terça-feira, 19 de junho de 2007

A Empresa Sublime - Capítulo 4, Métodos de Análise

Capítulo 4 - Métodos de Análise

A palavra “análise” vem do grego e significa “destruição repetida”. Em um setor que trata de inovações dentro de uma empresa, é importante que ocorra essa contínua revisão de conceitos e resultados no sentido de aprimorar métodos e produtos.
Existem três níveis básicos de análise, a análise sintática, a análise semântica e a análise pragmática.
A análise sintática consiste em desmontar a idéia em suas diversas peças constituintes. análise da estrutura, da cor, dos contrastes, das linhas, etc.
A análise semiótica trata dos significados da idéia. Por acaso o seu produto na prateleira do supermercado não lembra um pênis? E o seu refrigerante, não tem cor de desinfetante de pia? A marca da sua empresa de alimentos não poderia ser utilizada para uma firma de construção civil? O expositor do seu macarrão não se parece com expositor de mata-ratos? Se a sua empresa não fizer racionalmente esse tipo de análise, o consumidor certamente irá fazer, mesmo que de forma inconsciente.
A análise pragmática refere-se aos resultados esperados com a idéia. O videofone foi o sonho da humanidade durante todo o século XX, mas quando chegou foi um fracasso de vendas. Por quê? Falta de análise pragmática: custava muito caro e logo foi superado pelas Web Cams. No desenho animado dos “Jetsons” imaginava-se que o homem do futuro não iria mais caminhar, apenas ser transportado por esteiras. As “calçadas rolantes” não pegaram. Nem os colchões de água, que só encontraram mercado em motéis. E nem as calças boca-de-sino, os aviões em “canard” (aqueles com as superfícies de comando na frente) ou os “Kikos Marinhos”. Nem toda idéia boa tem resposta na prática.


Análise Sintática
Aqui está uma lista para a análise de qualquer inovação efetuada pela sua equipe. Um check-list resumido foi acrescido no final desse livro com a função de fazer a análise rápida dos assuntos aqui discutidos mais demoradamente.

Análise do Desenho
A análise visual, seja de um produto, de um anúncio, de uma obra de arte ou de um móvel de ponto-de-venda segue os mesmos critérios e pode ser fracionada em vários elementos. Não estamos aqui falando apenas do desenho no papel, mas no sentido de analisar qualquer forma criada pelo homem.
Para analisarmos o todo, devemos levar em conta as partes, sendo que esta análise, por mais simples que possa parecer, não é dada dessa maneira nas universidades e cursos de metodologia visual. Ali é dado ênfase na análise de pontos, planos, harmonia, ritmo e outros elementos, importantes para as artes plásticas, especialmente para a pintura. Esses elementos devem ser conhecidos, mas tem pouca valia neste nosso estudo que privilegia uma metodologia visual de cunho mais prático e objetivo, mais voltada aos objetos do cotidiano.



Contraste
Salvo rarísimas excessões, como por exemplo se você quiser expressar a luz intensa de um dia ensolarado nas latitudes equatoriais, a natureza é feita de contrastes e por isso esse elemento de desenho deve ser exaustivamente explorado. O claro-escuro, a luz-sombra, cores impactantes, relevos, texturas, etc. são importantes elementos de atração do olho e precisam estar presentes em qualquer objeto.
Existem impactos visuais que chamam o olho para a imagem ou o nosso objeto de estudo está com uma aparência desmaiada?
Se for colorido, as cores complementares são as que dão maior contraste e deve-se tentar fazer uso deste recurso. As cores primárias são o magenta, com sua complementar, o verde, o amarelo, com azul-violeta e o vermelho, com o ciano. A passagem de uma dessas cores básicas para outra nos dá uma infinidade de tons, sendo que cada tom tem o seu complementar. Por método, essas cores são dispostas em um disco no qual podemos encontrar qualquer cor e qual é a sua cor complementar. Esses discos podem ser encontrados em lojas de tintas, lojas de pintura artística ou até na Internet.
Deve-se perguntar também, quando não há contraste, se isso é intencional ou é uma deficiência do trabalho?

Alinhamento, Proporção e Equilíbrio
Os elementos do desenho (produto, expositor, obra de arte, etc.) têm um alinhamento próprio ou os elementos estão jogados a esmo?
O alinhamento disciplina o olho do observador para que ele possa mais facilmente encontrar elementos constituintes do objeto. A falta de linhas nos dá um caos visual que produz uma aparência de desordem e sujeira.

Há um equilíbrio na composição ou grandes massas foram colocadas de forma que o objeto pareça estar pesando mais para um lado do que para outro?
Os desequilíbrios podem ser utilizados para “puxar” o olho do espectador para algum ponto que se julgue importante, porém normalmente é preciso dar uma sensação de estabilidade no conjunto, pois isso relaxa o observador para uma melhor apreciação. O desequilíbrio causa uma certa irritabilidade que é altamente desaconselhável para provocar a atração do consumidor.

Não estão ocorrendo elementos gigantes ou minúsculos?
Uma certa proporção, e por este termo entendemos, em primeiro lugar, a relação com a dimensão humana. Está de acordo com a altura do observador, com o tamanho da sua mão?
Tudo consegue ser lido por uma pessoa normal, sem que ela tenha que apertar os olhos?
A marca da empresa não está estragando os outros elementos ou tão pequena que ninguém repare nela?
Um segundo ponto de proporção, é a relação das formas. Não está muito esguio, parecendo uma mangueira ou muito achatado, parecendo uma barata?

Se não há alinhamento ou proporção ou equilíbrio, isso é intencional ou é alguma deficiência da obra?



Agrupamento e Grau de Importância
Os elementos que tenham algo em comum estão agrupados corretamente ou desorganizados?
Todas as informações devem ser pensadas por afinidade. Na embalagem de waffer, o conteúdo deve estar com o peso líquido não deve estar no mesmo grupo da marca e nem das instruções de abertura do pacote, pois são coisas diferentes.
Ao mesmo tempo, é preciso estabelecer uma hierarquia visual. Qual é o grupo de informações mais importante? Este grupo deve estar com mais destaque.
Dentro do grupo, qual é a informação mais importante? Esta deve ter mais destaque.

Se estes elementos não estão agrupados, é por intenção ou por descuido?

Repetição
Existem elementos repetidos que dêem unidade ao conjunto?
O olho procura sempre por referências comuns. O elemento de repetição é importante para informar que determinado objeto pertence à mesma classe de outro.
Esse recurso é muito importante ao criarmos linhas de produtos, mas também em uma única peça ele deve ser pensado. Se for colocar uma estrelinha estampada no porta-retratos, é possível que ela fique um pouco perdida por ali. Se colocar três ou mais, será interpretada com elemento constituinte do produto, não só um mero enfeite.

Portanto, devemos sempre perguntar se não há nenhum elemento “solto” no nosso produto. Se existir, por que ele está por lá, tem alguma função específica?

Pop-ups e Sangramentos
Existem elementos “pipocando” (pop-up) na imagem do nosso estudo? Os pop-ups normalmente dão movimento e quebram a monotonia do conjunto.
Pop-ups são aquele tipo de elemento visual muito utilizado em embalagens e que expressam normalmente uma qualidade: “NOVO”, “PAGUE 2, LEVE 3”, “NATURAL”, etc.
O mesmo recurso pode ser utilizado na forma de elemento visual, não necessariamente contendo um texto. Setas, bolotas, figuras geométricas, a marca da empresa ou do produto, etc. podem ser utilizados como pop-up, com bons resultados.

