzem negócios mais simples, porém o prazo de utilização pode ser extremamente curto e não ser interessante para o investimento. Idéias recém depositadas podem vir a ser uma opção bem melhor.
- “copyrights” têm um prazo de validade absurdamente alto. Comprar idéias que possam ser utilizadas em campanhas de marketing podem vir a ser extremamente lucrativas, não se atenha apenas às patentes.
- se a pessoa que quiser oferecer uma idéia a tiver visto em outro país ou num filme e ache que pode ser interessante para a sua empresa, como recompensá-lo pela iniciativa de ir oferecer, uma vez que ele não tem qualquer direito sobre a idéia?
- se o contrato for fechado em cima de porcentagens sobre as vendas, como o inventor irá ter certeza que a sua empresa não trabalha com caixa 2, de forma pirata ou faz malabarismos na contabilidade para enganá-lo sobre os seus rendimentos?
Em resumo. Para analisar se uma idéia será lucrativa, a empresa antes tem que captar esta idéia Para captar idéias, a empresa precisa pensar no lucro do inventor e não no seu próprio lucro, pois se não tiver isso bem claro, ninguém irá oferecer as suas criações.
Organização e coordenação do grupo de trabalho criativo.
Um grupo feito para criar não vai produzir mais se for tratado sob chibatadas. Pelo contrário, essas pessoas criam andando de bicicleta, embaixo do chuveiro, no meio do período de férias e conversando sobre futebol nos corredores...
Certa vez, um vizinho passou pela casa de um escritor que estava cortando grama e puxou conversa: “Trabalhando um pouquinho, hein?”. O escritor respondeu: “Não, eu estou descansando.” Algum tempo depois ele passou de novo e o escritor estava deitado na rede. O vizinho falou: “Descansando um pouco?” e o escritor: “Não. Agora eu estou trabalhando.”
É mais ou menos isso. Tempo de trabalho nem sempre é tempo criativo. Tempo de descanso, nem sempre é tempo ocioso. A Empresa Sublime precisa entender esta questão.
A Lei da Gravitação Universal foi pensada quando Newton viu cair uma maçã. Os filósofos gregos tinham as suas idéias nus, caminhando em círculos e discutindo com os colegas. Arquimedes descobriu as leis do empuxo tomando banho em uma banheira. Sade escreveu suas obras na prisão. Mozart compunha jogando bilhar. Einstein aprendeu a caminhar aos três anos de idade. Churchill era o pior aluno da sua classe. Van Gogh, Camille Claudel e Lawrence da Arábia tinham problemas mentais. A estrutura do anel de benzeno, base da química orgânica, foi descoberta enquanto o químico dormia e sonhava.
A inovação acontece muitas vezes por puro acaso, é fato. O mata-borrão, os raios-X e o LSD foram descobertos por simples coincidência. Colombo veio três vezes à América e morreu sem saber que havia descoberto um novo continente.
Acontece que se pensarmos assim, vamos passar a entortar as pernas dos meninos que jogam futebol, pois Garrincha, um dos maiores jogadores de futebol brasileiro de todos os tempos tinha pernas tortas e vamos desejar que os músicos fiquem surdos, pois para Beethoven deu certo...
É claro que é preciso ser um pouco condescendente com grupos que tratam do processo criativo, mas também precisamos lembrar que a lâmpada elétrica foi descoberta depois que Edson testou 14.000 filamentos diferentes e a catedral de Notre Dame demorou alguns séculos para ficar pronta. Para o 1% de inspiração é necessário haver também os 99% de transpiração.
Se houverem apenas gênios de “insights” no grupo, este não funcionará. e se não houver ninguém no grupo com essa característica também irá fica faltando alguma coisa. O ideal é que exista um certo equilíbrio entre criadores “insighteres” (os que têm muitas idéias, algumas brilhantes) e criadores “carneiros” (aqueles que batem a cabeça até quebrar e chegam a resultados pela persistência). É preciso ter muito cuidado, pois a nossa ética protestante do trabalho nos faz valorizar o “carneiro” e desprezar o “insighter”, mas eles são igualmente importantes em um grupo.
Ao existir este equilíbrio entre “insighteres” e “carneiros”, precisamos considerar que, assim como é preciso existir muito mais soldados do que generais, o número de “carneiros” precisa ser bem maior e, ao mesmo tempo, encaminhar os “insighteres” para cargos de liderança, pois normalmente possuem uma visão global mais apurada do que as demais pessoas e por isso têm maior possibilidade de produzir mudanças sublimes dentro de uma empresa.
Um terceiro grupo necessário ao processo criativo é o grupo de execução das idéias. Não é coerente colocar pessoas que serão responsáveis pela área de criação para preencher relatórios, executar plantas e detalhamentos técnicos, renderizações de desenhos, acompanhar pedidos de patentes, cuidar da correspondência ordinária e outras tarefas nas quais se pode contratar pessoal com remuneração inferior.
Uma vez estabelecido um grupo o mais próximo do ideal possível (com “insighteres”, “carneiros” e pessoal de apoio) é necessário encaminhar este grupo para que seja detonado o processo criativo. Para isso é preciso desenvolver métodos de trabalho. Esses métodos serão tratados no capítulo correspondente.
Organização de banco de dados ou biblioteca de informação tecnológica dirigida para o campo de atuação da empresa
Compilação dos dados obtidos de forma que possam ser consultados no futuro.
Identificação e listagem de prestadores de serviços e pessoal de apoio
Quem conserta rápido e bem o computador? Quem é o melhor e mais barato fabricante de matrizes? Quem fabrica embalagens?
Além dos que já estão trabalhando para a empresa, será que não se consegue o mesmo serviço mais barato? Talvez em outro estado ou cidade? Talvez consiga se terceirizar determinada atividade na China a um custo mais baixo do que ali na esquina.
Este é um trabalho que precisa ser constante, uma vez que o mercado está em eterna mudança e sempre pode-se conseguir um preço um pouco menor por serviços.
Dependendo do porte da empresa, não é uma má idéia contratar um empregado apenas com a função de baixar custos. Alguém que tenha sido comprador de rede de supermercados normalmente tem um bom perfil para esta função.
Estudo de novas áreas de atuação, derivadas do campo atual de trabalho da empresa, ou não.
Repetimos: o objetivo da sua empresa não é produzir calçados, automóveis ou componentes eletrônicos. O objetivo de toda empresa é gerar o máximo lucro. Se surgir uma idéia cuja previsão é a de gerar um lucro excepcional, não interessa se é ou não na área de atuação da empresa. Se inventarem a máquina do tempo na sua empresa, você irá mandar o inventor às favas só porque gostaria que ele tivesse inventado um desentortador de bananas? É claro que não. É preciso estar aberto à novos campos de investimento, se eles se mostrarem lucrativos.
Portanto, se alguém chegar a você dizendo que descobriu o carro voador, a máquina do tempo e a cura do câncer pense bem antes de expulsar o inventor com o argumento que a sua não é uma fábrica de máquinas do tempo, indústria de carros voadores e nem laboratório de pesquisas científicas e por isso não poderá aproveitar aquelas idéias.
Planejamento de marketing, viabilização de custos e estabelecimento de preço de novos produtos criados.
Isso é um pouco a área do marketing, mas é preciso ter alguma noção de viabilidade de mercado das criações. Não estamos aqui falando de informações precisas, mas uma estimativa para poder comparar as diversas idéias surgidas para verificar as que terão maior rentabilidade, maior impacto social, divulgação da empresa, etc.
Ainda que seja da responsabilidade do setor de marketing o acompanhamento do produto logo antes e depois de ser lançado no mercado, é preciso ter estimativas, ainda que superficiais, enquanto o produto ainda não passa de uma idéia para que a diretoria possa tomar decisões baseadas em informações mais próximas do real.
Para que isso ocorra, é preciso o conhecimento de dados demográficos, de mercado e ainda saber fazer estimativas de custo.
Aproveitamento do potencial ocioso de máquinas, equipamentos, instalações e pessoal, inclusive os equipamentos em desuso.
O que fazer com o velho equipamento de telex da empresa? Tem uma marcenaria que é usada só uma vez por mês? O porteiro não poderia distribuir algum folder aos visitantes? O saguão não poderia ser usado para exposições artísticas dos funcionários e familiares na hora do almoço?
Estudo de design de ponto-de-venda e planejamento visual da empresa.
O expositor de produtos é um monte de arame com uma tarja empoeirada em cima? A marca foi feita na década de 70 e já se perdeu o original? O prédio está pintado de uma cor que não tem nada a ver com a identidade visual da empresa? A percepção de tudo isso é de responsabilidade do Departamento de Criação.
Em supermercados, local onde a concorrência é nítida e acirrada, ainda vê-se uma certa preocupação com o ponto-de-venda, mas existem setores nos quais as empresas parecem estar vivendo no século passado e negociando com velhos armazéns. Os setores de veterinária, de roupas para classes mais pobres, de pisos laminados, colchões ou de brinquedos (puxa vida, até brinquedos?) normalmente são exemplos de como não se deve mostrar o produto para o consumidor. Pense se não é verdade.
Ora, se houve toda uma preocupação com a qualidade do produto e com a embalagem, por que não apresentá-lo ao cliente da melhor maneira possível?
O ponto-de-venda, cotidianamente chamado PDV ou POP(point-of-purchase), e a imagem da empresa, todos sabem, são importantíssimos mas, além do trabalho dos promotores de vendas que cuidam do cotidiano da exposição, é também necessário o olho mais atento de um profissional da área criativa, uma vez que sempre há algo para ser melhorado e algum custo para ser reduzido nesse setor.
O expositor está quebrando mais em um ponto do que em outro? Tem algum local onde as pessoas passam a mão e está descolando algo? A constante troca de preços ou promoções está danificando alguma área do display? A marca está dentro do seu tempo? Ao se passar na rua em frente, tem algo que chame a atenção, de preferência que faça com que as pessoas usem o nome corporativo como referência geográfica? O tótem da entrada é adequado? E as placas de informação aos visitantes?
Depósito de patentes e registros de propriedade intelectual em geral.
Todos têm prazos e exigem documentos sobre os quais é preciso uma atenção constante.
O setor jurídico pode cuidar disso, mas relatórios precisos e desenhos detalhados das invenções sempre serão necessários. Um acompanhamento técnico é bastante aconselhável nesse particular.
Os documentos de direitos autorais só necessitam ser arquivados em local seguro, pois não precisam de maiores cuidados.
As patentes, os registros de design e as marcas, no entanto, necessitam de um acompanhamento, pelo menos, mensal, pois é preciso verificar o andamento de processos e, depois que eles foram concedidos, pagar taxas de anuidade e de manutenção dessas propriedades.
Para fins jurídicos, a propriedade intelectual é considerada um bem móvel e pode, portanto, ser vendida, arrendada, emprestada ou doada.
Quando a propriedade intelectual possui dois ou mais autores, todas as decisões pertencem a todos, sendo que um deles não pode fazer qualquer ato, sem o consentimento formal dos demais.
Um particular nesse sentido é com relação às idéias puras, tais como fórmulas e teoremas matemáticos, teorias, regras de jogos, idéias para negócios, técnicas e estrategemas, etc. Não é possível obter-se a propriedade intelectual de uma idéia, mas apenas sobre a expressão dela (patentes, registros de design, direitos autorais, marcas, logos e direitos de mineração).
No entanto existem idéia puras que podem vir a tornar-se um bom negócio: a colocação de cadeiras nas filas de bancos, colocar um “boneco biruta” na porta da loja, fazer uma campanha de marketing que envolva pessoas deficientes, isto é, mesmo que boas idéias não possam ser apropriadas, elas têm valor comercial.
Sendo assim, a empresa tem um impasse. Como esperar que alguém ofereça uma boa idéia que não é propriedade dele e como poder recompensar por esta alternativa?
Uma boa solução é um contrato de prestação de serviço (veja o exemplo de um, no Anexo 2, ao final do livro) no qual a pessoa que dá a idéia recebe uma remuneração, não pela idéia em si, mas pelo trabalho de ir até lá oferecer. Daí sim, o oferecimento da idéia passa a ter valor legal. Pode ser colocada a remuneração, em termos absolutos ou porcentagens sobre o lucro, caso a idéia venha a ser aproveitada pela firma. Caso não exista interesse, pode ser previsto um limite de tempo (digamos, cinco anos) e que a empresa não poderá utilizar-se desse serviço sem pagar ao idealizador.
Problema número 1 desse contrato: a equipe cair em um erro grosseiro de interpretação e recusar uma boa idéia que possa ser um importante fator de competitividade no mercado. Recusar uma boa idéia que o concorrente assume, significa que você pode ficar vários anos tendo de pagar para o inventor que ofereceu antes a você, sem ter tido o privilégio de lançar a novidade na frente. Quanto melhor visão tiver a equipe, melhores serão os lucros advindos desse tipo de negociação.
Problema número 2: a não compreensão de que é a única maneira de coletar idéias não sujeitas à propriedade. É preciso escolher entre pagar por algo que não é de propridade do criador ou não coletar essa idéia e arriscar que um concorrente venha a ter em primeiro lugar.
Futurologia: descobrir o que o mercado vai necessitar no próximo ano, daqui a 10 anos e daqui a 30 anos, se possível.
E como fazer isso?
Com informação e pesquisa proveniente da biblioteca de informação tecnológica.
A futurologia não é adivinhação ou tarefa de cartomantes, pois, ainda que tenha muito de sensibilidade do analista, deve ser baseada em fatos concretos, muitas vezes totalmente desconexos.
Exemplos.
As fábricas inglesas do século XVIII implantaram o tear mecânico para dinamizar a sua produção. No início do século XX, aproveitou-se o sistema de cartões perfurados desenvolvido pelas confecções para medir estatísticas de censo. Esses cartões perfurados foram a base de informação dos computadores antes de existir a leitura magnética. Os computadores substituíram os cartões perfurados por fitas, depois por disquetes e, mais modernamente por leitura óptica. Agora vem a pergunta: o que um DVD tem a ver com o seu tataravô, um tear mecânico do século XVIII? Ao mesmo tempo muito e quase nada.