Chama-se sangramento quando o pedaço de uma imagem “escorrega” para fora do seu campo natural. Também dá vivacidade às composições.
O sangramento, quando efetuado em uma área que não é o campo da imagem dá uma sensação de tridimensionalidade. Esse recurso é muito utilizado em out-doors.

Margens e Áreas de Descanso
A imagem não está invadindo o campo visual inteiro? Tem margens?
Existem áreas de descanso visual, ou a composição está totalmente poluída e não se consegue distinguir coisa alguma?
Faz parte da organização visual ter um asseio, uma economia de elementos e não se deve procurar preencher todos os espaços pensando que com isso vai-se conseguir poupar algum dinheiro na impressão ou na produção. Não é possível colocar o mundo e mais um pouco dentro do objeto criado, é necessário ter algum critério, reduzir elementos, aumentar o tamanho, o número de folhas, etc.
As margens devem ser bastante significativas e nesse particular, uma grande margem é melhor do que uma pequena. As margens que seguem a linha mais longa do objeto, normalmente pedem um espaço maior do que a dimensão mais curta, por exemplo, numa folha de papel retangular, vista na vertical, as margens laterais devem ser mais largas do que as de cima e de baixo.

Leveza e Movimento
A composição tem leveza e movimento?
Leveza quer dizer que ela não parece estar pesando como um pirâmide do Egito. Para minimizar o problema do peso, pode-se colocar pés, ou, se já os tiver, colocar pés mais finos e, se já os tiver, afinar a ponta dessa base, fazendo com que pareça que ela flutue no ar. Pode-se ainda abrir buracos, utilizar cores mais suaves, usar menos linhas retas, um afinamento para a parte inferior, etc.

Movimento significa que o objeto não parece estático. Linhas curvas e sinuosas, linhas diagonais, desequilíbrios, contrastes, etc. são elementos que dão movimento ao objeto. Linhas horizontais e verticais normalmente tornam o elemento mais pesado e estático.
As linhas são fluidas ou possuem quebras? Linhas quebradas também dão movimento, apesar de necessitarem ser utilizadas com muita parcimônia para não parecer que o objeto está sendo destruído ou está danificado.

Cores
Qual é cor ou combinação de cores mais adequada?

Será que a “cor da moda” não ficaria interessante para esta composição?
A cor da moda pode ser vista em revistas especializadas de design, em exposições de decoração, de arquitetura, etc. As exposições da Casa Cor normalmente são um bom parâmetro para se ver o que está acontecendo de novo em termos de linhas e cores.
A cor da moda está sempre defasada para produtos populares. Normalmente classes sociais mais informadas utilizam as atuais tendências de cor, enquanto as classes mais baixas só conseguem assimilar os valores da elite após um certo tempo. Portanto, não pense em fazer um produto popular com a cor da moda. Utilizar a cor de um ou dois anos atrás pode trazer um resultado bem melhor. Por exemplo, no ano 2000 a cor de móveis populares brasileiros foi o marfim, que foi a cor utilizada pela elite por volta de 1994.
A cor da moda é, ainda diferente para cada gênero de produto. A cor do design de móveis e de decoração é diferente das cores utilizadas em roupas e objetos de uso externo. Normalmente , a cor do design segue a dos novos materiais e descobertas da arquitetura: a ecologia, a tecnologia ou praticidade no trabalho, são modificações sociais que influenciam diretamente essas áreas.

Basicamente, as cores dividem-se em grandes grupos.

As cores vibrantes são jovens e entusiasmam. Objetos que necessitam ser vistos e que chamem a atenção podem ser cobertos com esses tons.
As terras são discretas e são bastante adequadas para produtos de chamada ecológica e de aventura.
Os pastéis são sóbrios e elegantes, sem deixar de ser alegres, bastante ao gosto de consumidores na faixa dos 30-45 anos.
Os marrons sugerem uma seriedade e respeito. São bastante interessantes em objetos sisudos e graves.
O prata sugere elementos bastante elegantes, principamente se jogado com elementos em preto.
O ouro é muito difícil de ser utilizado com bom gosto. Sugere-se a utilização de tons dourados que puxem mais para o bronze.
É mais difícil usar o ouro com bom gosto em produtos do que em design gráfico. Uma explicação que talvez não seja a correta: tornar um produto dourado, conseguir um tom bonito e que não descasque ou se desgaste é bastante difícil, o que não ocorre em folhetos, cartões bancários, etc. Talvez, com o avanço na tecnologia, os produtos dourados tornem-se mais elegantes no futuro, como aconteceu com a cor prata, a qual antigamente também era uma cor difícil de ser produzida com qualidade.

Quatro cores merecem destaque sobre as outras, principamente na confecção de embalagens.
O vermelho é a cor que mais chama a atenção em uma prateleira de supermercado, seguido pelo amarelo. Essa combinação de cores deve ser utilizada, principalmente em embalagens de lançamento de produtos.
Elementos em azul geram um relaxamento e uma sensação de boa vontade por parte do consumidor com relação ao produto. É a cor ideal para atenuar o impacto causado por embalagens vermelhas com amarelo. O azul inspira também limpeza e deve ser utilizado em embalagens de produtos ligadas a essa idéia.
O verde folha é bastante adequado a produtos ligados à ecologia e ao frescor. Produtos de banho, aromáticos, temperos, etc. podem lançar mão deste recurso.
Atenção, no entanto: não é por que você produz biscoitos de limão, que a embalagem deve ser verde. A cor do sabor nem sempre deve corresponder à cor da embalagem. Este é um erro muito comum, e que se vê com bastante freqüência. Devemos lembrar, neste caso particular, que biscoito de limão não possui cor de limão, mas cor de palha. Se colocarmos corante em um biscoito de limão para ficar com cor de limão, as pessoas vão pensar que ele é feito de plástico e é artificial. A mesma coisa acontece com a embalagem, essas relações muito óbvias podem produzir desastres visuais.


Elementos Áureos, Harmônicos e de Aproveitamento
O segmento áureo é uma proporção matemática existente em toda a natureza e que traz grande harmonia às composições. É a proporção existente entre a primeira falange do seu dedo e a falange seguinte, ou entre o dedo e a mão, ou entre a mão e o antebraço. Esta proporção está presente também nos galhos dos pinheiros nas conchas “nautilus”, na estrutura da casca do abacaxi e assim por diante.
Esta relação é da ordem de 1:1,618 e deve ser respeitada para um bom resultado visual. Artistas como Da Vinci, Seurat ou Mondrian faziam amplo uso deste conhecimento.
Essa proporção pode ser obtida geometricamente através de desdobramentos do pentágono, motivo pelo qual na antiga Grécia esse era o símbolo dos filósofos pitagóricos. O pentágono ao mesmo tempo representa o ser humano (com as cinco pontas representando a cabeça e os membros) e a precisão da natureza.
A natureza segue este número por um motivo estrutural, pois é exatamente neste ponto em que as cargas são melhores distribuídas. Isso quer dizer que se você tiver que apoiar duas cargas em uma viga, os dois melhores pontos são justamente na posição distante 1:0,618 dos apoios.
A proporção áurea deve ser utilizada, portanto, não só como ponto melhor equilibrado visualmente, como também como o melhor ponto de resistência.
Um retângulo pode ser construído ainda com essa proporção. Já foram feitos testes nos quais as pessoas escolhiam entre diversas proporções o retângulo mais agradável e a maior parte das pessoas escolheu justamente o retângulo com proporcionalidade áurea.