No final do século XIX, uma revista publicou um artigo com previsões para o século XX. Dizia que as saias das mulheres subiriam tanto que iriam chegar à altura dos tornozelos. Dizia também que os transatlânticos cresceriam tanto e teriam tantas chaminés que no “futuro” seria possível atravessar o atlântico na incrível velocidade de... três dias!
Com esses exemplos, portanto, vemos que os futurólogos precisam usar a sua arte, analisando dois aspectos básicos. O primeiro deles é a tecnologia existente e seu impacto social. Será que a Internet não será um dia acessada por satélite a uma velocidade inimaginada atualmente? Provavelmente sim. Então os computadores não deveriam estar sendo pensados para dispensar os cabos e tecnologias que permitam a transferência de arquivos mais “pesados” (imagens holográficas, vídeos de alta definição, freqüências inaudíveis de vibrações, etc.)? Se a população está se tornando mais idosa e mais gorda, não deveriam ser pensados letreiros maiores e cadeiras que propiciem um apoio ao se levantar?
O segundo aspecto é o de mudanças de paradigmas. O que leva a crer que a sociedade do futuro será baseada no nosso pensamento atual? Será que a moral de hoje é a mesma de 20 anos atrás? E a tecnologia é a mesma? E as condições de mercado? E o nível de educação do consumidor?
Quais são os paradigmas que irão se manter? A ciência fará com que as pessoas tenham menos crendices ou a massificação da cultura fará explodir grupos de fanáticos religiosos? A família nuclear irá se manter? Os atuais filhos de pais separados também irão tender ao divórcio ou irão formar famílias mais coesas? Ou nada disso e as pessoas do futuro irão se tornar poligâmicas? Ou irão se relacionar sexualmente apenas por dispositivos acoplados no computador?
O capitalismo vai continuar crescendo indefinidamente ou uma crise econômica global se avizinha? Existe uma possibilidade de se descobrir uma forma nova de produção de energia?
Estas análises que avaliam dois fatores, as atuais tendências e a possibilidade de ocorrerem pontos de virada, influenciam diretamente no lançamento de novos produtos.
A importância do estudo do existente nos dá um panorama das tendências, mas as mudanças de paradigmas são assuntos de filosofia, extremamente discutíveis. No entanto, ainda que não possa ser estudado de forma metódica, essas possibilidades de viradas radicais não só existem como algumas delas certamente vão acontecer mais cedo ou mais tarde e por isso devem ser pensadas como um futuro real.
Um bom futurólogo é portanto, além de um analista perspicaz, um bom filósofo. O conhecimento profundo do mundo que nos cerca e o poder da imaginação são dois requisitos importantes para esta profissão.
Captar idéias dentro de outros setores da empresa e incentivar mudanças positivas e inovações.
Todo ser humano é criativo. O departamento de inovação não é o único a ter idéias.
Será que o faxineiro, olhando o dia todo para o seu esfregão não teria uma idéia de como melhorá-lo, se for ganhar alguma coisa com isso? E será que sua firma se importa em ouvir um simples faxineiro ou o despreza completamente?
O físico Maxwell era encadernador de livros. James Watt era um mecânico de 26 anos quando desenvolveu a máquina à vapor. O biólogo Mendel, descobridor das leis da genética era padre. O poeta Rimbaud, era traficante de armas. Orson Welles era um rapaz de 25 anos quando dirigiu “Cidadão Kane”. Tolstoi aprendeu a andar de bicicleta aos 65 anos de idade.
Isso quer dizer que ninguém é desprezível ou espetacular. O que faz o ser humano é a sua capacidade e não a sua idade ou nível social.
Este preconceito vem desde a infância quando nossos pais nos perguntam o que vamos ser quando crescer. Ora, a criança é um ser humano, e a pergunta “o quê” se aplica apenas a coisas. Ao pensarmos em inovação, cada um deve se perguntar, isto sim, QUEM é que deseja ser ao crescer e PARA ONDE queremos conduzir a empresa. Portanto, se você é uma pessoa que decide dentro da sua empresa, tente não coisificar o próximo, pois esse pensamento só trará prejuízos.
Para captar idéias, o primeiro passo é a remuneração adequada do profissional criador. As empresas normalmente enxergam os inventores e detentores de direitos autorais como sanguessugas inúteis ao trabalho árduo e cotidiano da instituição. Muito raramente pensam neles como parceiros de negócios, que é o que eles realmente são.
É preciso levar em conta que inovação é uma ocorrência extremamente rara na nossa cultura empresarial e por isso as pessoas precisam ser informadas dessa nova determinação da firma. Regras transparentes devem também ser criadas no sentido de apagar qualquer dúvida ou suspeita, pois idéias são como filhos e ninguém quer casar os filhos com qualquer um que aparecer por aí.
Pessoas mais instruídas têm idéias mais elaboradas. O incentivo aos estudos e à educação são sempre bem vindos. Apresentações de teatro, vídeos educativos, organização do coral da empresa, sala de leituras, assinatura de revistas semanais e jornais, etc. são um investimento muito interessante para quem deseja inovar.
O reconhecimento público daquele que inova também é importante. No mês em que o funcionário, parente ou qualquer pessoa ligada à empresa participou da campanha de criação, a sua fotografia deve estar exposta no mural com muito destaque e com um relato a respeito do seu prêmio (que podem ser mais dias de férias ou folgas, bônus, promoção, etc.) para que outros tomem o exemplo e se incentivem a criar também.
E, o mais importante, é ter um canal aberto para essa comunicação, uma espécie de ouvidor, profissional acessível a todos que quiserem trocar ou oferecer idéias e dar sugestões. O profissional de criação não pode estabelecer-se em um setor olimpiano e elitista, pois isso embotará muitas possibilidades de aquisição de novas propostas.
Prestação de serviços para outras empresas não-concorrentes que queiram também inovar ou que possam aproveitar idéias descartadas pelo departamento de criação.
Muitas vezes a realidade da empresa, o tipo de maquinário, equipamento, fornecedores ou clientes não permitem o encaminhamento de determinado projeto que tenha boas chances de sucesso.
Assim, ou deixa-se a idéia engavetada para um uso futuro que provavelmente não ocorrerá, ou vende-se essa idéia para outra firma.
A venda de idéias é algo extremamente complicado, pois, como vimos, o empresário médio só arregala os olhos para bugigangas que já estejam sendo vendidas em alguma loja de baixa qualidade de algum país estrangeiro. Nós, das Américas temos essa herança dos tempos daa colônia em que os bons tecidos vinham de Lion, os bons metais vinham das docas de Liverpool e a boa música vinha de Milão. Os motivos históricos desse comportamento não vêm ao caso, o fato é que existe essa cultura do plágio e as pessoas não costumam se importar em ser, além de desonestas, macaquinhos de imitação.
Por isso, é preciso que exista um profissional que cuide exclusivamente da venda de idéias, um corretor de patentes e de direitos autorais. No mercado existem poucos e há muita desonestidade nesse setor, é preciso tomar muito cuidado para não entregar o seu projeto para um aventureiro ou para algum crápula que só pensa em tirar o seu dinheiro sem prestar o serviço.
Um valor de 25% sobre o valor obtido com a venda não é uma taxa alta a ser paga para este profissional, pois vender uma idéia não é tão simples como vender um carro ou um apartamento, os gastos são consideravelmente maiores do que um simples anúncio nos classificados. Por isso, ou a empresa delega um funcionário para essa função ou contrata alguém de fora para a realização dessa importante tarefa.
Estruturação do departamento para evitar a ocorrência de indivíduos imprescindíveis, ou seja prever a possibilidade de substituição de pessoal no caso de saída de funcionário da empresa.
O conhecimento em um departamento de criação deve ser o mais espalhado possível, justamente para evitar que existam pessoas imprescindíveis, as quais colocaria o departamento por terra, caso viessem a faltar.
Para que isso ocorra, é necessário que todos os projetos, métodos e idéias estejam muito bem documentados e com simples acesso. Atas de reuniões, pastas de projetos e a organização do escritório são fundamentais.
Mudanças de paradigmas.
Implantar um departamento responsável por inovações já é, em princípio, uma mudança de paradigma, mas o que interessa é que esta mudança ocorra dentro das cabeças dos outros setores da empresa e da sociedade, ou seja conseguir convencer que a inovação trará um lucro real ou uma vantagem competitiva significativa, além de um benefício ao consumidor.
Mudar paradigmas não é fácil e esta inércia já aniquilou com várias idéias grandes, sensatas e, quem sabe, se não realizáveis.
Alguns dos grandes paradigmas que foram modificados no decorrer da história e que hoje nos parecem óbvios.
Lixeira: você sabe que as ruínas de Tróia foram encontradas embaixo de outras onze cidades? Sabe por quê? As pessoas na antigüidade não conheciam lixeira. simplesmente jogavam o seu lixo e dejetos no meio da rua, até chegar ao ponto do nível do passeio subir e se ter que construir outra cidade em cima. Imagine o problema que foi convencer as pessoas a jogar o lixo em um só lugar e depois colocá-lo bem longe.
Papel higiênico: como convencer as pessoas a deixarem de usar folhas de jornal e comprarem papel higiênico? Um dia alguém teve que fazer isso.
Arame farpado: o arame farpado fez a riqueza do oeste norte-americano. Como é que alguém convence um bando de fazendeiros toscos a prender o seu gado ao invés de deixá-lo solto pelas pastagens?
Banho: para os primeiros europeus que chegaram até a América, banhar-se era visto como algo inferior, hábito de índios. Como uma população inteira convenceu-se a tomar banho?
Vacina: no início do século, a cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, viveu uma guerra civil porque o governo decidiu vacinar a população toda. As pessoas acreditavam que o governo estaria colocando vírus nos seus filhos. Como convencer a população que os microorganismos inativos eram o que iriam propiciar a cura?
Fax: como convencer as empresas a deixarem de lado os seus equipamentos de telex e passarem a usar o fax?
O Departamento de Criação, portanto, não é só responsável por romper com seus próprios paradigmas, mas também a convencer os outros a romperem com os deles e essa, talvez, seja a parte mais difícil do seu trabalho.
Perfil do Profissional do Departamento de Criação
Como foi dito acima, temos dois perfis necessários para trabalhar neste departamento, o criador “insighter”, de idéias rápidas e explosivas, e o criador “carneiro”, que rumina os projetos até ficarem perfeitos.
Ambos são facilmente reconhecíveis pela observação de maneira de trabalhar. Ambas as personalidades possuem caracterísitcas comuns a serem analisadas.
Dominar vários idiomas
As informações nos bancos de patentes, catálogos e revistas chegam de diversos países e quanto mais línguas falar, maior a possibilidade de captar dados.
Ter formação técnica e saber desenhar à mão livre
Não importa muito a área de formação, desde que domine termos comuns ao grupo de trabalho. Dependendo do caso, um químico pode trabalhar com um geólogo e com um engenheiro de plásticos, sem problemas e cada um contribuirá na sua área. Essa diversidade é saudável.
O que todos têm que saber é fazer um esboço no papel, ser razoavelmente alfabetizados na linguagem do desenho, pois se todos não falarem essa língua ficará difícil de comunicar idéias.
Ser esperto
Esta não é uma área de títulos e diplomas, mas de criatividade e intuição. O profissional sabe arrumar o motor do próprio carro? Sabe fazer um ovo frito? Tem uma família, é uma pessoa que sabe se relacionar? Tem alguma atividade completamente diversa daquela em que é especialista?
É engenheiro civil, toca guitarra em uma banda e joga basquete? Esse é um bom candidato!
Entende tudo de computadores e quando vai para casa passa os seus fins de semana navegando na Internet? Esse é péssimo, provavelmente deve ter uma cabeça bastante limitada.
A principal qualidade de um cidadão da Grécia Antiga era a capacidade do indivíduo saber falar em público, saber lutar bravamente em batalha, saber costurar a bainha da sua toga, conhecer a melhor época para plantar oliveiras e assim por diante. Esta diversidade de conhecimentos e habilidades era chamada de “aretê”. Para um grego desse período o ato de saber tocar uma flauta maravilhosamente bem não era visto com bons olhos, pois isso era uma atividade de escravos, um cidadão de mente livre não consegue saber algo muito profundamente, pois precisa ter uma visão geral de todas as coisas do cosmos.
Por analogia, devemos resumir a grande virtude do profissional do Departamento de Criação como a de ser um cidadão de aretê.
Há quem diga que um generalista é como um pato, que sabe voar, andar e nadar, mas faz tudo isso mal feito. Essa é uma visão estreita de quem nunca observou uma gaivota que, apesar de caminhar como um pato, sabe voar, pousar e mergulhar maravilhosamente bem. Pelo contrário, pessoas que sabem de várias coisas são mais facilmente adaptáveis e conseguem quebrar paradigmas com muito menos dificuldade.
Na Grécia Antiga, afinal foram estabelecidos todos os padrões artísticos que usamos até hoje, além da máquina à vapor, do caça-níqueis, do robô e, têm-se referências, a existência de uma “máquina voadora”. Os especialistas dos países protestantes demoraram quinhentos anos para chegarem novamente nessas invenções e as reinventaram depois de 2.500 anos de elas já terem sido pensadas por pessoas de aretê.
Ter dado cabeçadas na vida
Em outras palavras, pessoas maduras.
Ainda que seja muito interessante ter alguns jovens no grupo, pois eles são normalmente muito esforçados e trazem um sangue novo para a equipe, o ato de criar necessita maturidade.
A história marcou alguns bons poetas jovens e alguns músicos prodígios, porém não marcou um único gênio da pintura jovem. Existem atividades ageístas, sim, e criar métodos e produtos inexistentes é uma delas. Pessoas jovens normalmente não são recomendadas para inovar simplesmente porque ainda não viveram o suficiente para conhecer muito do que existe no mundo.
Se a sua empresa não quiser, portanto, reinventar a roda, contrate pessoas mais bem informadas, com tempo de formação e com experiências vivenciais.
Obviamente, a sua empresa também não poderá contratar um ancião caquético simplesmente porque ele é vivido. É preciso haver um equilíbrio, maturidade não quer dizer decadência.
James Watt descobriu a máquina à vapor aos 26 anos de idade. Newton construía pontes aos 16. Mozart tocava violino aos 3 anos... O fato de existirem excessões a essa regra sobre maturidade confirma que alguns jovens podem trazer ao grupo boas surpresas também, mas em geral, 25 parece ser normalmente uma idade boa para começar a criar.
Conhecer métodos, e não só produtos
O profissional tem que saber que uma peça precisa ter um molde fácil de desenformar, senão o seu custo vai ficar mais alto. Precisa saber que ao trabalhar com chapas precisará dimensionar o produto para um melhor aproveitamento de material. Precisa saber características de plásticos, de metais, de ferramentas, de máquinas.
Em outras palavras, pessoas só teóricas não resolvem problemas.
Conhecer gente e empresas
É sempre bom saber quem procurar para resolver determinado problema. Ainda tem contato com o ex professor da faculdade? Sabe quem faz serigrafia bem e barato? Sabe onde arrumar um estatístico? E um ilustrador de desenho animado?
Esse tipo de contato dinamiza muito o trabalho de uma equipe de criação.
Saber pesquisar
Só sabe pesquisar quem já pesquisou. Qualquer um sabe usar a Internet, mas quantas pessoas sabem achar alguma coisa interessante no monte de lixo que é a rede? E uma informação complicada de se achar, este profissional conhece os meios de procurar? Conhece programas de computador que resolvam muitos dos seus problemas?
Sabe “zipar” um arquivo (ou, pelo menos, o que significa “zipar”), sabe como instalar um novo software no computador e outras ações básicas?
Sabe como apresentar um relatório, de maneira que não se tornem enfadonhas nem a leitura, nem a apresentação?
Ler
Profissional sem hábito de leitura, não serve, pois senão como é que vai adquirir informações para trazer para o grupo?
Não ter problemas jurídicos ou bancários
Viagens são sempre necessárias. Como o profissional vai pedir um visto para outro país tendo problemas pessoais dessa natureza?
Trabalhar bem em equipe
O trabalho de criação é um trabalho em equipe. Quem é rebelde, agressivo, arrogante, etc. não pode estar no grupo.
É preciso saber abdicar idéias com facilidade e, ao mesmo tempo, saber defender as suas idéias com educação e respeito pelas dos demais.
Conhecer um pouco de economia
Ter a noção de que nem tudo que é criado pode ser vendido e que, por mais genial que seja a criação, muitas vezes, e normalmente isso acontece, é preciso abdicar de um determinado produto em prol do outro. É preciso saber também quanto o mercado pagará, mais ou menos, pela idéia.
Saber abdicar de horários
O ato criativo não tem hora para acontecer. É preciso até estar com um caderninho para anotar idéias nas férias e na cabeceira da cama enquanto dorme, pois, e se surgir uma idéia no sonho?
O criador é um pouco como um médico plantonista. Tem que estar preparado a todo instante para trabalhar.
Como foi dito, além de todas essas caracterísiticas, devemos considerar que existem dois tipos humanos bem particulares e bem importantes para a área de criação, o tipo de idéias explosivas e espontâneas, que chamamos de “insighter” e o tipo que executa trabalho árduo e dedicado, que chamamos de “carneiro”.
Como reconhecer cada um deles?
O “insighter” não é metódico, parece desorganizado, tem uma mesa cheia de papéis, não busca o objetivo, mas a maneira de atingi-lo e faz várias tarefas ao mesmo tempo.
O “carneiro” é metódico, organizado, concentra-se no objetivo e faz uma coisa de cada vez.
Dentro de uma estrutura, um não vive sem o outro. Se a empresa não tiver idéias brilhantes não consiguirá decolar e se não tiver quem cozinhe e apronte essas idéias, também não conseguirá bons objetivos. Dificilmente essas características estarão em uma única pessoa, por isso é sempre importante o trabalho em equipe.
Materiais e Processos
É necessário um certo conhecimento de materiais para o ato de criação. A função destes aforismos é a de fornecer conhecimentos bastante básicos que possam vir a ser úteis no ato de criar e no de avaliar uma determinada criação.
O papel
Dentre os milhares de tipos de papel, existem alguns grupos que precisam ser conhecidos.
Os papéis são obtidos pelo processamento da pasta de celulose extraída de árvores. Esta pasta pode sofrer um processo de clareamento ou não.
O processo de clareamento de papel é altamente poluidor, por isso, produtos e campanhas de apelo ecológico devem optar pelo papel não clareado.
Podem ser de dois tipos, “coated” e “uncoated”. Papéis “coated” (couché, em francês) recebem uma camada que torna a sua superfície mais lisa e menos permeável à tinta. Esta camada de revestimento pode ser fosca ou brilhante.
Os papéis “uncoated” (sulfite, por exemplo), ao contrário, são papéis mais porosos e normalmente têm um custo mais baixo.
Existem papéis que recebem tinta na sua massa e por isso são chamados de “inked”. Com este recurso, ganham pontos ou finos fios na sua superfície. Normalmente são papéis nobres, mais caros dos que os “no inked”.
Vários tratamentos de texturas podem ser aplicados à superfície e que produzem efeitos como o “casca-de-ovo”, o “telado” ou o “vergê”, dentre muitos outros.
Existem papéis para dobraduras, muito usados em origami, a técnica japonesa de dobradura de papel.
O tamanho das chapas é de 66cm X 96cm. Ao projetarmos em papel, devemos levar em conta este aproveitameneto.
A palavra “gramatura”, refere-se à massa do papel por metro quadrado. Por conseguinte, quanto maior a gramatura do papel, mais grosso ele será.
Papéis bastante utilizados para modelos e maquetes são o duplex, o triplex e o papelão-couro.
Dobras artesanais devem ser efetuadas utilizando um instrumento próprio chamado de vincador, encontrado em qualquer papelaria. Cortes muito pequenos e detalhados devem ser executados com um bisturi.
A aquisição de folhas em atacados de distribuição de papel é consideravelmente mais barata do que em papelarias. Normalmente esses distribuidores também vendem direto ao consumidor, em pequenas quantidades.
Furos que estão sujeitos à tensão (alças, por exemplo) devem ser sempre recortados com cantos arredondados para evitar rasgos.
Dependendo do produto químico a ser colocado dentro de embalagens de papel, este pode deixar de ser reciclável, indo parar em aterros sanitários.
A massa do papel é altíssima e pode ser muito compactado. Um fardo de latinhas de refrigerantes de alumínio amassadas pesa aproximadamente 60Kg. Um fardo de sacos plásticos do mesmo tamanho, 160Kg. Com as mesmas dimensões, o papel compactado pesa mais de 400Kg.
O papelão é normalmente obtido pela colagem de várias folhas de papel. O mais comum é utilizar-se o papel “kraft”, oriundo de reciclagem, para a confecção do papelão.
Os papéis como o papel-couro, são obtidos a partir do empilhamento de várias folhas de papel, conferindo a eles, grande resistência e massa.
O papelão ondulado é construído por uma onda de papel colada no meio de duas outras folhas, formando assim um sanduíche. é muito utilizado em embalagens de despacho devido à sua grande resistência ao impacto, bom isolamento térmico e baixo custo.
Várias camadas de ondas podem ser montadas, aumentando assim a resitência. Chamamos esses papéis de “onda dupla”, “onda tripla” e “onda múltipla”. Uma onda muito curta dá o nome do papel de “microndulado”.
As dimensões internas da dobra deste papel são consideravelmente reduzidas, o que faz com que o planejamento de embalagens necessite prever essa perda.
As máquinas para a execução de caixas, em empresas comuns, têm normalmente 1m de largura. É conveniente planejar embalagens com essa largura e com até 2m de comprimento de chapa, no máximo.
A Madeira
A madeira pode ser encontrada em vários tons e durezas, e possui características próprias dependendo da sua origem vegetal, e do seu tratamento após o corte.
Quanto ao tom, temos madeiras mais claras como o pinho, o pinus ou o pau-marfim, madeiras médias como o eucalipto ou o mogno e madeiras escuras, como a imbuia.
Madeiras nobres como o marfim podem ser substituídas muitas vezes sem muito prejuízo visual ou de qualidade por madeiras mais baratas, como o goiabão, por exemplo.
Desmatamentos amazônicos normalmente deixam uma enorme quantidade de madeiras de altíssima qualidade simplesmente jogadas no chão, pois o mercado só consome madeiras de alto consumo, como o mogno. Um estudo deste recurso pode trazer uma matéria prima abundante e de baixo custo.
Madeiras claras podem ser tratadas com corantes para darem a impressão de ser outra madeira. O pinho, por exemplo, é uma madeira que se presta muito bem a esta função.
Vários tratamentos podem ser dados à superfície:
- Selador: fecha os poros da madeira e permite a pintura com um menor consumo de tinta.
- Primer: alisa a superfície.
- Verniz: protege e dá uma aparência de suavidade e brilho.
- Laqueamento: cria uma camada espessa parecida com fórmica.
- Fórmicas: uma lâmina colada sobre a madeira para revestir, proteger e propiciar vários tipos de texturas e imitação de materiais.
- Pintura: mudança de tons e cores.
Existem vários tipos de madeira artificial.
Os aglomerados são formados por serragem e são caracterizados por possuírem um baixo custo, mas uma fraca resistência.
Um tipo especial de aglomerado, o MDF está sendo muito utilizado por suas excelentes características físicas e trababilidade, principalmente em máquinas CNC.
Os compensados são formados pelo empilhamento de várias lâminas de madeira. como essas lâminas são coladas com várias direções diferentes de fibras, obtém-se uma excelente resistência em qualquer sentido.
Existem várias máquinas para trabalhar a madeira. As mais utilizadas são:
As serras circular , de fita e tico-tico são utilizadas para o corte de chapas.
A lixadeira é utilizada para alisar cantos e superfícies.
O rebote serve para aplainar a peça.
A tupia tem a função de produzir diversos cantos, formas e molduras.
A furadeira.
A tupia superior faz desenhos na peça.
A CNC é uma espécie de tupia superior ultra precisa, programada por computador. Cria qualquer forma na superfície da chapa.
Atualmente existem velcros que permitem a união de chapas sem o uso de cola ou parafusos. Novas tecnologias para a madeira são constantemente desenvolvidas.
O Metal
A chapa de aço é determinada pela sua espessura e pela sua a quantidade de carbono.
As características físicas do aço são dadas pelas suas características químicas. Um número (aço 1020, aço 1030, etc.) determina essas quantidades. A sua espessura é dada por um número que corresponde à espessura. chapa 18, por exemplo, corresponde a 1,2mm.
Os tamanhos comuns de chapas são 1,20 X 2,00, 1,20 X 3,00 e 1,00m X 3,00m.
O corte de chapas é feito em guilhotinas especiais.
A dobradura de chapas é executada com o uso de prensas. Para cada trabalho é preciso uma determinada carga. Para chapas finas pode-se usar prensas pequenas, de 25 toneladas. Para trabalhos maiores, prensas maiores (40ton ou superior).
Desenhos cortados em chapas podem ser feitos por um processo chamado corte à laser, que é o tipo de corte mais preciso que existe, mas é bastante caro. É o processo ideal para protótipos e modelos. Dependendo do volume de produção, pode-se também fabricar peças diretamente por este processo, dispensando a confecção de ferramentas.
Corta-se chapas também por jatos de água ou por um processo chamado oxicorte.
Para produção industrial de peças em chapas de aço é normalmente necessário criar ferramentas para o corte e as dobras.
O profissional que faz essas ferramentas chama-se ferramenteiro. A empresa que corta e dobras as peças, chama-se estamparia.
Para o corte, normalmente é conveniente fazer punções (batedores, furadores) em um aço chamado widia (do alemão wie diamond, como diamante), que é o aço mais duro que existe, mas que tem pouquíssima resistência ao impacto, podendo ser quebrado como um giz. Para trabalhar a widia é preciso uma máquina chamada de eletroerosão a fio que consiste em um fio de latão que corre recortando a peça, mediante um desenho prévio em computador. Por ser uma máquina cara, nem todos os ferramenteiros conseguem produzir esse tipo de punção.
Muitas chapas podem ser dobradas por uma máquina especial chamada dobradeira, dispensando a fabricação de ferramentas. Normalmente as estamparias têm várias ferramentas já fora de uso que podem produzir furos e dobras que podem vir a ser convenientes para a sua empresa, dispensando assim a cara confecção de ferramentas.
A pintura de chapas de aço é feita por pistola, em uma cabine de pintura ou por pintura eletrostática, também chamada pintura à pó.
A pintura eletrostática consiste em pendurar a peça a ser pintada em um gancho, carregar esta peça com eletricidade estática, borrifá-la com uma tinta em pó, que gruda no metal e depois conduzi-la a um forno, que derreterá a tinta proporcionando uma superfície bastante uniforme. A tinta para pintura eletrostática existe em várias cores e texturas. Para este tipo de pintura, deve-se sempre prever um orifício na peça, pois é preciso um local por onde pendurar no gancho.
É um caso similar da cromagem, niquelagem, cobreamento, etc., processo que consiste em pendurar as peças metálicas em um gancho e passá-la por vários banhos eletrolíticos com a finalidade de produzir uma superfície com o metal nobre existente diluído no banho.
Os metais também podem ser fundidos.
Os moldes para peças fundidas são bastante baratos, em comparação com moldes de plástico.
Após a fundição deve ser previsto um processo de polimento.
O Plástico
O plástico é proveniente do petróleo é fabricado nas mais diversas formas. Aqui temos algumas das mais comuns.
O polietileno é o mais comum e barato. É um plástico flexível muito utilizado em embalagens e brinquedos.
O poliestireno (PS) tem uma trasparência bem maior do que o polietileno e é mais rígido. Muito utilizado em copos plásticos e tem um custo reduzido.
O PET é utilizado em garrafas de refrigerantes, pois tem a característica de não permitir que gases passem por paredes construídas por ele. Tem um custo muito baixo, uma excelente resistência e uma trasparência muito boa.