Ainda que não seja o formato mais atraente ao olho, a Associação Brasileira de Normas Técnicas utiliza como formato padrão o chamado retângulo harmônico (A0, A1, A2, A3, etc.) e os para impressos comuns estes tamanhos devem ser observados, pois são os mais fáceis de encontrar no mercado.

Assim, deve ser pensado o tamanho do produto, ou embalagem basendo-se nesses dois critérios. É preciso levar em conta que o tamanho áureo, apesar de bem mais atraente ao consumidor, torna o produto bem mais caro, por cair totalmente fora da padronização brasileira.
Há um particular nesse sentido para cartões de visita, que devem seguir o padrão internacional, áureo, pois os cartões com tamanho brasileiro (A7) simplesmente não cabem em porta-cartões importados. Sendo assim, você corre o risco de dar o seu cartão para um cliente e ele ser obrigado a cortar as pontas para que ele caiba no porta-cartões. As dimensões de 8.89 X 5.08 mm ( 3.5 X 2 polegadas), portanto, são adequadas para cartões de visita.

Tanto para papel, quanto para madeira, chapas metálicas, tecidos, etc. é necessário ainda prever o aproveitamento para que não ocorram desperdícios de material. Dependendo do porte da empresa, pode-se pensar em impor um novo tamanho de folha mais adequado às necessidades. Se a empresa tiver porte para exigir tanto do fabricante, terá uma enorme vantagem visual e de mercado se comprar chapas que possam ser subdivididas em proporção áurea.

Janelas e Ampolas
Janelas podem ser abertas no seu produto ou embalagem, com a finalidade de permitir ao consumidor ver ou tocar o produto no interior. A abertura de janelas produz um efeito lúdico e sensual e ao concretizarmos o nosso desejo de tocar as coisas já é um passo para desejarmos também nos apropriarmos do produto. Isso aumenta as vendas.
Devemos estudar se o produto deve ou não ser tocado, pois isso pode sujá-lo ou danificá-lo. No caso de não poder ser tocado (alimentos, por exemplo), deve-se providenciar uma proteção transparente de espessura adequada.

Ao contrário das janelas, uma forma de exposição bastante interessante, é colocar o produto dentro de algum tipo de ampola de plástico ou vidro, de modo que ele possa ser visto, mas não tocado. Crianças normalmente atraem-se muito por esse tipo de exposição, principalmente quando a ampola ou vitrine está ao alcance das suas mãos.


Texto e Fontes
O texto deve ter redação clara, ser legível e contrastante.
A redação deve ser sempre exaustivamente revisada, pois dificilmente nada escapará da atenção do autor. Aconselha-se a que mais de uma pessoa revise o texto.
A legibilidade depende da escolha de fontes e do seu tamanho. O tamanho muito minúsculo não permite uma boa leitura, principalmente para produtos utilizados por pessoas idosas, como remédios, determinadas roupas, etc.
O contraste pode ser dado de várias formas. O mais comum é pelo negrito, mas efeitos bastante interessantes são o do relevo, o do sombreamento do tipo, o escavado, etc.

As fontes de letras utilizadas deverão ser coerentes com o resto da composição. Um texto mais alegre, pede uma letra mais descontraída. Pode-se dar um efeito de texto antigo, sóbrio, etc., apenas modificando a escolha dos tipos.

No caso da utilização de mais de uma fonte, é necessário analisar se ela pertence a um grupo diverso da primeira. Fontes parecidas normalmente não combinam entre si, é sempre preferível misturar tipos.
Como regra geral os tipos sem serifas (serifas são aqueles “rabinhos” das letras como os desta que você está lendo), são melhores para textos chamativos: manchetes, títulos, etc.
As letras serifadas são mais adequadas ao texto corrido, como o de livros e textos longos, pois o olho é conduzido de uma letra para outra, dando mais conforto à leitura.
Os demais tipos de letra podem ser usados como complemento visual e dependem muito da situação em que serão aplicadas.
Existem basicamente seis tipos de letras: a sem serifa, a de serifa antiga, a de serifa moderna, a de serifa curta, a festiva e a script, conforme os exemplos abaixo.

Letras sem serifa:
Arial,
VAG Rounded,
Verdana, etc.

As Letras com serifa antiga têm por característica um certo rebuscamento, ou um afinamento da ponta da serifa:
Amer Type
Bernhard
Bookman

A serifa moderna é caracterizada por ter serifas retas:
Courrier
Serifa BT

As letras com serifa curta não possuem rebuscamento ou afinamentos, mas também não são horizontais como as modernas:
Garamond
Times New Roman

As letras festivas ou tradicionais normalmente pedem um tamanho maior de fonte e devem ser utilizadas com bastante cuidado.
Mandarin
Marriage
Shotgun

Por fim, temos as letras script que também pedem tipos ligeiramente maiores:
Staccato
ShlleyAallegro

Uma boa regra de composição é misturar dois desses grupos de letras em um mesmo texto. Isso reduz o cansaço da leitura e torna a composição bastante elegante.
Para conseguir um bom efeito visual, jamais podemos misturar tipos de um mesmo grupo.

Como foi dito, a repetição é um elemento importante no planejamento visual. Um elemento de repetição muito utilizado é o uso da letra inicial dos capítulos ou tópicos, com uma fonte completamente diversa da do resto do texto. Uma bonita letra script pode provocar um efeito de elegância se colocada com parcimônia em alguns pontos do texto. Uma letra mais lúdica ou um tipo mais antigo também produz resultados semelhantes.