O policarbonato tem uma altíssima resistência e por isso é utilizado em visores à prova de balas. O seu custo também é bastante alto e tem uma transparência excelente.
O PVC é um plástico muito utilizado em embalagens, tem uma transparência razoável e um custo muito baixo. É muito utilizado também para canos.
O acrílico tem uma excelente transparência, mas tem um custo alto.
O plástico pode ser manuseado por três formas:
Injeção. Consiste em despejar o plástico derretido a uma certa temperatura em um molde, de maneira que ele tome o formato desejado.
Sopro. O plástico e soprado para dentro do molde, aderindo-se à parede. É recomendado para produtos ocos, como garrafas e que tenham reentrâncias.
Estampagem. Dobradura de chapas de plástico.
Uma peça de outro material, metal, por exemplo, incrustrada na peça de plástico chama-se “implante”.
Ao projetarmos um produto para injeção, devemos levar em conta a maneira de remover a peça do molde, pois matrizes simples têm um custo bem inferior àquelas que produzem peças com reentrâncias, pois estas precisam de moldes chamados “de gaveta” para conseguirem ser extraídas.
Devemos levar em conta também que este é um mercado de especialistas. Quem trabalha com a produção em sopro, normalmente não injeta e vice-versa. Quem trabalha com PS não tem a menor idéia de como trabalhar com PET, e assim por diante. Isso quer dizer que você não terá uma melhor solução para o seu problema ao procurar uma empresa de plásticos. É bem mais aconselhável contratar um engenheiro especialista na área, pois ele irá recomendar qual o tipo de plástico mais adequado ao seu produto e o processo mais conveniente de produção.
Os plásticos têm temperatura e maneiras de trabalho diferentes para cada caso. Por isso, quem injeta policarbonato muitas vezes não sabe injetar polietileno. É preciso localizar empresas que atendam as suas necessidades.
Impressões
Várias formas de impressão podem ser efetuadas sobre o seu produto.
A serigrafia consiste na passagem da tinta em uma tela especial que reproduz as letras e desenhos ali previstos. a serigrafia pode ser executada em superfícies planas e curvas, porém a impressão plana é bem mais barata e existem mais lugares que fazem.
A impressão à laser ou a plotagem são maneiras de imprimir trabalhos únicos com uma qualidade excelente. Para reprodução de poucas folhas que não exijam precisão absoluta, pode-se usar também o xerox colorido com resultados razoáveis.
A off-set permite uma tiragem bastante grande, com uma excelente qualidade e a um custo baixo. Ótima para a edição de livros e folhetos.
A impressão tipográfica é utilizada para notas fiscais e recibos.
A flexografia é muito utilizada na impressão de caixas de papelão. Funciona como um enorme carimbo rotatório. Tem um custo muito baixo, mas a qualidade deixa a desejar.
Existem máquinas que imprimem diretamente sobre objetos, como as de validade de produtos, mas normalmente este serviço não é terceirizado, por isso a própria empresa deve adquirir a máquina.
Design
Em algumas línguas, como por exemplo o português, não existe uma palavra para definir “design”, como sinônimo de projeto, inovação. A palavra mais próxima é “desenho”, que significa as linhas de um determinado produto ou imagem. Design, no entanto tem a ver com desígnio, ou seja uma forma prática de antever o futuro.
Dessa forma, ao falarmos em inovação em um determinado setor, estaremos falando necessariamente em design.
O design trata das coisas do visível, ao contrário das inovações nos setores químico, farmacêutico, na indústria alimentícia, ou na prestação de serviços, por exemplo, que tratam de assuntos que não são relacionados com o visual.
Ainda que possamos falar em um certo “desígnio” ao tratar dos produtos dos outros ramos da indústria, todos se beneficiam do design na forma de embalagens, expositores, maquinário, prospectos ou anúncios.
Um aspecto do design é que ele é eminentemente industrial. O leitor certamente irá abrir uma revista de decoração e encontrar um móvel de “design” feito por um arquiteto notório para uma determinada residência, mas isso não é design, pois não é uma peça pensada para ser produzida em série e por isso ali não existe a preocupação com custos, métodos de produção ou maquinário.
Design, portanto, não é um simples projeto, mas é um projeto de algo para ser produzido em grande quantidade ou para ser acessado por um grande número de pessoas.
Como já vimos, a grande maioria do mercado produtor de bens e serviços é composto por empresas de concorrência imperfeita ou oligopólios e para essas firmas, inovação é sinônimo de marketing.
É por este motivo que design tornou-se quase que um sinônimo de decoração de objetos. Não interessa muito para as grandes empresas sair do que já estão fazendo.
No entanto, podemos traçar um paralelo com a construção civil. O design está para a engenharia mecânica assim como a arquitetura está para a engenharia civil. Assim como a função do arquiteto não é simplesmente a de fazer um prédio que não caia e nem de fazer a decoração da construção, o designer tampouco tem por qualidade a simples elaboração de produtos e nem a decoração deste produto.
A função do designer não é apenas a de dizer o como fazer, mas, principalmente, a de dizer o quê fazer, de orientar o cliente não só da melhor maneira de industrializar o seu produto, mas também de como modificá-lo e como lançar mais produtos com objetivo de um máximo lucro.
Propriedade Intelectual
Perguntas e Respostas
O que é propriedade intelectual?
É um meio de proteger idéias, de forma que o autor, inventor ou pesquisador possa usufurir economicamente das suas criações de maneira exclusiva. Esse direito faz com que outra pessoa não possa industrializar, vender, editar, publicar, modificar ou explorar de qualquer maneira a idéia sem a prévia e formal autorização do proprietário.
Quais são os tipos de propriedade intelectual que existem?
1. Copyright, direito de cópia, ou ainda direito autoral. Refere-se a trabalhos artísticos ou literários. O copyright protege a criação em si, não se referindo ao meio físico em que ela é exposta. Por exemplo: se o autor quiser publicar um livro diferente, com um chip com gravações de sons, o copyright protege o texto do livro e as músicas, mas não o livro eletrônico em si. O meio físico é protegido por patentes.
2. Patentes e registros de propriedade industrial. Protegem invenções, melhoramentos em produtos já existentes e desenhos industriais. Por desenho industrial compreende-se o caráter estético de um produto, seja ele tridimensional (um desenho novo para telefone, por exemplo) ou bidimensional (uma estamparia em tecido ou em azulejo).
3. Marcas: símbolos, logotipos e logomarcas. Símbolo é um desenho ou imagem que represente uma empresa ou produto. Logotipo é uma combinação de tipos de letras próprias da empresa ou produto e que possui uma informação inteligível, normalmente o nome ou a sigla da entidade que representa (O logotipo da Coca-cola são as letras com caracteres próprios e o seu símbolo é a onda sob o nome). Ambos, ou a combinação de ambos - o que denomina-se Logomarca - podem ser protegidos. A proteção destes símbolos ou caracteres dá-se pelo dépósito de marca junto ao INPI.
4. Direito de Lavra. É um direito de exploração concedido a pessoas físicas ou jurídicas que suspeitem que em determinado subsolo exista alguma riqueza mineral.
Quem concede a propriedade intelectual?
O copyright é um direito do autor após a publicação comprovada do seu trabalho em qualquer meio. Caso não exista publicação, pode-se requerer um documento comprobatório em diversos órgãos públicos.
O direito de lavra é concedido pelos departamentos de pesquisa mineral dos diversos países e as patentes e marcas são concedidas pelo órgão nacional de marcas e patentes.
Eu quero solicitar patente e manter segredos industriais. Como fazer isso?
A concessão de patente se dá justamente para que se possa divulgar novas tecnologias. Como prêmio pela iniciativa do inventor em ampliar o conhecimento humano, o país concede um monopólio de exploração da idéia por um determinado período de tempo.
Nos Estados Unidos é possível depositar patentes que serão mantidas em sigilo, mas nem todos os países seguem essa forma de depósito de idéias.
Todos sabem que a justiça funciona pouco. De que adianta eu proteger a minha idéia se alguém fatalmente a irá roubar impunemente?
Neste caso particular, a justiça funciona, sim, pois é um assunto que diz respeito direto a grandes corporações multinacionais. Processos milionários têm sido movidos contra empresas que invadem ou desconhecem esses direitos.
O responsável pela falta pode responder processo civil e criminal e, se condenado, a pena é de um determinado período de prisão.
Que tipos de patente existem?
PI - Patente de Invenção, que corresponde a uma inovação na área de tecnologia;
MU - Patente de Modelo de Utilidade, que significa uma modificação ou melhoria em algo já existente. Este tipo de patente só existe em determinados países.
DI - Registro de Desenho Industrial, que não é exatamente uma patente, mas um registro que protege a aparência do produto.
Quanto tempo vale a propriedade industrial?
O copyright vale até a morte do detentor do direito e mais 50 anos para os seus herdeiros. Em alguns países usa-se o período de 70 anos. É por isso que clássicos da literatura são mais baratos do que livros de autores contemporâneos, as editoras não precisam pagar dirteitos autorais.
A Patente de Invenção vale normalmente por vinte anos à partir da data e hora de depósito. Este período varia de país para país.
O Modelo de Utilidade, em muitos países, vale por 15 anos à partir do depósito.
Existem países em que a validade do registro de Desenho Industrial é por 10 anos e poderá ser extendido por três períodos de cinco anos, ou seja, o pedido de DI poderá ser de propriedade da empresa ou pessoa física pelo período de 25 anos.
Quando o proprietário passa a ter direito sobre uma marca, registro ou patente?
À partir da data e hora do depósito, desde que o privilégio venha a ser concedido. Como existe uma longa espera nos processos de marcas e patentes, a industrialização e comércio da idéia já podem ser efetuados logo após o depósito, mas sempre existe algum risco de haver entraves no processo que venham a impedir a concessão.
É por esse motivo que uma patente já concedida tem um valor consideravelmente maior do que uma ainda em andamento.
Como funciona o andamento do processo?
O copyright não possui processo, portanto é um direito imediato, existe apenas um registro.
As patentes demoram três anos, no mínimo, para serem concedidas. É normal um processo demorar de seis a oito anos.
Os processos de Desenho Industrial e de marca, são bem mais rápidos, demoram aproximadamente um ano para serem deferidos.
Após o depósito de marcas e patentes existe pagamentos de taxas de depósito, de emissão da carta-patente e de anuidade.
Uma patente vale para o mundo todo?
Não. Apenas para os países em que ela foi solicitada e que possuam acordos de reconhecimento mútuo de patentes (a maioria dos países que possuam mercados de interesse).
Após o depósito no país de origem, o depositante ou seu representante tem até um ano para solicitar patente em outros países. Isso pode se dar por dois processos:
1. Depósito direto em outros países, através de advogados de patentes nesses locais, ou
2. Via PCT, um acordo internacional que dispõe sobre a possibilidade de fazer uma espécie de reserva de patente para vários países ao mesmo tempo. Faz-se um requerimento junto ao escritório de patentes, informando em quais países deseja-se solicitar patente. A partir da data do depósito inicial, o depositante tem até três anos para entrar com o pedido de patente nesses países.
Obviamente, essa segunda opção tem um custo mais elevado, mas é útil quando falta pouco tempo para vencer o prazo de um ano e deseja-se solicitar patentes internacionais.
Como pode-se saber se a idéia ainda não existe?
Certeza absoluta, apenas após a concessão da patente, mas é possível ter um bom parâmetro, consultando-se o órgão de patentes.
Uma busca rápida pode ser feita nos sites de Internet destes institutos, mas essa não é uma busca completa.
Uma busca mais detalhada poderá ser feita diretamente pelo interessado, dirigindo-se à biblioteca dos diversos institutos de patentes ao redor do mundo. O escritório austríaco tem uma biblioteca com mais de 24 milhões de idéias.
Alguém faz uma pequena modificação no meu produto e lança no mercado. Como é que fica?
No caso do PI e MU, as cartas-patente protegem a função e não a forma, portanto ninguém poderá criar um produto com aquelas características.
No caso do Desenho Industrial, uma pequena modificação em um produto de bom design é algo complicado de se fazer e que desvirtua completamente o desenho da peça. Para se fazer uma modificação razoável em um produto de qualidade, é preciso um designer muito competente e, se ele for competente, é mais fácil contratá-lo para criar um novo design.
Porém, vejamos o assunto por outro lado. Se o empresário não registrar o seu produto, o concorrente poderá copiar sem modificações, ou seja, aquilo que foi investido na criação poderá ser perdido e entregue de presente à concorrência.
Fui copiado. Como devo proceder?
A primeira coisa é notificar a pessoa que está efetuando o plágio de maneira formal: judicialmente, por cartório ou até mesmo telegrama com Aviso de Recebimento e cópia.
Se a empresa insistir no erro, pode-se prosseguir com os procedimentos legais. Como o responsável incorre em dolo, o andamento do processo será facilitado.
Eu apresentei a minha idéia em uma feira e já estou vendendo o produto. Quando devo depositar a patente?
As legislações de alguns países prevêem que o pedido de patente pode ser depositado até um ano após a primeira data comprovada de divulgação (através de catálogos, jornais, TV, etc.). Para registros de Desenho Industrial, o período cai para seis meses. Aconselha-se, no entanto, a não correr riscos e depositar a patente antes que ela seja publicada, pois é um entrave a menos caso venha a existir alguma questão legal.
Caso não tenha havido uma divulgação prévia e ocorra a primeira venda do produto, a idéia cairá imediatamente em domínio público. Essa informação é contestada, pois alguns técnicos de patente consideram a venda um tipo de divulgação. É bom não arriscar e efetuar o depósito antes da venda.
E quanto à marca da minha empresa?
O raciocínio é mais ou menos o mesmo do registro de patente. Imagine se você tem uma marca, usando-a por 10 anos sem depósito e outra empresa registra o seu nome e marca? Você gostaria de arriscar ter que mudar o nome da sua empresa após já ter ganho notoriedade? Então registre a sua marca imediatamente após ter sido criada.
O mais importante: quanto custa?
Muito menos do que você pagou para criar e levar o seu produto até a fase de produção. Realmente não vale a pena arriscar ser copiado pelos concorrentes.
As taxas a serem pagas se referem ao depósito, pedido de exame do pedido e uma taxa de manutenção do pedido a cada cinco anos, no caso do DI e anual, no caso de PI e MU.
Piratas, Bucaneiros e Corsários
Você sabe qual é a diferença?
Piratas eram bandidos que saqueavam os navios mercantes para proveito próprio.
Bucaneiros eram piratas que de vez em quando agiam a mando de alguma coroa.
Corsários eram oficiais militares que tinham a incumbência de saquear os navios inimigos para prejudicar os oponentes e enriquecer a sua pátria.
Realmente não há desculpa para a pirataria e é o que há de mais vil e degradante para a riqueza dos povos.
No entanto, as leis de patente legalizam o corso intelectual. Para as nações é interessante que as suas empresas afundem o maior número possível de navios inimigos e apoderem-se do butim, pois isso traz prosperidade para as populações que dependam dessas propriedades.
Os países do extremo oriente são especialistas na arte do corso, pois utilizam-se das suas próprias leis de patente para conseguir vantagens tecnológicas para os seus produtos e empresas. Essa é uma forma, não só legal, como também legítima de apoderar-se do progresso.
Para que um produto seja protegido por leis de patentes é necessário que seja depositado em cada país em que se deseja o privilégio. Ora, um pedido de patente é caro e as empresas normalmente não depositam essa propriedade em locais que não sejam o seu mercado de atuação. Além disso, a concessão de patente existe apenas por um determinado tempo.
Com isso, abre-se flanco ao corso intelectual. É perfeitamente aceitável que um país como a Coréia ou Singapura fabriquem as idéias de outros países e vendam em locais nos quais as empresas inovadoras não depositaram as suas patentes. Afinal, por que desprezar um mercado que o próprio criador desprezou? No final do período de validade dessas patentes, as empresas já estão estruturadas para competir com a firma inventora do produto. O que seria dos tigres asiáticos se não tivessem apreendido essa mentalidade?
Existe uma outra forma de corso.
Conta-se que na década de 50 o presidente americano chamou os seus assessores indignado: “Como é que os russos lançaram o primeiro satélite artificial, esse tal de Sputinik, antes de nós?” “Muito simples, senhor presidente”, respondeu o assessor, “os alemães deles eram mais eficientes do que os nossos...”, referindo-se ao grande número de cientistas que migraram para esses países após a guerra. As grandes nações sempre apoderaram-se de cérebros e isso é um corso bastante lógico. Pequenas nações deveriam adotar essa prática como forma de progresso.
Em resumo, ainda que a pirataria e os bucaneiros sejam práticas e profissionais que devam ser totalmente repudiadas pelas políticas nacionais, o corso intelectual deve ser incentivado por ser forma legal e legítima de prosperidade. e os países que não o praticam ficam simplemente desatualizados nas questões tecnológicas e têm as suas populações empobrecidas.
Criação, Informação e Futurologia
Como vimos, a criação dentro de uma empresa medíocre só depende da disponibilidade de capital e do planejamento de marketing.
A criação dentro de uma Empresa Sublime depende de vários outros fatores. Para inovar, é preciso buscar o que o mercado vai necessitar, antes que os consumidores desejem ou que os concorrentes acordem. É preciso saber não só o que já existe, como também o que ainda não foi inventado.
Como não é possível saber o que ainda não foi inventado, é preciso inventar o futuro.
E como inventar? Para inventar não basta ligar uma chavezinha no cérebro e nem colocar a língua prá fora para ficar parecido com o Einstein. É preciso, não só um preparo de anos, como também toda uma estrutura desenvolvida para proporcionar o ato criativo.
Vamos partir das necessidades para compreender a complexidade do ato de criar e como ele ocorre dentro de uma estrutura empresarial.
A empresa que quiser se tornar sublime terá que ficar convencida a implantar o Departamento de Inovação. Isso significa custo e uma dor-de-cabeça danada para proceder na implantação, mas é o único caminho para sair da mediocridade.
E por que é preciso um setor à parte? O marketing ou a diretoria não poderiam cuidar da inovação? Não. Como já conversamos, o marketing cuida de planejar, e não de inovar. A diretoria não pode estar envolvida com esses assuntos simplesmente porque a criação tem que estar ligada a um setor de nível médio, onde qualquer empregado ou qualquer pessoa de fora da empresa com uma boa idéia possa ter acesso. Apanhar o responsável pela captação de idéias em uma reunião ou em uma viagem pode ser fatal para um projeto em potencial, pois o inventor pode nunca mais retornar. É preciso que existam profissionais que sejam inteiramente ouvidos o tempo todo. Ter grandes e atentas orelhas deve ser o principal perfil deste profissional. Por essência o departamento de inovação importa idéias, enquanto que o marketing, exporta.
A seguir, vamos enumerar os assuntos inerentes ao Departamento de Inovação para que fique mais claro a dimensão do que estamos tratando.
É da competência do Departamento de Inovação tratar:
Invenções, designs, modelos de utilidade, copyrights, direito de lavra, marcas, logos e tudo que for referente à propriedade intelectual da empresa.
A diferença de cada um desses ítens será tratado em um capítulo à parte.
Desenvolvimento de novos produtos dentro das necessidades do mercado de atuação da empresa e crítica de todas as idéias surgidas.
Um alto funcionário do Departamento de Patentes norte-americano declarou que deveriam fechar o seu departamento, pois tudo o que deveria ser inventado, já o tinha sido. Ele falou isso no final do século XIX!
Um diretor da IBM declarou na década de 50 que no mundo não haveria mercado para mais do que cinco computadores. A Kodak recusou a idéia da fotocópia (quem é que iria se interessar por uma fotografia pouco nítida em um pedaço de papel ordinário?) e por isso é que surgiu a Xerox. Quando Graham Bell tentou vender a patente do telefone ninguém se interessou, afinal “quem é que iria querer conversar com uma pessoa com quem não visse a cara?” O inventor do velcro morreu sem ver o seu produto industrializado. No início do século se discutia se a luz elétrica não seria mais um modismo. Quando começaram as primeiras locomotivas, foi proposto que fossem construídas paliçadas ao longo da via para que as pessoas que assistiam ao trem passar não ficassem epiléticas (!) com tal velocidade.
Por fim, essas você deve lembrar:
- “a calculadora eletrônica deixará as pessoas burras.”
- “a comida feita no forno de micro-ondas dá câncer.”
- “o CD tem menos resposta de freqüência do que o LP.”
Como dizia o filósofo romano Cícero, “não há absurdo que não tenha ainda sido proposto por algum filósofo”.
Você pode estar certo da seguinte afirmação: toda vez que surgir uma grande idéia, irá surgir um idiota para falar besteiras sobre ela.
O Departamento de Inovação, além de criar os novos produtos que a empresa precisa, também tem que bancar o advogado do diabo e criticar estes produtos antes que o mercado o faça, pois, afinal de contas, e se o idiota de plantão tiver razão desta vez?
O desenvolvimento do produto precisa de um método, não só para o projeto, como antes de mais nada para decidir o que projetar. O anexo no final do livro nos dá um checklist de como efetivar esse plano.
Estudos de aproveitamento de resíduos industriais.
O que fazer com o que sobra? Além de não ser politicamente correto dispensar o resíduo industrial, sempre pode haver algo lucrativo a fazer com ele. É só fritar um pouquinho os miolos que se descobre o que fazer com quase qualquer resíduo.
O mais difícil de resolver são os resíduos químicos e radioativos, que muitas vezes não têm solução viável, para o resto, é só boa vontade.
Algumas coisas a fazer com o resíduo da sua empresa:
- Novos produtos cotidianos. Pratos, jogos de mesa, porta copos, etc.
- Aglomerar o resíduo para a confecção de tijolos.
- Vender.
- Aproveitamento em ração animal.
- Tratamento.
- Retorno ao processo industrial.
- Fertilizante.
- Aterro.
- Combustível.
- Preenchimento de objetos ocos.
- Embalagens.
- Aglomerados para contenção de marés e molhes marítimos.
- Flutuadores.
O aproveitamento de resíduos, além de resolver problemas como o de espaço, imagem social da empresa, meio ambiente, custos de transporte, etc., pode ainda, se for bem conduzido, trazer uma inesperada fonte extra de receita.
Pesquisa de inovações tecnológicas.
Conhecer máquinas, equipamentos, produtos químicos, enfim, tudo o que diz respeito à produção da empresa.
E como seria o método ideal para executar esta pesquisa?
Presença em feiras, congressos, reuniões.
Muito importante. Normalmente já praticado pelas empresas.
Catálogos de empresas produtoras de máquinas e equipamentos
Também já praticado normalmente.
Revistas
Assinatura de revistas de design, revistas empresariais, revistas de curiosidades científicas, de ciência, de promoção de nações e de gabinetes de integração comercial, pelo menos uma revista semanal, várias do setor específico da empresa.
TV e vídeo
Assinatura de TV à cabo e deixar a TV sempre ligada, em volume baixo em um canal como o Discovery Channel nas salas das pessoas responsáveis pela criação. Autorizar que o trabalho pare toda vez que aparecer algo que possa vir a ser de interesse para a criação. Ter um vídeo à postos para gravar e reproduzir temas interessantes.
Internet
Boa e rápida, de preferência à cabo e com as últimas inovações em termos de velocidade da conexão e da máquina.
Assinatura de informativos do órgão nacional de patentes
Um boletim informando todas os pedidos de patente na área solicitada pode ser enviado pelos departamentos de patentes, mediante pagamento de uma taxa, para a empresa.
Presença em universidades e centros de pesquisa
É impressionante o número de boas idéias que saem, ou melhor, não saem dos laboratórios universitários. Considerando que muitos dos institutos de pesquisa não servem para produzir resultados, mas para produzir “papers”. Os laboratórios públicos são ao mesmo tempo uma fornalha de criatividade e de produção de teses, mas, salvo raríssimas excessões, não têm quase nenhum contato com as empresas e com a comunidade. Um e-mail por mês para inteirar-se das inovações de cada universidade e centro de pesquisa brasileiro só custa esforço e boa vontade e pode trazer resultados inesperados para dentro da empresa.
Aquisição de novidades
Compra de produtos concorrentes e lançados em outros países.
Divulgação pela imprensa do desejo da empresa em adquirir novidades
Um número enorme de inventores, alguns malucos, outros nem tanto, irão aparecer para oferecer suas idéias.
Este último tópico tem um detalhe. As regras de compras de novidades têm que ser claras e limpas para ambos os lados. É preciso desenvolver um contrato de transferência de idéias, levando em conta o seguinte:
- uma idéia não é propriedade de ninguém, mas apenas a expressão da idéia (patentes, marcas, direitos de lavra e direitos autorais). Se a empresa não der garantias de que não vai roubar a idéia, ninguém irá aparecer para oferecer. O autor deste livro realmente acredita que a sua empresa é ética e honesta, mas será que o Leonardo da Vinci de plantão irá ter essa certeza? Preste a atenção no que está aqui sendo falado: existem idéias que não são passíveis de patente ou de registro, mas são geniais. Essas idéias também precisam ser captadas.
- idéias patenteadas produzem negócios mais simples, porém o prazo de utilização pode ser extremamente curto e não ser interessante para o investimento. Idéias recém depositadas podem vir a ser uma opção bem melhor.
- “copyrights” têm um prazo de validade absurdamente alto. Comprar idéias que possam ser utilizadas em campanhas de marketing podem vir a ser extremamente lucrativas, não se atenha apenas às patentes.
- se a pessoa que quiser oferecer uma idéia a tiver visto em outro país ou num filme e ache que pode ser interessante para a sua empresa, como recompensá-lo pela iniciativa de ir oferecer, uma vez que ele não tem qualquer direito sobre a idéia?
- se o contrato for fechado em cima de porcentagens sobre as vendas, como o inventor irá ter certeza que a sua empresa não trabalha com caixa 2, de forma pirata ou faz malabarismos na contabilidade para enganá-lo sobre os seus rendimentos?
Em resumo. Para analisar se uma idéia será lucrativa, a empresa antes tem que captar esta idéia Para captar idéias, a empresa precisa pensar no lucro do inventor e não no seu próprio lucro, pois se não tiver isso bem claro, ninguém irá oferecer as suas criações.
Organização e coordenação do grupo de trabalho criativo.
Um grupo feito para criar não vai produzir mais se for tratado sob chibatadas. Pelo contrário, essas pessoas criam andando de bicicleta, embaixo do chuveiro, no meio do período de férias e conversando sobre futebol nos corredores...
Certa vez, um vizinho passou pela casa de um escritor que estava cortando grama e puxou conversa: “Trabalhando um pouquinho, hein?”. O escritor respondeu: “Não, eu estou descansando.” Algum tempo depois ele passou de novo e o escritor estava deitado na rede. O vizinho falou: “Descansando um pouco?” e o escritor: “Não. Agora eu estou trabalhando.”
É mais ou menos isso. Tempo de trabalho nem sempre é tempo criativo. Tempo de descanso, nem sempre é tempo ocioso. A Empresa Sublime precisa entender esta questão.
A Lei da Gravitação Universal foi pensada quando Newton viu cair uma maçã. Os filósofos gregos tinham as suas idéias nus, caminhando em círculos e discutindo com os colegas. Arquimedes descobriu as leis do empuxo tomando banho em uma banheira. Sade escreveu suas obras na prisão. Mozart compunha jogando bilhar. Einstein aprendeu a caminhar aos três anos de idade. Churchill era o pior aluno da sua classe. Van Gogh, Camille Claudel e Lawrence da Arábia tinham problemas mentais. A estrutura do anel de benzeno, base da química orgânica, foi descoberta enquanto o químico dormia e sonhava.
A inovação acontece muitas vezes por puro acaso, é fato. O mata-borrão, os raios-X e o LSD foram descobertos por simples coincidência. Colombo veio três vezes à América e morreu sem saber que havia descoberto um novo continente.