Modelos Humanos e Imagens Fotográficas
O seu produto ou embalagem tem alguma imagem humana impressa? Algumas regras que como tais terão inúmeras excessões, mas que precisam ser conhecidas.
Para a maior parte dos produtos, uma imagem feminina atrai mais o consumidor.
Para produtos dirigidos ao público masculino, o apelo feminino deve ser mais erótico, para produtos dirigidos a todos os públicos, a modelo deve ter menos apelo erótico e ser mais sensual e elegante.
Modelos femininos atraem também as mulheres, desde que estejam com roupas elegantes, maquiagem adequada, sapatos novos, enfim, a produção fotográfica deve ser bastante esmerada.
Quando a modelo não é dirigida exclusivamente ao público masculino, deve-se optar pela escolha de uma que tenha cabelos pretos, pele clara e olhos escuros ou muito chamativos, pois o contraste da imagem é muito importante e pessoas com essas características chamam mais a atenção, em fotos impressas. A mesma regra vale para homens bonitos.
Modelos masculinos são mais adequados para imagens em que se busque um apelo cômico. Homens engraçados, à la Fellini: fortões, franzinos, com grandes óculos, senhores possantes imitando um Zeus, etc., são bastante adequados a certos tipos de produtos, principalmente naqueles dirigidos ao público masculino e às crianças.
Homens bonitos devem ser utilizados para produtos masculinos que precisem ser mostrado em uso: ternos, máquinas industriais, mundo dos negócios, etc., ou para produtos destinados às adolescentes.
Ferramentas de uso doméstico pedem modelos femininos. Modelos masculinos nesses produtos dão uma impressão de estarmos tratando de peças profissionais com um custo maior.
Para mulheres adultas, as modelos femininas, crianças, animais, cenas de sucesso, de viagem, etc., provocam um impacto bem maior do que homens bonitos.
Fofos animais de estimação e bebês, como todos sabem, são sempre bem vindos.
Crianças gostam do bizarro e do grotesco: animais monstruosos, gente esquisita, coisas nojentas, palavrões inocentes ou rostos assustadores podem ser bem adequados em produtos para crianças até os 12 anos.
Famílias e imagens que remetam a uma tranqüilidade ou felicidade doméstica são bastante utilizados em alimentos do dia-a-dia ou produtos do cotidiano do lar: sofás, televisores, lâmpadas, etc.
Alimentos especiais (champignons, especiarias finas, biscoitos requintados, etc.) normalmente não pedem a imagem de tranqüilidade familiar. Velhas avós, sérios artesãos, casais glamourosos, etc. podem vir a ser modelos mais adequados.
Se for desejado provocar riso, devemos levar em conta que sempre rimos daquilo que é inferior a nós. Aristóteles, na Grécia antiga, já falava disso. Dessa maneira, os perdedores, os fracos e os incautos em geral devem ser considerados como elemento de riso: o trapalhão, o feio, o bobão, o estrangeiro com sotaque, o marido traído, o velho caduco ou o homem vestido de mulher (Atenção! Ao contrário, mulher vestida de homem não funciona para provocar riso!).
O indivíduo inferior a nós e o indivíduo superior produzem um efeito de identificação muito maior do que o indivíduo médio. Devemos evitar o comum: rostos normais, vestidos de maneira cotidiana, com gestos e atitudes de classe média. O ser humano busca o glamour, o êxtase, o exótico, a juventude e a beleza como meta da sua vida e diverte-se com a miséria e com a desgraça (falando em uma certa medida, é óbvio). Aquilo que é comum e médio não interessa muito para a produção de imagens.


Acabamento
O acabamento gráfico, molduras, acabamento de materiais, pinturas, etc. está de acordo?
Os cantos do papel estão levemente arredondados? Cantos em ângulo reto são mais bruscos, causam uma sensação agressiva.
Sobre as tintas, foi passado um fixador?
As colagens foram feitas com cola em spray? Esse tipo de cola se espalha muito melhor pela superfície do papel e dá uma excelente aderência, bem melhor do que as colas em bastão ou líquidas.
As janelas foram cortadas com cantos arredondados? Aqui a função é de não rasgar facilmente. Cantos em ângulo reto danificam-se.
As alças não rasgarão ao transportarmos o produto? Cantos redondos aqui também são fundamentais.
Existe alguma proteção contra umidade? Pastas ou sacos plásticos devem sempre ser providenciados.
A impressão está adequada? Para apresentações de trabalhos, a impressão à laser ou a plotagem é uma alternativa bem melhor do que as feitas de forma doméstica em impressoras jato de tinta.
A junção das folhas, como foi feita? Existem modelos de clipes e presilhas bem mais adequados do que os clipes comuns comprados em papelarias. Grampos coloridos, presilhas que apertam o canto superior das folhas, etc. podem dar um acabamento inusitado e elegante.





Peças Constituintes
Cada componente do seu produto precisa sofrer uma análise como a listada acima. pequenos detalhes como a embalagem, apoios, botões ou tampas podem colocar todo o processo a perder.


Análise da Propriedade Intelectual
Como saber se a idéia já existe? Como aperfeiçoar?
Um erro muito comum entre pessoas da área inventiva é dizer a seguinte frase: “eu nunca vi esse produto, portanto, não existe”. Isso é o mesmo que dizer que eu nunca vi o ar da sala, portanto ele não existe.
Só no Brasil, existe uma biblioteca com mais de 18 milhões de documentos de patentes. As bibliotecas internacionais possuem uma coleção com mais de 24 milhões de patentes. Isso quer dizer que a probabilidade de que a idéia qualquer exista é bem superior ao que ela não exista. é bastante difícil produzir uma idéia nova hoje em dia.
Por isso, devemos utilizar meios para verificar o ineditismo do nosso esforço.

Busca Rápida
Para se ter uma vaga idéia se o produto pensado já foi patenteado, podemos encontrar resumos das invenções depositadas nos últimos anos nos sites:
no Brasil:
www.inpi.gov.br
nos Estados Unidos: www.uspto.gov

Busca Completa
Ir à delegacia do INPI na sua cidade e solicitar uma busca de idéias similares. Esta busca é bem mais completa e dá uma certa garantia que a patente poderá ser concedida.

Copyright
A maneira mais fácil de saber se já existe ou não uma idéia sujeita ao copyright (textos, imagens, obras de arte, etc.) é solicitar o copyright junto à biblioteca Nacional ou ao Instituto Nacional de Belas Artes e esperar para ver se é concedido ou não. como o processo é rápido, essa é a melhor opção.

E se a idéia já existe?
Modificações em uma idéia original podem ser registradas na forma de Modelos de Utilidade ou Desenhos Industriais. É preciso verificar se isto é possível.



Análise do Mercado
O mercado necessita do produto e vale à pena disponibilizar capital para esta idéia em detrimento de outras?

Pesquisa de Mercado
Uma pesquisa rápida deve ser executada para se ter um parâmetro se a idéia poderá ter viabilidade comercial ou não.
As perguntas básicas a serem formuladas é a que custo o consumidor compraria tal produto e qual a quantidade do produto ele compraria em um determinado período de tempo.
Em muitos casos, a propriedade intelectual garante um monopólio para a empresa, de modo que este preço poderá ser modificado, influindo na curva de demanda, para que ocorra um melhor aproveitamento do capital.

Abrangência
O porte da empresa permite a conquista de outros mercados?
Qual a expectativa de consumo?
Qual é a possibilidade em termos de publicidade que permita o lançamento de um novo produto?

Como dar palpites razoáveis?
A função do profissional de criação não é o de conhecer profundamente o mercado em que vai lançar o seu produto, porém é bastante importante que exista uma idéia de possibilidade de sucesso ou fracasso de suas inovações.
Conhecendo alguns dados é possível obter esta aproximação.
O site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
www.ibge.gov.br dá algumas informações preciosas sobre dados da população brasileira.
O site
www.statistics.com possui links para as principais fontes estatísitcas do mundo: esportes, finanças, população, negócios, governos e mais uma infinidade de dados.
Sabendo-se os dados da população a ser atingida com nosso produto, pode-se imaginar a porcentagem da população compradora para ter uma idéia do mercado em potencial.
Por exemplo: a população de um determinado estado brasileiro da região sul é de 9 milhões de habitantes. Quantos comprariam um determinado modelo de sabonete destinado à pessoas com rendimento entre 2 a 10 salários mínimos, excluindo-se os bebês, sabendo-se que cada família tem 3,9 pessoas? (dados IBGE)
População com 4 anos ou mais: 8.285.000
População na classe econômica proposta: 55,4%
Total de pessoas em potencial: 4.589.890 (8.285.000 x 55,4%)
Quanto do mercado espera-se atingir com o novo produto? Aí vem o palpite e depende do porte da sua empresa. Digamos 1%.
Quantos sabonetes um brasileiro consome por mês? Aproximadamente 1,3.
Computando estes dados, temos um mercado potencial de sabonetes de 5.966.857, no qual acreditamos poder vender 59.669 sabonetes/mês.
Esta é apenas uma estimativa precária, mas que nos ajuda a ter uma idéia se o produto tem ou não viabilidade.
Este método empírico é muito útil, principalmente se tivermos que escolher entre o desenvolvimento de uma idéia ou outra.




Análise de Custo do Produto
Sabendo-se a quantidade de produtos que se espera vender, é necessário também estabelecer o preço. Isso é fácil se o produto tiver concorrentes, como sabonetes do exemplo anterior, mas torna-se um pouco mais complexo quando se trata de inovações, pois normalmente busca-se um mercado próximo ao monopolista, ou seja, sem concorrentes onde a própria empresa deve estabelecer o preço que o consumidor deve pagar.
Com uma pesquisa de mercado pode-se saber quanto o consumidor pagaria por determinado produto e a quantidade que ele compraria por cada preço.
Com estes dados pode-se elaborar um gráfico de demanda conforme é mostrado abaixo:



Tendo-se em mãos a curva de demanda, é preciso estabelecer aproximadamente qual será o melhor preço de venda do produto e, conseqüentemente, a quantidade a ser produzida. Para conhecer isso, precisa-se de dois dados, o custo total de produção (CT) e a receita total (RT).
O custo total é dado pelos custos fixos somados com os custos variáveis.
Os custos fixos podem ser encontrados na contabilidade atual da empresa somados ao custo de implantação do novo produto (moldes, modelos, máquinas e equipamentos, etc.).
Os custos variáveis são dados por estimativas de produção para ao produto. Á medida que aumenta a quantidade produzida aumenta também o custo.
Para cada quantidade de produção também aumenta a receita obtida com a venda do produto.
Para sabermos o melhor nível de produção, é preciso lançar mão dos conceitos de custo marginal e de receita marginal (CMg e RMg). O custo marginal é definido pela divisão entre o custo total e a variação da quantidade produzida. A receita marginal, por sua vez, é a receita total sobre a variação da quantidade produzida:


Ao estabelecermos uma seqüência de custos e de quantidades a serem produzidas, podemos traçar as curvas de custo e de receita marginal que se assemelham mais o menos como a seguinte:




No ponto de cruzamento entre as curvas de custo e de receita marginal irá ser obtido o máximo lucro. Portanto, deve-se aumentar a quantidade produzida sempre que RMg>CMg e reduzir a produção sempre que CMg>RMg.




O estabelecimento do preço estimado do produto será dado ao levarmos a linha da quantidade ótima de produção até a curva da demanda:




Donde, Q1 representa o ponto ideal de produção e P1 o preço estabelecido do produto.
Ao multiplicarmos este preço obtido pela quantidade estimada, poderemos ter uma idéia da lucratividade que a idéia em estudo irá representar.




Análise Semântica
A análise de significados da idéia nos auxilia no sentido de conhecer o que o consumidor irá pensar a respeito do produto.


Signo
O significado de um produto poderá se manifestar em três níveis.
O nível icônico é quando o produto é uma cópia da realidade, como por exemplo uma boneca ou uma embalagem de xampu infantil em forma de golfinho.
O nível indicial é quando o produto lembra outro: um frasco de perfume que lembra uma lâmpada ou uma embalagem de adoçante que lembre uma gota d’água.
O nível simbólico refere-se a uma associação a idéias convencionais: um crucifixo, lembrando catolicismo ou um dedo para cima remetendo a cerveja.

Uma vez estabelecido o nível de significado do objeto, devemos analisar os seguintes aspectos:




Grau de Proximidade
Qual grau de proximidade com o objeto de referência? Está faltando algum elemento que o remeta mais diretamente a este objeto? Por exemplo, em um carro que lembre um cavalo selvagem, o que pode ser feito para que a referência fique mais clara?
A explicitação é muito importante em produtos essencialmente icônicos: alguns brinquedos, frutas artificiais, estatuetas, etc.

Complexidade
Qual a complexidade em relação à referência? Está muito “carregado“ de explicitações ou poderá tornar-se mais sutil?
Os produtos com signos mais para o indicial e simbólico devem possuir referências que passem muito mais em nível de inconsciente do que obviedades. Não é por que um produto lembre um animal selvagem correndo que ele deve ter pernas e garras.
No entanto, mesmo que o desenho tenha sido totalmente intuitivo e não tenha partido de uma fonte na realidade, deve-se tentar buscar uma aproximação com o mundo real. O consumidor não precisa estabelecer esta comparação, mas o designer precisa imaginá-la para melhor poder conhecer o seu trabalho.

Referência Histórica
Qual a referência histórica do objeto? Pode ser tornado mais explícito ou sutil?
A referência histórica refere-se a períodos anteriores do desenho industrial e das artes plásticas.
As artes dividem-se em períodos clássicos e períodos românticos. Os períodos clássicos são caracterizados por uma limpeza de linhas e uma adequação às dimensões humanas, enquanto os românticos buscam uma profusão de linhas e um rebuscamento visual.
Produtos clássicos pedem desenhos clássicos e produtos românticos pedem desenhos românticos. Uma peça de automóvel, por exemplo, pede uma embalagem absolutamente desprovida de “enfeites”, esta deve ser resolvida com maior limpeza visual. Por outro lado, uma embalagem de alimento natural pede um visual mais para o romântico, bucólico. Para este tipo de produto recomenda-se uma forma mais rebuscada. No segundo caso, o exagero, dentro de certos limites, não é despropositado.

Outra referência histórica importante é o da história do design. Alguns estilos devem ser conhecidos pelo profissional de criação, como os estilos art nouveau, art déco, Bauhaus, aerodinâmico americano, anos cinqüenta, pop, menphis, etc.

Um terceiro tipo possível é o da referência direta a temas históricos em si: império romano, período hippie, belle époque, medievalismo, etc.

A mistura de estilos diversos deve ser feita com bastante critério, pois é desaconselhável a existência de produtos “Frankenstein”, ou seja, que tomam partes de diversos períodos e tentam formar um conjunto único.
Esse tipo de citação, seja ela artística, do design ou histórica sempre traz boas idéias e um valor de unidade à criação.