Acontece que se pensarmos assim, vamos passar a entortar as pernas dos meninos que jogam futebol, pois Garrincha, um dos maiores jogadores de futebol brasileiro de todos os tempos tinha pernas tortas e vamos desejar que os músicos fiquem surdos, pois para Beethoven deu certo...
É claro que é preciso ser um pouco condescendente com grupos que tratam do processo criativo, mas também precisamos lembrar que a lâmpada elétrica foi descoberta depois que Edson testou 14.000 filamentos diferentes e a catedral de Notre Dame demorou alguns séculos para ficar pronta. Para o 1% de inspiração é necessário haver também os 99% de transpiração.
Se houverem apenas gênios de “insights” no grupo, este não funcionará. e se não houver ninguém no grupo com essa característica também irá fica faltando alguma coisa. O ideal é que exista um certo equilíbrio entre criadores “insighteres” (os que têm muitas idéias, algumas brilhantes) e criadores “carneiros” (aqueles que batem a cabeça até quebrar e chegam a resultados pela persistência). É preciso ter muito cuidado, pois a nossa ética protestante do trabalho nos faz valorizar o “carneiro” e desprezar o “insighter”, mas eles são igualmente importantes em um grupo.
Ao existir este equilíbrio entre “insighteres” e “carneiros”, precisamos considerar que, assim como é preciso existir muito mais soldados do que generais, o número de “carneiros” precisa ser bem maior e, ao mesmo tempo, encaminhar os “insighteres” para cargos de liderança, pois normalmente possuem uma visão global mais apurada do que as demais pessoas e por isso têm maior possibilidade de produzir mudanças sublimes dentro de uma empresa.
Um terceiro grupo necessário ao processo criativo é o grupo de execução das idéias. Não é coerente colocar pessoas que serão responsáveis pela área de criação para preencher relatórios, executar plantas e detalhamentos técnicos, renderizações de desenhos, acompanhar pedidos de patentes, cuidar da correspondência ordinária e outras tarefas nas quais se pode contratar pessoal com remuneração inferior.
Uma vez estabelecido um grupo o mais próximo do ideal possível (com “insighteres”, “carneiros” e pessoal de apoio) é necessário encaminhar este grupo para que seja detonado o processo criativo. Para isso é preciso desenvolver métodos de trabalho. Esses métodos serão tratados no capítulo correspondente.
Organização de banco de dados ou biblioteca de informação tecnológica dirigida para o campo de atuação da empresa
Compilação dos dados obtidos de forma que possam ser consultados no futuro.
Identificação e listagem de prestadores de serviços e pessoal de apoio
Quem conserta rápido e bem o computador? Quem é o melhor e mais barato fabricante de matrizes? Quem fabrica embalagens?
Além dos que já estão trabalhando para a empresa, será que não se consegue o mesmo serviço mais barato? Talvez em outro estado ou cidade? Talvez consiga se terceirizar determinada atividade na China a um custo mais baixo do que ali na esquina.
Este é um trabalho que precisa ser constante, uma vez que o mercado está em eterna mudança e sempre pode-se conseguir um preço um pouco menor por serviços.
Dependendo do porte da empresa, não é uma má idéia contratar um empregado apenas com a função de baixar custos. Alguém que tenha sido comprador de rede de supermercados normalmente tem um bom perfil para esta função.
Estudo de novas áreas de atuação, derivadas do campo atual de trabalho da empresa, ou não.
Repetimos: o objetivo da sua empresa não é produzir calçados, automóveis ou componentes eletrônicos. O objetivo de toda empresa é gerar o máximo lucro. Se surgir uma idéia cuja previsão é a de gerar um lucro excepcional, não interessa se é ou não na área de atuação da empresa. Se inventarem a máquina do tempo na sua empresa, você irá mandar o inventor às favas só porque gostaria que ele tivesse inventado um desentortador de bananas? É claro que não. É preciso estar aberto à novos campos de investimento, se eles se mostrarem lucrativos.
Portanto, se alguém chegar a você dizendo que descobriu o carro voador, a máquina do tempo e a cura do câncer pense bem antes de expulsar o inventor com o argumento que a sua não é uma fábrica de máquinas do tempo, indústria de carros voadores e nem laboratório de pesquisas científicas e por isso não poderá aproveitar aquelas idéias.
Planejamento de marketing, viabilização de custos e estabelecimento de preço de novos produtos criados.
Isso é um pouco a área do marketing, mas é preciso ter alguma noção de viabilidade de mercado das criações. Não estamos aqui falando de informações precisas, mas uma estimativa para poder comparar as diversas idéias surgidas para verificar as que terão maior rentabilidade, maior impacto social, divulgação da empresa, etc.
Ainda que seja da responsabilidade do setor de marketing o acompanhamento do produto logo antes e depois de ser lançado no mercado, é preciso ter estimativas, ainda que superficiais, enquanto o produto ainda não passa de uma idéia para que a diretoria possa tomar decisões baseadas em informações mais próximas do real.
Para que isso ocorra, é preciso o conhecimento de dados demográficos, de mercado e ainda saber fazer estimativas de custo.
Aproveitamento do potencial ocioso de máquinas, equipamentos, instalações e pessoal, inclusive os equipamentos em desuso.
O que fazer com o velho equipamento de telex da empresa? Tem uma marcenaria que é usada só uma vez por mês? O porteiro não poderia distribuir algum folder aos visitantes? O saguão não poderia ser usado para exposições artísticas dos funcionários e familiares na hora do almoço?
Estudo de design de ponto-de-venda e planejamento visual da empresa.
O expositor de produtos é um monte de arame com uma tarja empoeirada em cima? A marca foi feita na década de 70 e já se perdeu o original? O prédio está pintado de uma cor que não tem nada a ver com a identidade visual da empresa? A percepção de tudo isso é de responsabilidade do Departamento de Criação.
Em supermercados, local onde a concorrência é nítida e acirrada, ainda vê-se uma certa preocupação com o ponto-de-venda, mas existem setores nos quais as empresas parecem estar vivendo no século passado e negociando com velhos armazéns. Os setores de veterinária, de roupas para classes mais pobres, de pisos laminados, colchões ou de brinquedos (puxa vida, até brinquedos?) normalmente são exemplos de como não se deve mostrar o produto para o consumidor. Pense se não é verdade.
Ora, se houve toda uma preocupação com a qualidade do produto e com a embalagem, por que não apresentá-lo ao cliente da melhor maneira possível?
O ponto-de-venda, cotidianamente chamado PDV ou POP(point-of-purchase), e a imagem da empresa, todos sabem, são importantíssimos mas, além do trabalho dos promotores de vendas que cuidam do cotidiano da exposição, é também necessário o olho mais atento de um profissional da área criativa, uma vez que sempre há algo para ser melhorado e algum custo para ser reduzido nesse setor.
O expositor está quebrando mais em um ponto do que em outro? Tem algum local onde as pessoas passam a mão e está descolando algo? A constante troca de preços ou promoções está danificando alguma área do display? A marca está dentro do seu tempo? Ao se passar na rua em frente, tem algo que chame a atenção, de preferência que faça com que as pessoas usem o nome corporativo como referência geográfica? O tótem da entrada é adequado? E as placas de informação aos visitantes?
Depósito de patentes e registros de propriedade intelectual em geral.
Todos têm prazos e exigem documentos sobre os quais é preciso uma atenção constante.
O setor jurídico pode cuidar disso, mas relatórios precisos e desenhos detalhados das invenções sempre serão necessários. Um acompanhamento técnico é bastante aconselhável nesse particular.
Os documentos de direitos autorais só necessitam ser arquivados em local seguro, pois não precisam de maiores cuidados.
As patentes, os registros de design e as marcas, no entanto, necessitam de um acompanhamento, pelo menos, mensal, pois é preciso verificar o andamento de processos e, depois que eles foram concedidos, pagar taxas de anuidade e de manutenção dessas propriedades.
Para fins jurídicos, a propriedade intelectual é considerada um bem móvel e pode, portanto, ser vendida, arrendada, emprestada ou doada.
Quando a propriedade intelectual possui dois ou mais autores, todas as decisões pertencem a todos, sendo que um deles não pode fazer qualquer ato, sem o consentimento formal dos demais.
Um particular nesse sentido é com relação às idéias puras, tais como fórmulas e teoremas matemáticos, teorias, regras de jogos, idéias para negócios, técnicas e estrategemas, etc. Não é possível obter-se a propriedade intelectual de uma idéia, mas apenas sobre a expressão dela (patentes, registros de design, direitos autorais, marcas, logos e direitos de mineração).
No entanto existem idéia puras que podem vir a tornar-se um bom negócio: a colocação de cadeiras nas filas de bancos, colocar um “boneco biruta” na porta da loja, fazer uma campanha de marketing que envolva pessoas deficientes, isto é, mesmo que boas idéias não possam ser apropriadas, elas têm valor comercial.
Sendo assim, a empresa tem um impasse. Como esperar que alguém ofereça uma boa idéia que não é propriedade dele e como poder recompensar por esta alternativa?
Uma boa solução é um contrato de prestação de serviço (veja o exemplo de um, no Anexo 2, ao final do livro) no qual a pessoa que dá a idéia recebe uma remuneração, não pela idéia em si, mas pelo trabalho de ir até lá oferecer. Daí sim, o oferecimento da idéia passa a ter valor legal. Pode ser colocada a remuneração, em termos absolutos ou porcentagens sobre o lucro, caso a idéia venha a ser aproveitada pela firma. Caso não exista interesse, pode ser previsto um limite de tempo (digamos, cinco anos) e que a empresa não poderá utilizar-se desse serviço sem pagar ao idealizador.
Problema número 1 desse contrato: a equipe cair em um erro grosseiro de interpretação e recusar uma boa idéia que possa ser um importante fator de competitividade no mercado. Recusar uma boa idéia que o concorrente assume, significa que você pode ficar vários anos tendo de pagar para o inventor que ofereceu antes a você, sem ter tido o privilégio de lançar a novidade na frente. Quanto melhor visão tiver a equipe, melhores serão os lucros advindos desse tipo de negociação.
Problema número 2: a não compreensão de que é a única maneira de coletar idéias não sujeitas à propriedade. É preciso escolher entre pagar por algo que não é de propridade do criador ou não coletar essa idéia e arriscar que um concorrente venha a ter em primeiro lugar.
Futurologia: descobrir o que o mercado vai necessitar no próximo ano, daqui a 10 anos e daqui a 30 anos, se possível.
E como fazer isso?
Com informação e pesquisa proveniente da biblioteca de informação tecnológica.
A futurologia não é adivinhação ou tarefa de cartomantes, pois, ainda que tenha muito de sensibilidade do analista, deve ser baseada em fatos concretos, muitas vezes totalmente desconexos.
Exemplos.
As fábricas inglesas do século XVIII implantaram o tear mecânico para dinamizar a sua produção. No início do século XX, aproveitou-se o sistema de cartões perfurados desenvolvido pelas confecções para medir estatísticas de censo. Esses cartões perfurados foram a base de informação dos computadores antes de existir a leitura magnética. Os computadores substituíram os cartões perfurados por fitas, depois por disquetes e, mais modernamente por leitura óptica. Agora vem a pergunta: o que um DVD tem a ver com o seu tataravô, um tear mecânico do século XVIII? Ao mesmo tempo muito e quase nada.
No final do século XIX, uma revista publicou um artigo com previsões para o século XX. Dizia que as saias das mulheres subiriam tanto que iriam chegar à altura dos tornozelos. Dizia também que os transatlânticos cresceriam tanto e teriam tantas chaminés que no “futuro” seria possível atravessar o atlântico na incrível velocidade de... três dias!
Com esses exemplos, portanto, vemos que os futurólogos precisam usar a sua arte, analisando dois aspectos básicos. O primeiro deles é a tecnologia existente e seu impacto social. Será que a Internet não será um dia acessada por satélite a uma velocidade inimaginada atualmente? Provavelmente sim. Então os computadores não deveriam estar sendo pensados para dispensar os cabos e tecnologias que permitam a transferência de arquivos mais “pesados” (imagens holográficas, vídeos de alta definição, freqüências inaudíveis de vibrações, etc.)? Se a população está se tornando mais idosa e mais gorda, não deveriam ser pensados letreiros maiores e cadeiras que propiciem um apoio ao se levantar?
O segundo aspecto é o de mudanças de paradigmas. O que leva a crer que a sociedade do futuro será baseada no nosso pensamento atual? Será que a moral de hoje é a mesma de 20 anos atrás? E a tecnologia é a mesma? E as condições de mercado? E o nível de educação do consumidor?
Quais são os paradigmas que irão se manter? A ciência fará com que as pessoas tenham menos crendices ou a massificação da cultura fará explodir grupos de fanáticos religiosos? A família nuclear irá se manter? Os atuais filhos de pais separados também irão tender ao divórcio ou irão formar famílias mais coesas? Ou nada disso e as pessoas do futuro irão se tornar poligâmicas? Ou irão se relacionar sexualmente apenas por dispositivos acoplados no computador?
O capitalismo vai continuar crescendo indefinidamente ou uma crise econômica global se avizinha? Existe uma possibilidade de se descobrir uma forma nova de produção de energia?
Estas análises que avaliam dois fatores, as atuais tendências e a possibilidade de ocorrerem pontos de virada, influenciam diretamente no lançamento de novos produtos.
A importância do estudo do existente nos dá um panorama das tendências, mas as mudanças de paradigmas são assuntos de filosofia, extremamente discutíveis. No entanto, ainda que não possa ser estudado de forma metódica, essas possibilidades de viradas radicais não só existem como algumas delas certamente vão acontecer mais cedo ou mais tarde e por isso devem ser pensadas como um futuro real.
Um bom futurólogo é portanto, além de um analista perspicaz, um bom filósofo. O conhecimento profundo do mundo que nos cerca e o poder da imaginação são dois requisitos importantes para esta profissão.
Captar idéias dentro de outros setores da empresa e incentivar mudanças positivas e inovações.
Todo ser humano é criativo. O departamento de inovação não é o único a ter idéias.
Será que o faxineiro, olhando o dia todo para o seu esfregão não teria uma idéia de como melhorá-lo, se for ganhar alguma coisa com isso? E será que sua firma se importa em ouvir um simples faxineiro ou o despreza completamente?
O físico Maxwell era encadernador de livros. James Watt era um mecânico de 26 anos quando desenvolveu a máquina à vapor. O biólogo Mendel, descobridor das leis da genética era padre. O poeta Rimbaud, era traficante de armas. Orson Welles era um rapaz de 25 anos quando dirigiu “Cidadão Kane”. Tolstoi aprendeu a andar de bicicleta aos 65 anos de idade.
Isso quer dizer que ninguém é desprezível ou espetacular. O que faz o ser humano é a sua capacidade e não a sua idade ou nível social.
Este preconceito vem desde a infância quando nossos pais nos perguntam o que vamos ser quando crescer. Ora, a criança é um ser humano, e a pergunta “o quê” se aplica apenas a coisas. Ao pensarmos em inovação, cada um deve se perguntar, isto sim, QUEM é que deseja ser ao crescer e PARA ONDE queremos conduzir a empresa. Portanto, se você é uma pessoa que decide dentro da sua empresa, tente não coisificar o próximo, pois esse pensamento só trará prejuízos.
Para captar idéias, o primeiro passo é a remuneração adequada do profissional criador. As empresas normalmente enxergam os inventores e detentores de direitos autorais como sanguessugas inúteis ao trabalho árduo e cotidiano da instituição. Muito raramente pensam neles como parceiros de negócios, que é o que eles realmente são.
É preciso levar em conta que inovação é uma ocorrência extremamente rara na nossa cultura empresarial e por isso as pessoas precisam ser informadas dessa nova determinação da firma. Regras transparentes devem também ser criadas no sentido de apagar qualquer dúvida ou suspeita, pois idéias são como filhos e ninguém quer casar os filhos com qualquer um que aparecer por aí.
Pessoas mais instruídas têm idéias mais elaboradas. O incentivo aos estudos e à educação são sempre bem vindos. Apresentações de teatro, vídeos educativos, organização do coral da empresa, sala de leituras, assinatura de revistas semanais e jornais, etc. são um investimento muito interessante para quem deseja inovar.
O reconhecimento público daquele que inova também é importante. No mês em que o funcionário, parente ou qualquer pessoa ligada à empresa participou da campanha de criação, a sua fotografia deve estar exposta no mural com muito destaque e com um relato a respeito do seu prêmio (que podem ser mais dias de férias ou folgas, bônus, promoção, etc.) para que outros tomem o exemplo e se incentivem a criar também.
E, o mais importante, é ter um canal aberto para essa comunicação, uma espécie de ouvidor, profissional acessível a todos que quiserem trocar ou oferecer idéias e dar sugestões. O profissional de criação não pode estabelecer-se em um setor olimpiano e elitista, pois isso embotará muitas possibilidades de aquisição de novas propostas.
Prestação de serviços para outras empresas não-concorrentes que queiram também inovar ou que possam aproveitar idéias descartadas pelo departamento de criação.
Muitas vezes a realidade da empresa, o tipo de maquinário, equipamento, fornecedores ou clientes não permitem o encaminhamento de determinado projeto que tenha boas chances de sucesso.
Assim, ou deixa-se a idéia engavetada para um uso futuro que provavelmente não ocorrerá, ou vende-se essa idéia para outra firma.
A venda de idéias é algo extremamente complicado, pois, como vimos, o empresário médio só arregala os olhos para bugigangas que já estejam sendo vendidas em alguma loja de baixa qualidade de algum país estrangeiro. Nós, das Américas temos essa herança dos tempos daa colônia em que os bons tecidos vinham de Lion, os bons metais vinham das docas de Liverpool e a boa música vinha de Milão. Os motivos históricos desse comportamento não vêm ao caso, o fato é que existe essa cultura do plágio e as pessoas não costumam se importar em ser, além de desonestas, macaquinhos de imitação.
Por isso, é preciso que exista um profissional que cuide exclusivamente da venda de idéias, um corretor de patentes e de direitos autorais. No mercado existem poucos e há muita desonestidade nesse setor, é preciso tomar muito cuidado para não entregar o seu projeto para um aventureiro ou para algum crápula que só pensa em tirar o seu dinheiro sem prestar o serviço.
Um valor de 25% sobre o valor obtido com a venda não é uma taxa alta a ser paga para este profissional, pois vender uma idéia não é tão simples como vender um carro ou um apartamento, os gastos são consideravelmente maiores do que um simples anúncio nos classificados. Por isso, ou a empresa delega um funcionário para essa função ou contrata alguém de fora para a realização dessa importante tarefa.
Estruturação do departamento para evitar a ocorrência de indivíduos imprescindíveis, ou seja prever a possibilidade de substituição de pessoal no caso de saída de funcionário da empresa.
O conhecimento em um departamento de criação deve ser o mais espalhado possível, justamente para evitar que existam pessoas imprescindíveis, as quais colocaria o departamento por terra, caso viessem a faltar.
Para que isso ocorra, é necessário que todos os projetos, métodos e idéias estejam muito bem documentados e com simples acesso. Atas de reuniões, pastas de projetos e a organização do escritório são fundamentais.
Mudanças de paradigmas.
Implantar um departamento responsável por inovações já é, em princípio, uma mudança de paradigma, mas o que interessa é que esta mudança ocorra dentro das cabeças dos outros setores da empresa e da sociedade, ou seja conseguir convencer que a inovação trará um lucro real ou uma vantagem competitiva significativa, além de um benefício ao consumidor.
Mudar paradigmas não é fácil e esta inércia já aniquilou com várias idéias grandes, sensatas e, quem sabe, se não realizáveis.
Alguns dos grandes paradigmas que foram modificados no decorrer da história e que hoje nos parecem óbvios.
Lixeira: você sabe que as ruínas de Tróia foram encontradas embaixo de outras onze cidades? Sabe por quê? As pessoas na antigüidade não conheciam lixeira. simplesmente jogavam o seu lixo e dejetos no meio da rua, até chegar ao ponto do nível do passeio subir e se ter que construir outra cidade em cima. Imagine o problema que foi convencer as pessoas a jogar o lixo em um só lugar e depois colocá-lo bem longe.
Papel higiênico: como convencer as pessoas a deixarem de usar folhas de jornal e comprarem papel higiênico? Um dia alguém teve que fazer isso.
Arame farpado: o arame farpado fez a riqueza do oeste norte-americano. Como é que alguém convence um bando de fazendeiros toscos a prender o seu gado ao invés de deixá-lo solto pelas pastagens?
Banho: para os primeiros europeus que chegaram até a América, banhar-se era visto como algo inferior, hábito de índios. Como uma população inteira convenceu-se a tomar banho?
Vacina: no início do século, a cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, viveu uma guerra civil porque o governo decidiu vacinar a população toda. As pessoas acreditavam que o governo estaria colocando vírus nos seus filhos. Como convencer a população que os microorganismos inativos eram o que iriam propiciar a cura?
Fax: como convencer as empresas a deixarem de lado os seus equipamentos de telex e passarem a usar o fax?
O Departamento de Criação, portanto, não é só responsável por romper com seus próprios paradigmas, mas também a convencer os outros a romperem com os deles e essa, talvez, seja a parte mais difícil do seu trabalho.
Perfil do Profissional do Departamento de Criação
Como foi dito acima, temos dois perfis necessários para trabalhar neste departamento, o criador “insighter”, de idéias rápidas e explosivas, e o criador “carneiro”, que rumina os projetos até ficarem perfeitos.
Ambos são facilmente reconhecíveis pela observação de maneira de trabalhar. Ambas as personalidades possuem caracterísitcas comuns a serem analisadas.
Dominar vários idiomas
As informações nos bancos de patentes, catálogos e revistas chegam de diversos países e quanto mais línguas falar, maior a possibilidade de captar dados.
Ter formação técnica e saber desenhar à mão livre
Não importa muito a área de formação, desde que domine termos comuns ao grupo de trabalho. Dependendo do caso, um químico pode trabalhar com um geólogo e com um engenheiro de plásticos, sem problemas e cada um contribuirá na sua área. Essa diversidade é saudável.
O que todos têm que saber é fazer um esboço no papel, ser razoavelmente alfabetizados na linguagem do desenho, pois se todos não falarem essa língua ficará difícil de comunicar idéias.
Ser esperto
Esta não é uma área de títulos e diplomas, mas de criatividade e intuição. O profissional sabe arrumar o motor do próprio carro? Sabe fazer um ovo frito? Tem uma família, é uma pessoa que sabe se relacionar? Tem alguma atividade completamente diversa daquela em que é especialista?
É engenheiro civil, toca guitarra em uma banda e joga basquete? Esse é um bom candidato!
Entende tudo de computadores e quando vai para casa passa os seus fins de semana navegando na Internet? Esse é péssimo, provavelmente deve ter uma cabeça bastante limitada.
A principal qualidade de um cidadão da Grécia Antiga era a capacidade do indivíduo saber falar em público, saber lutar bravamente em batalha, saber costurar a bainha da sua toga, conhecer a melhor época para plantar oliveiras e assim por diante. Esta diversidade de conhecimentos e habilidades era chamada de “aretê”. Para um grego desse período o ato de saber tocar uma flauta maravilhosamente bem não era visto com bons olhos, pois isso era uma atividade de escravos, um cidadão de mente livre não consegue saber algo muito profundamente, pois precisa ter uma visão geral de todas as coisas do cosmos.
Por analogia, devemos resumir a grande virtude do profissional do Departamento de Criação como a de ser um cidadão de aretê.
Há quem diga que um generalista é como um pato, que sabe voar, andar e nadar, mas faz tudo isso mal feito. Essa é uma visão estreita de quem nunca observou uma gaivota que, apesar de caminhar como um pato, sabe voar, pousar e mergulhar maravilhosamente bem. Pelo contrário, pessoas que sabem de várias coisas são mais facilmente adaptáveis e conseguem quebrar paradigmas com muito menos dificuldade.
Na Grécia Antiga, afinal foram estabelecidos todos os padrões artísticos que usamos até hoje, além da máquina à vapor, do caça-níqueis, do robô e, têm-se referências, a existência de uma “máquina voadora”. Os especialistas dos países protestantes demoraram quinhentos anos para chegarem novamente nessas invenções e as reinventaram depois de 2.500 anos de elas já terem sido pensadas por pessoas de aretê.
Ter dado cabeçadas na vida
Em outras palavras, pessoas maduras.
Ainda que seja muito interessante ter alguns jovens no grupo, pois eles são normalmente muito esforçados e trazem um sangue novo para a equipe, o ato de criar necessita maturidade.
A história marcou alguns bons poetas jovens e alguns músicos prodígios, porém não marcou um único gênio da pintura jovem. Existem atividades ageístas, sim, e criar métodos e produtos inexistentes é uma delas. Pessoas jovens normalmente não são recomendadas para inovar simplesmente porque ainda não viveram o suficiente para conhecer muito do que existe no mundo.
Se a sua empresa não quiser, portanto, reinventar a roda, contrate pessoas mais bem informadas, com tempo de formação e com experiências vivenciais.
Obviamente, a sua empresa também não poderá contratar um ancião caquético simplesmente porque ele é vivido. É preciso haver um equilíbrio, maturidade não quer dizer decadência.
James Watt descobriu a máquina à vapor aos 26 anos de idade. Newton construía pontes aos 16. Mozart tocava violino aos 3 anos... O fato de existirem excessões a essa regra sobre maturidade confirma que alguns jovens podem trazer ao grupo boas surpresas também, mas em geral, 25 parece ser normalmente uma idade boa para começar a criar.
Conhecer métodos, e não só produtos
O profissional tem que saber que uma peça precisa ter um molde fácil de desenformar, senão o seu custo vai ficar mais alto. Precisa saber que ao trabalhar com chapas precisará dimensionar o produto para um melhor aproveitamento de material. Precisa saber características de plásticos, de metais, de ferramentas, de máquinas.
Em outras palavras, pessoas só teóricas não resolvem problemas.
Conhecer gente e empresas
É sempre bom saber quem procurar para resolver determinado problema. Ainda tem contato com o ex professor da faculdade? Sabe quem faz serigrafia bem e barato? Sabe onde arrumar um estatístico? E um ilustrador de desenho animado?
Esse tipo de contato dinamiza muito o trabalho de uma equipe de criação.
Saber pesquisar
Só sabe pesquisar quem já pesquisou. Qualquer um sabe usar a Internet, mas quantas pessoas sabem achar alguma coisa interessante no monte de lixo que é a rede? E uma informação complicada de se achar, este profissional conhece os meios de procurar? Conhece programas de computador que resolvam muitos dos seus problemas?
Sabe “zipar” um arquivo (ou, pelo menos, o que significa “zipar”), sabe como instalar um novo software no computador e outras ações básicas?
Sabe como apresentar um relatório, de maneira que não se tornem enfadonhas nem a leitura, nem a apresentação?
Ler
Profissional sem hábito de leitura, não serve, pois senão como é que vai adquirir informações para trazer para o grupo?
Não ter problemas jurídicos ou bancários
Viagens são sempre necessárias. Como o profissional vai pedir um visto para outro país tendo problemas pessoais dessa natureza?
Trabalhar bem em equipe
O trabalho de criação é um trabalho em equipe. Quem é rebelde, agressivo, arrogante, etc. não pode estar no grupo.
É preciso saber abdicar idéias com facilidade e, ao mesmo tempo, saber defender as suas idéias com educação e respeito pelas dos demais.
Conhecer um pouco de economia
Ter a noção de que nem tudo que é criado pode ser vendido e que, por mais genial que seja a criação, muitas vezes, e normalmente isso acontece, é preciso abdicar de um determinado produto em prol do outro. É preciso saber também quanto o mercado pagará, mais ou menos, pela idéia.
Saber abdicar de horários
O ato criativo não tem hora para acontecer. É preciso até estar com um caderninho para anotar idéias nas férias e na cabeceira da cama enquanto dorme, pois, e se surgir uma idéia no sonho?
O criador é um pouco como um médico plantonista. Tem que estar preparado a todo instante para trabalhar.