KITSCH ist richtig!
A palavra de origem alemã Kitsch pode ser definida como o produto ou o elemento em um determinado produto, normalmente pseudo-artístico que possui características apelativas e de baixa qualidade, geralmente relacionando-se esta palavra com um caráter meloso e piegas. Kitsch não é exatamente sinônimo de brega, mas é uma espécie de breguice dotada de um sentido sentimentalóide. Como exemplos clássicos do Kitsch podemos citar os anões de jardim, os anjos de cemitérios, os pingüins de geladeira, aqueles quadros multicoloridos com um menino derramando uma lágrima, reproduções da santa ceia, paisagens em bolas de plástico na qual cai neve ao sacudirmos, etc.
O ser humano tem uma tendência natural ao Kitsch, por isso, precisamos analisar o nosso produto também sob este aspecto. Alguém já disse que em toda arte existe um pingo de Kitsch, por isso é muito difícil existir uma idéia totalmente isenta de pieguice. Devemos tomar consciência deste fato e tentar usar esse elemento ao nosso favor.
Como regra geral, quanto maior o nível cultural do usuário, menos apelo ao Kitsch deve existir no produto. Ao contrário, se formos produzir produtos para classes populares ou para as grandes massas, algumas xícaras de açúcar devem ser adicionadas ao caldeirão da idéia.
Ainda que um objeto Kitsch seja muito mais percebido pelo coração do que pelo olho, existem indícios do fenômeno que é preciso reconhecer quando aparecem. Vejamos algumas dessas pistas:
- Uso de um material para parecer outro: uma mesa de madeira, revestida de fórmica imitando mármore pode ser interessante para um cenário de teatro, mas não para uma residência de alta classe. Objetos mais elegantes normalmente utilizam-se das matérias-primas originais.
- Rococó: é um estilo artístico do século XVIII caracterizado pelo exagero nas formas. São pés de cadeira que acabem de forma rebuscada, cheias de formas e curvas, pratos com desenhos de fios intermináveis, estampas cheias de flores de desenho complicado, etc.
- Apelo religioso ou místico: um dos temas preferidos da arte Kitsch é a religião, sendo que a religião católica, em particular, é muito prolífera nesse sentido. Santinhos, anjinhos, duendes, luas e estrelas, cruzes enfeitadas, imagens de Cristo que piscam o olho, imagens de Krishna, estatuetas multicoloridas de Buda, ETs, etc. são ótimos para produtos populares e devem ser considerados seriamente.
- Valores familiares: basta ver uma propaganda de margarina que é fácil de entender esse particular. Pai ainda jovem, com mães elegantes, um casal de filhos, avós simpáticos, um cachorro grande e desengonçado. Todos sorridentes e sem problemas. Uma noiva de branco. Um bebê com os primeiros dentinhos dando gargalhadas. Um gatinho enrolado num novelo de lã. Um cachorro (de preferência um filhote) correndo alegre em um gramado. São imagens que tocam a todos. O seu produto não poderia fazer referência a alguma delas?
- Explicitação. Que tal uma caixa de correio com forma de boca de leão? Um sorvete com formato e cor de cubinhos de gelo? Uma plaquinha de identificação para cachorros São Bernardo com formato de barril de “curry”. Ou para gatos em formato de peixinho? Por que não uma placa para colocar no banheiro de casa onde está escrito “pipi room”?
- Cores berrantes: Até bem pouco tempo atrás se pensava que todas as cores eram formadas por vermelho, amarelo e azul e hoje qualquer um que use uma impressora de computador sabe que as cores primárias são o magenta, o amarelo e o cian, no entanto as antigas cores primárias ainda são muito usadas nos objetos Kitsch. Aprenda a usar a linguagem das cores, depois desaprenda tudo quando for fazer um objeto como este.
- Repetição: um pingüim sobre a geladeira em uma casa elegantésima também se torna elegante. Para que o pingüim se torne Kitsch, é preciso todo um conjunto na decoração para que os nossos olhos sejam levados ao terror estético. Portanto, um detalhe Kitsch às vezes torna o objeto bastante simpático e deve ser utilizado como recurso de desenho. Alguém discorda que aquela florzinha no painel do novo fusca é o máximo?
- Referências de obras de até o século XIX: para o pensamento Kitsch, o século de Picasso e Marcel Duchamp não existiu. A boa arte popular também não é bem vinda, apesar de que o artesanato popular é bem mais digestível. Esqueça aqui o modernismo e o conceitualismo. Se for para escolher entre utilizar uma referência a Mondrian, Mestre Vitalino ou um berimbau, opte pelo terceiro. Referências que fazem Leonardo da Vinci revirar-se na cova são extremamente úteis.

Em outras palavras. Aprenda a identificar o Kitsch e não se policie se precisar lançar mão deste recurso. Muitas vezes ele será importante no seu projeto.

Cultura do Cliente
Um exemplo clássico de erro de avaliação cultural de um produto, é o do anúncio de uma certa marca de óleo em que em todo o mundo foi divulgado da mesma maneira: uma mão apanhando a embalagem. Em um determinado país do Oriente Médio, a campanha foi um fracasso total. A empresa foi estudar o porquê do insucesso e a resposta foi muito simples. Lá, o papel higiênico era pouco utilizado e o produto da empresa estava sendo pego com aquela que era considerada a “mão imunda”.
Quando o cinema chegou em algumas regiões distantes da Rússia, as pessoas não conseguiam entender os closes, pois só viam pessoas cortadas, seus olhos não compreendiam aquela linguagem. O filme “Cidadão Kane”, de Orson Welles, quando chegou ao Brasil era exibido por alguns dias nos cinemas e depois suas latas de película eram deixadas na rua, pois o público simplesmente não conseguia entender. Hoje qualquer criança entende a linguagem daquele filme, pois ela tornou-se usual.
Esses erros não acontecem só para países exóticos e distantes. Produtos para públicos diferentes daqueles da origem sócio-cultural dos que criam também enfrentam esse problema. O inovador deve se perguntar sempre o que o consumidor deseja daquele produto. O manual de instruções está simples para que uma pessoa simples entenda ou foi escrito por um intelectual para outro? A torneira pode ser acionada rapidamente por qualquer um ou o usuário já tem que ter visto aquele modelo em um hotel cinco estrelas da Europa?
Tudo isso tem que ser levado em conta.
Mesmo as cores e os gestos não significam o mesmo para uma pessoa e para outra. Uma cor da moda pode não atingir um público que não compre revistas de decoração. Branco para alguns países do oriente significa luto. Um polegar erguido significa carona para alguns países e para outros é um gesto obsceno, e assim por diante.

Humor e Êxtase
O seu produto é bem-humorado e divertido? Ele faz as pessoas se sentirem em um outro mundo? A menos que você tenha um produto extremamente austero e só venda pince-nez, polaina e relógio de algibeira, a sensação de alegria e de êxtase é sempre bem vinda.
Produtos de desenho orgânico, lembrando formas gelatinosas, com apoios que lembrem pezinhos, com algumas fitas, uma plaquinha brilhante ou algum penduricalho podem fazer a diferença aos olhos do consumidor. As decorações de natal são um bom indício dessa sensação de elevação e bem estar que um produto deve nos proprocionar.
O escritor inglês Aldous Huxley nos fala de como todas as religiões valorizaram os mesmos elementos como imagens de um “outro mundo”. Pedras preciosas, brilhos dourados e prateados, tecidos dobrados e com caimento como nas estátuas de Michelângelo, sons mântricos (como a música do realejo ou o som de transformador elétrico), com aproximadamente 60Hz, luzes estroboscópicas, balões coloridos, flores, mandalas, bolotas brilhantes, ambiente de cantina ou natalino, com luz amena, enfim, existem muitos referenciais que fazem-nos sentir mais elevados e esta idéia deve ser buscada ao criar.

Olhos de Bambi
A sua inovação possui grandes olhos, como os personagens dos desenhos de Walt Disney?
Vamos pegar o exemplo dos automóveis. Os gênios do design moderno nos dizem que um farol de carro precisa ser mais ou menos como um retãngulo com as pontas esticadas, pois assim irá ocorrer o maior aproveitamento da luz. Como se busca a funcionalidade, esta é a condição mais sensata de desenho.
Sim. Mais sensata, mas não necessariamente a que mais vende. Ao empresário e ao cliente não interessa a sensatez, mas a sensação.
Você já notou que os grandes clássicos da indústria automobilística possuíam faróis com grandes olhos de Bambi? Vejamos então: Fusca, Rols-Royce, Jaguar Roadster, Porshe, Citroën “deux-cheveux”, Bugatti...
E quando o produto não tem faróis, como é que fica? Você sabe o que quer dizer a marca OMO? É a abreviatura em inglês para a “Nossa mãe coruja” (our mother owl) e a embalagem original era desenhada com dois olhos enormes de coruja olhando para o consumidor. Até hoje muitos analistas atribuem o sucesso de vendas deste produto aos dois grandes “Os” olhando fixamente para o cliente.
A primeira coisa que aprendemos a reconhecer quando bebês é o rosto da nossa mãe, por isso o ser humano sempre busca os olhos de uma forma instintiva. Produtos, embalagens e expositores com grandes olhos têm mais probabilidade de sucesso do que os que não possuem esse detalhe.