Como foi dito, além de todas essas caracterísiticas, devemos considerar que existem dois tipos humanos bem particulares e bem importantes para a área de criação, o tipo de idéias explosivas e espontâneas, que chamamos de “insighter” e o tipo que executa trabalho árduo e dedicado, que chamamos de “carneiro”.
Como reconhecer cada um deles?
O “insighter” não é metódico, parece desorganizado, tem uma mesa cheia de papéis, não busca o objetivo, mas a maneira de atingi-lo e faz várias tarefas ao mesmo tempo.
O “carneiro” é metódico, organizado, concentra-se no objetivo e faz uma coisa de cada vez.
Dentro de uma estrutura, um não vive sem o outro. Se a empresa não tiver idéias brilhantes não consiguirá decolar e se não tiver quem cozinhe e apronte essas idéias, também não conseguirá bons objetivos. Dificilmente essas características estarão em uma única pessoa, por isso é sempre importante o trabalho em equipe.
Materiais e Processos
É necessário um certo conhecimento de materiais para o ato de criação. A função destes aforismos é a de fornecer conhecimentos bastante básicos que possam vir a ser úteis no ato de criar e no de avaliar uma determinada criação.
O papel
Dentre os milhares de tipos de papel, existem alguns grupos que precisam ser conhecidos.
Os papéis são obtidos pelo processamento da pasta de celulose extraída de árvores. Esta pasta pode sofrer um processo de clareamento ou não.
O processo de clareamento de papel é altamente poluidor, por isso, produtos e campanhas de apelo ecológico devem optar pelo papel não clareado.
Podem ser de dois tipos, “coated” e “uncoated”. Papéis “coated” (couché, em francês) recebem uma camada que torna a sua superfície mais lisa e menos permeável à tinta. Esta camada de revestimento pode ser fosca ou brilhante.
Os papéis “uncoated” (sulfite, por exemplo), ao contrário, são papéis mais porosos e normalmente têm um custo mais baixo.
Existem papéis que recebem tinta na sua massa e por isso são chamados de “inked”. Com este recurso, ganham pontos ou finos fios na sua superfície. Normalmente são papéis nobres, mais caros dos que os “no inked”.
Vários tratamentos de texturas podem ser aplicados à superfície e que produzem efeitos como o “casca-de-ovo”, o “telado” ou o “vergê”, dentre muitos outros.
Existem papéis para dobraduras, muito usados em origami, a técnica japonesa de dobradura de papel.
O tamanho das chapas é de 66cm X 96cm. Ao projetarmos em papel, devemos levar em conta este aproveitameneto.
A palavra “gramatura”, refere-se à massa do papel por metro quadrado. Por conseguinte, quanto maior a gramatura do papel, mais grosso ele será.
Papéis bastante utilizados para modelos e maquetes são o duplex, o triplex e o papelão-couro.
Dobras artesanais devem ser efetuadas utilizando um instrumento próprio chamado de vincador, encontrado em qualquer papelaria. Cortes muito pequenos e detalhados devem ser executados com um bisturi.
A aquisição de folhas em atacados de distribuição de papel é consideravelmente mais barata do que em papelarias. Normalmente esses distribuidores também vendem direto ao consumidor, em pequenas quantidades.
Furos que estão sujeitos à tensão (alças, por exemplo) devem ser sempre recortados com cantos arredondados para evitar rasgos.
Dependendo do produto químico a ser colocado dentro de embalagens de papel, este pode deixar de ser reciclável, indo parar em aterros sanitários.
A massa do papel é altíssima e pode ser muito compactado. Um fardo de latinhas de refrigerantes de alumínio amassadas pesa aproximadamente 60Kg. Um fardo de sacos plásticos do mesmo tamanho, 160Kg. Com as mesmas dimensões, o papel compactado pesa mais de 400Kg.
O papelão é normalmente obtido pela colagem de várias folhas de papel. O mais comum é utilizar-se o papel “kraft”, oriundo de reciclagem, para a confecção do papelão.
Os papéis como o papel-couro, são obtidos a partir do empilhamento de várias folhas de papel, conferindo a eles, grande resistência e massa.
O papelão ondulado é construído por uma onda de papel colada no meio de duas outras folhas, formando assim um sanduíche. é muito utilizado em embalagens de despacho devido à sua grande resistência ao impacto, bom isolamento térmico e baixo custo.
Várias camadas de ondas podem ser montadas, aumentando assim a resitência. Chamamos esses papéis de “onda dupla”, “onda tripla” e “onda múltipla”. Uma onda muito curta dá o nome do papel de “microndulado”.
As dimensões internas da dobra deste papel são consideravelmente reduzidas, o que faz com que o planejamento de embalagens necessite prever essa perda.
As máquinas para a execução de caixas, em empresas comuns, têm normalmente 1m de largura. É conveniente planejar embalagens com essa largura e com até 2m de comprimento de chapa, no máximo.
A Madeira
A madeira pode ser encontrada em vários tons e durezas, e possui características próprias dependendo da sua origem vegetal, e do seu tratamento após o corte.
Quanto ao tom, temos madeiras mais claras como o pinho, o pinus ou o pau-marfim, madeiras médias como o eucalipto ou o mogno e madeiras escuras, como a imbuia.
Madeiras nobres como o marfim podem ser substituídas muitas vezes sem muito prejuízo visual ou de qualidade por madeiras mais baratas, como o goiabão, por exemplo.
Desmatamentos amazônicos normalmente deixam uma enorme quantidade de madeiras de altíssima qualidade simplesmente jogadas no chão, pois o mercado só consome madeiras de alto consumo, como o mogno. Um estudo deste recurso pode trazer uma matéria prima abundante e de baixo custo.
Madeiras claras podem ser tratadas com corantes para darem a impressão de ser outra madeira. O pinho, por exemplo, é uma madeira que se presta muito bem a esta função.
Vários tratamentos podem ser dados à superfície:
- Selador: fecha os poros da madeira e permite a pintura com um menor consumo de tinta.
- Primer: alisa a superfície.
- Verniz: protege e dá uma aparência de suavidade e brilho.
- Laqueamento: cria uma camada espessa parecida com fórmica.
- Fórmicas: uma lâmina colada sobre a madeira para revestir, proteger e propiciar vários tipos de texturas e imitação de materiais.
- Pintura: mudança de tons e cores.
Existem vários tipos de madeira artificial.
Os aglomerados são formados por serragem e são caracterizados por possuírem um baixo custo, mas uma fraca resistência.
Um tipo especial de aglomerado, o MDF está sendo muito utilizado por suas excelentes características físicas e trababilidade, principalmente em máquinas CNC.
Os compensados são formados pelo empilhamento de várias lâminas de madeira. como essas lâminas são coladas com várias direções diferentes de fibras, obtém-se uma excelente resistência em qualquer sentido.
Existem várias máquinas para trabalhar a madeira. As mais utilizadas são:
As serras circular , de fita e tico-tico são utilizadas para o corte de chapas.
A lixadeira é utilizada para alisar cantos e superfícies.
O rebote serve para aplainar a peça.
A tupia tem a função de produzir diversos cantos, formas e molduras.
A furadeira.
A tupia superior faz desenhos na peça.
A CNC é uma espécie de tupia superior ultra precisa, programada por computador. Cria qualquer forma na superfície da chapa.
Atualmente existem velcros que permitem a união de chapas sem o uso de cola ou parafusos. Novas tecnologias para a madeira são constantemente desenvolvidas.
O Metal
A chapa de aço é determinada pela sua espessura e pela sua a quantidade de carbono.
As características físicas do aço são dadas pelas suas características químicas. Um número (aço 1020, aço 1030, etc.) determina essas quantidades. A sua espessura é dada por um número que corresponde à espessura. chapa 18, por exemplo, corresponde a 1,2mm.
Os tamanhos comuns de chapas são 1,20 X 2,00, 1,20 X 3,00 e 1,00m X 3,00m.
O corte de chapas é feito em guilhotinas especiais.
A dobradura de chapas é executada com o uso de prensas. Para cada trabalho é preciso uma determinada carga. Para chapas finas pode-se usar prensas pequenas, de 25 toneladas. Para trabalhos maiores, prensas maiores (40ton ou superior).
Desenhos cortados em chapas podem ser feitos por um processo chamado corte à laser, que é o tipo de corte mais preciso que existe, mas é bastante caro. É o processo ideal para protótipos e modelos. Dependendo do volume de produção, pode-se também fabricar peças diretamente por este processo, dispensando a confecção de ferramentas.
Corta-se chapas também por jatos de água ou por um processo chamado oxicorte.
Para produção industrial de peças em chapas de aço é normalmente necessário criar ferramentas para o corte e as dobras.
O profissional que faz essas ferramentas chama-se ferramenteiro. A empresa que corta e dobras as peças, chama-se estamparia.
Para o corte, normalmente é conveniente fazer punções (batedores, furadores) em um aço chamado widia (do alemão wie diamond, como diamante), que é o aço mais duro que existe, mas que tem pouquíssima resistência ao impacto, podendo ser quebrado como um giz. Para trabalhar a widia é preciso uma máquina chamada de eletroerosão a fio que consiste em um fio de latão que corre recortando a peça, mediante um desenho prévio em computador. Por ser uma máquina cara, nem todos os ferramenteiros conseguem produzir esse tipo de punção.
Muitas chapas podem ser dobradas por uma máquina especial chamada dobradeira, dispensando a fabricação de ferramentas. Normalmente as estamparias têm várias ferramentas já fora de uso que podem produzir furos e dobras que podem vir a ser convenientes para a sua empresa, dispensando assim a cara confecção de ferramentas.
A pintura de chapas de aço é feita por pistola, em uma cabine de pintura ou por pintura eletrostática, também chamada pintura à pó.
A pintura eletrostática consiste em pendurar a peça a ser pintada em um gancho, carregar esta peça com eletricidade estática, borrifá-la com uma tinta em pó, que gruda no metal e depois conduzi-la a um forno, que derreterá a tinta proporcionando uma superfície bastante uniforme. A tinta para pintura eletrostática existe em várias cores e texturas. Para este tipo de pintura, deve-se sempre prever um orifício na peça, pois é preciso um local por onde pendurar no gancho.
É um caso similar da cromagem, niquelagem, cobreamento, etc., processo que consiste em pendurar as peças metálicas em um gancho e passá-la por vários banhos eletrolíticos com a finalidade de produzir uma superfície com o metal nobre existente diluído no banho.
Os metais também podem ser fundidos.
Os moldes para peças fundidas são bastante baratos, em comparação com moldes de plástico.
Após a fundição deve ser previsto um processo de polimento.
O Plástico
O plástico é proveniente do petróleo é fabricado nas mais diversas formas. Aqui temos algumas das mais comuns.
O polietileno é o mais comum e barato. É um plástico flexível muito utilizado em embalagens e brinquedos.
O poliestireno (PS) tem uma trasparência bem maior do que o polietileno e é mais rígido. Muito utilizado em copos plásticos e tem um custo reduzido.
O PET é utilizado em garrafas de refrigerantes, pois tem a característica de não permitir que gases passem por paredes construídas por ele. Tem um custo muito baixo, uma excelente resistência e uma trasparência muito boa.
O policarbonato tem uma altíssima resistência e por isso é utilizado em visores à prova de balas. O seu custo também é bastante alto e tem uma transparência excelente.
O PVC é um plástico muito utilizado em embalagens, tem uma transparência razoável e um custo muito baixo. É muito utilizado também para canos.
O acrílico tem uma excelente transparência, mas tem um custo alto.
O plástico pode ser manuseado por três formas:
Injeção. Consiste em despejar o plástico derretido a uma certa temperatura em um molde, de maneira que ele tome o formato desejado.
Sopro. O plástico e soprado para dentro do molde, aderindo-se à parede. É recomendado para produtos ocos, como garrafas e que tenham reentrâncias.
Estampagem. Dobradura de chapas de plástico.
Uma peça de outro material, metal, por exemplo, incrustrada na peça de plástico chama-se “implante”.
Ao projetarmos um produto para injeção, devemos levar em conta a maneira de remover a peça do molde, pois matrizes simples têm um custo bem inferior àquelas que produzem peças com reentrâncias, pois estas precisam de moldes chamados “de gaveta” para conseguirem ser extraídas.
Devemos levar em conta também que este é um mercado de especialistas. Quem trabalha com a produção em sopro, normalmente não injeta e vice-versa. Quem trabalha com PS não tem a menor idéia de como trabalhar com PET, e assim por diante. Isso quer dizer que você não terá uma melhor solução para o seu problema ao procurar uma empresa de plásticos. É bem mais aconselhável contratar um engenheiro especialista na área, pois ele irá recomendar qual o tipo de plástico mais adequado ao seu produto e o processo mais conveniente de produção.
Os plásticos têm temperatura e maneiras de trabalho diferentes para cada caso. Por isso, quem injeta policarbonato muitas vezes não sabe injetar polietileno. É preciso localizar empresas que atendam as suas necessidades.
Impressões
Várias formas de impressão podem ser efetuadas sobre o seu produto.
A serigrafia consiste na passagem da tinta em uma tela especial que reproduz as letras e desenhos ali previstos. a serigrafia pode ser executada em superfícies planas e curvas, porém a impressão plana é bem mais barata e existem mais lugares que fazem.
A impressão à laser ou a plotagem são maneiras de imprimir trabalhos únicos com uma qualidade excelente. Para reprodução de poucas folhas que não exijam precisão absoluta, pode-se usar também o xerox colorido com resultados razoáveis.
A off-set permite uma tiragem bastante grande, com uma excelente qualidade e a um custo baixo. Ótima para a edição de livros e folhetos.
A impressão tipográfica é utilizada para notas fiscais e recibos.
A flexografia é muito utilizada na impressão de caixas de papelão. Funciona como um enorme carimbo rotatório. Tem um custo muito baixo, mas a qualidade deixa a desejar.
Existem máquinas que imprimem diretamente sobre objetos, como as de validade de produtos, mas normalmente este serviço não é terceirizado, por isso a própria empresa deve adquirir a máquina.
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