Movimento, Luz e Ponto de Vista
A nossa natureza procura os movimentos do mundo a nossa volta, pois em tempos primitivos esse instinto era muito importante para prevenir os ataques de predadores. O movimento predomina a qualquer outro recurso utilizado para chamar a atenção.
Vá a um teatro amador que você vai comprovar essa afirmação. Sempre tem um ator que fica se mexendo enquanto o outro está dando a fala. Lá pelas tantas você percebe que não entendeu nada do que o outro falou, só ficou olhando para o rapaz nervoso que está no palco fingindo que está atuando, não é mesmo?
O mesmo ocorre com o produto. Se tiver que ter movimento em um expositor ou em um objeto, cuide para que o movimento não atrapalhe a percepção do que é mais importante que é o produto em si. O movimento atrai o olho para o produto, sim, mas precisa ser bem medido, ter um certo “timing”.
Neste início de Internet, depois do advento das animações a gente vê muito este problema: páginas que abrem com uma animação em ritmo de tartaruga ou “gifs” animados que ficam pipocando no canto da página, atrapalhando a leitura.
O autor ainda não viu um expositor como este, mas que tal um que mova o seu produto em “stop motion” e não em movimentos contínuos. Com um leve sobressalto, o cliente irá ter a sua atenção chamada pelos movimentos repentinos e assim que ele for fixar o olhar para ver se não é um predador pré-histórico atacando-o no supermercado, ali estará o seu produto, lindo, maravilhoso e, sobretudo, paradinho e esperando para ser agarrado. Dependendo do tamanho do ambiente, movimentos a cada 5 ou 10 segundos podem dar um efeito bem melhor do que o movimento contínuo.

Com a luz é a mesma coisa. os jogos de luz dão movimento ao produto. Uma luz contínua e chapada é bem melhor do que deixar o produto no escuro, mas não diz nada ao consumidor. Se a cada olhada, o produto possuir novas sombras e brilhos, o nosso olho tem a curiosidade de prestar a atenção para ver o que vem depois.
Não esqueçamos algumas coisas:
- Luzes de ribalta (por baixo) sempre tornam o produto mais grandioso.
- Luzes exatamente no topo achatam o produto e muitas vezes criam sombra no rótulo.
- Luzes fortes irritam.
- Luzes fracas não chamam a atenção.
- Luzes girando geram tontura e mal estar.
- Luzes florescentes deprimem e só refletem cores frias (verdes, azuis, etc.). Não são recomendadas para pessoas com problemas emocionais.
- Luzes incandescentes são mais próximas à iluminação natural, mas também esquentam mais o ambiente.

O ponto escolhido para a observação do produto também é importante.
Goebels, o ministro da propaganda de Hitler, só o filmava em câmera baixa para dar uma sensação de grandiosidade. Se funcionava com o que há de pior que a humanidade já produziu, por que não funcionaria com o seu produto que é, esperamos, o que tem de melhor no mercado?
Grandes balões no formato da embalagem, modelos, cartazes e “múmias” (objetos de espuma) colocados em um local alto, pendurados ligeiramente acima da cabeça do consumidor sempre podem dar um bom resultado.
Ao contrário, o chão é um espaço muitas vezes desprezado, principalmente se unirmos um movimento rastejando nos pés do consumidor, que necessariamente tem que olhar (poderia ser uma cobra em tempos primitivos em que o seu cérebro andava pelas savanas africanas).
A frontalidade é também muito importante para a visualização de um produto e é esse o motivo pelo qual as prateleiras do supermercado na altura dos olhos possuem um valor mais alto do que aquelas ao nível do chão.

Marioshkas
São aquelas bonecas típicas russas em que sai uma bonequinha menor de dentro da maior igual a ela.
O ser humano tem a tendência natural à curiosidade todos gostam de miniaturas. Produtos com o pensamento de marioshka são sempre bem recebidos.
Dessa forma, pense se não há nada que possa ser colocado dentro do produto e o Kinder Ovo é um exemplo de sucesso nesse sentido.
O lançamento do sabonete “Vale Quanto Pesa”, na década de 70 trazia algumas pedras preciosas e semi-preciosas no interior da massa do produto e a única maneira de achar era tomando banho.
Normalmente as marioshkas são dirigidas ao público infantil, mas isso não impede que você crie brindes, peças complementares, manuais ou elementos que não tenham nada a ver com o produto para pessoas adultas também (o que tem uma pedra preciosa a ver com um sabonete? O que tem um robozinho de plástico a ver com chocolate?) .
Que tal ganhar um modelo do automóvel de verdade que você está comprando, para o seu filho brincar ou simplesmente para colocá-lo na sua escrivaninha? Ou um teclado de computador que se abra e sirva como uma pequena gaveta auxiliar? Ou uma caixa cheia de ferramentas, sendo que essas ferramentas abram o cabo e tenham um monte de pontas diferentes para as diversas finalidades? E se a própria embalagem transformar-se em algo útil?
Enfim, você pode usar o pensamento das marioshkas em diversas formas: miniaturas do produto, embalagens que se abram interminavelmente, brindes dentro do produto, etc.

Estorvos
Na Austrália existe um tipo de pássaro chamado pássaro-caramanchão (família dos ptilonorinquídeos) que usa como recurso para atrair a fêmea a construção de caramanchões coloridos e aquele que tem o melhor “portal” é o que tem o privilégio reprodutivo. São formados por uma porção de flores, penas e folhas que eles passam a vida inteira catando por aí.
Nós também temos muito de ptilonorinquídeos, pois o ser humano adora acumular bugigangas. Chamamos aqui de estorvos aquele tipo de produto que não serve para absolutamente nada, mas que ninguém joga fora, pois as pessoas pensam: “um dia isso pode ser útil”. A indústria dos brindes, em particular, é muito prolífera nessa espécie de bem.
Bonequinhos, caixinhas, porta-objetos ou penduricalhos para casa são exemplos de estorvos muito apreciados e a produção destes objetos deve ser considerada sempre que houver a necessidade de brindes ou produtos de baixo custo, pois normalmente são excelentes para a promoção da marca da empresa.
Como ninguém joga fora os estorvos, mas antes os doa para os sobrinhos ou namoradas, que os doarão para os seus filhos, que doarão para os filhos destes, que não doarão para ninguém, pois até aí já terão se tornado clássicos, o alcance de uso torna-se muito amplo. Alguns dos leitores talvez tenham em casa as garrafinhas da Coca-Cola dadas na década de 60 ou o elefantinho da Shell em plástico dado na década de 70.
Estorvos devem ser considerados seriamente, principalmente se a firma for já bastante conhecida, com marca sedimentada.

Espelhos
Sabe-se que a utilização de espelhos faz o comprador reduzir o seu passo. As pessoas gostam de ver a si próprias.
Isso quer dizer, que você deve utilizá-los em vitrines e expositores, principalmente em locais por onde as pessoas passam muito rapidamente.
A versão moderna dos espelhos, as câmeras de circuito fechado em vitrines parecem produzir ainda hoje em dia um efeito de simpatia por parte do cliente de lojas. Todos gostam de “se ver na televisão”.
Os espelhos servem também para aumentar o tamanho de ambientes. Frentes de gôndola podem parecer ter o dobro do tamanho com a utilização deste recurso.
Embalagens aluminizadas ou refletivas são bastante chamativas. Pode-se utilizar este efeito em detalhes com bons resultados.


Analisando Arte
Como proceder se é preciso analisar uma obra de arte na empresa: presentear algum homenageado com uma peça rara ou adquirir uma escultura para o jardim?
Existem quatro tipos básicos de arte a considerar para quem não quiser fazer feio na hora de dar algum palpite sobre arte e nem quiser manter as suas opiniões na superficialidade do gosto-não gosto.

O primeiro tipo é aquele que o leigo costuma chamar de arte, que é o estilo que se aplicou no ocidente desde a arte do paleolítico até o século XIX, que é a arte do simulacro, ou da representação conforme a realidade.
Nesse estilo artístico, o que se busca é uma aproximação com o mundo real, o mais próxima possível. Figuras devem estar proporcionais, perspectivas devem ser bem construídas, cores e luzes perfeitas, isto é, o mais perto de uma fotografia que se conseguir.
Apesar de muitos artistas torcerem o nariz para este estilo, desde que seja bem executada, não há nada errado nas artes realistas. Muitos bons artistas atuais ainda utilizam-se desse estilo para produzirem as suas obras. O próprio Pablo Picasso era um excelente retratista, apesar de ser lembrado pela sua pintura mais abstrata.

Com o advento da fotografia, no final do século XIX, os pintores perceberam que não poderiam concorrer com o novo meio de expressão e por isso passou-se a rever os conceitos de arte dos séculos anteriores. buscou-se elementos que traduzissem a essência da arte e, para isso, foi-se desconstruindo os elementos que foram sendo desenvolvidos durante os séculos anteriores. O primeiro pintor a iniciar essa tendência foi Claude Monet, que começou a abstrair a imagem, criando borrões, ao invés de tentar reproduzir fielmente cada detalhe do tema. A esse estilo artístico de desconstrução, chamamos de Modernismo. Cada autor posterior, então, foi removendo elementos constituintes da pintura de até então: perspectiva, sombra, tempo estático, variação de cores, etc.
Kandinski, Portinari, Picasso ou Mondrian são exemplos de artistas modernistas.
Há críticos de arte que afirmam que o modernismo puro acabou, pois ele esgotou a sua capacidade de síntese. Ainda que isso possa ser defendido, podemos considerar também o modernismo como a criação de um alfabeto: os artistas do século XX desconstruíram a arte, mas não a destruíram, apenas conseguiram separar os seus elementos, que podem ser reagrupados indefinidamente, como as letras de um alfabeto. Podemos comparar a experiência modernista com o Projeto Genoma: os genes da arte foram descobertos, mas isso não quer dizer que eles perderam a sua importância, muito pelo contrário.

Pouco antes da primeira guerra mundial, surgiu uma corrente artística, iniciada por Marcel Duchamp, chamada de arte conceitual ou conceitualismo. A estes artistas interessa, não o meio de expressão, mas sim as idéias expressas pela arte. A arte conceitualista é normalmente aquela que faz pinturas sem tela, teatro sem palco, música sem partitura ou esculturas usando elementos inusitados como carros velhos ou paisagens naturais.

Por fim, temos as artes intuitivas como formas reconhecidas de expressão do ser humano. São aquelas obras criadas por artistas populares, que nunca freqüentaram uma escola ou por loucos internos em sanatórios.

Para a análise de qualquer tipo de arte, devemos levar em conta, em primeiro lugar, a qualidade técnica, a precisão da expressão.
Depois, devemos pensar em qual categoria ela se enquadra e como ela resolveu o problema a que se propõe:
- É uma arte de simulacro e tenta reproduzir a realidade? Conseguiu fazer isso?
- É uma arte moderna e tenta expor a precisão apenas de alguns elementos constituintes do conhecimento artístico? Conseguiu fazer isso?
- É uma obra conceitualista e tenta passar uma idéia? É uma idéia clara ou só mesmo o artista e sua mãe é que entendem?
- É uma arte intuitiva e não quer transmitir nada além da vontade humana de criar e representar? Está bem realizada?
- É um pouco de cada estilo? Dá para perceber a intencionalidade do artista ou é assim por não conhecer nada de nenhuma corrente?

Portanto, é necessário ampliar o conceito artístico ao analisarmos a qualidade de uma obra. Não podemos apenas ficar com os critérios de reprodução da realidade, pois isso não nos dá meios de compreender toda a produção artística contemporânea.



Análise Pragmática
Algumas perguntas que precisam ser feitas para verificar o comportamento da idéia na prática.

Qualidade Técnica
Quanto a qualidade técnica, o que pode ser melhorado?

Transformações
Algumas dicas para aperfeiçoar o produto.
- Combinação de elementos. Algo diverso da idéia inicial poderá ser acrescido?
- Substituição. Algo pode ser substituído por outra forma ou material?
- Aumentos ou reduções. Algo pode ser exagerado ou miniaturizado?
- Ponto de observação. Pode ser visto de outro ângulo? Qual é a melhor aproximação do objeto?
- Novos usos. Serve para algo além da proposta original?
- Moda. Algo que está em voga pode ser referenciado pela idéia?
- Adaptação. A idéia pode ser acoplada a ou substituída por algo já existente?
- Cruzar os braços. Será que se não fizermos nada a respeito não será uma solução melhor do que a que está sendo pensada? A humanidade já pensou como embalar pneus até descobrir que eles não precisavam ser embalados. Será que a idéia que está em estudo pela equipe não é um “desentortador de bananas”?

Como produzir?
Está dentro da realidade da empresa ou da indústria em geral? Será que não ocorrerão entraves de produção caros ou difíceis de serem solucionados?

Como reproduzir
Se quebrar uma peça ela será vendida separadamente?
Não é uma idéia que qualquer um possa fabricar no fundo do quintal?

Modo de produção
Qual é a melhor maneira de produzir a idéia? Ela pode ser realizada de forma artesanal? E de forma industrial? E de forma virtual?

Gadgets
Os gadgets (pronuncia-se “guédjet”) podem ser traduzidos por engenhocas ou bugigangas. São aqueles equipamentos que incorporam duas ou mais funções: um canivete suíço, um conjunto de talheres para acampamentos, um tênis com bolso, um lápis com borracha na ponta, etc.
Assim como o Kitsch está para a arte, o gadget está para o design. Para produtos populares sempre deve-se pensar na possibilidade de incorporar alguma função a mais no objeto. Será que não dá prá colocar um bolsinho na barra da camiseta? O relógio, além de despertador, não poderia nos dar o dia da semana e a temperatura ambiente? A embalagem de geléia não poderia depois ser aproveitada para a dona-de-casa colocar biscoitos? O chinelo de praia não poderia ter uma argolinha para se amarrar a chave da casa ao tomar banho de mar?
Por outro lado: será que o menino de uma classe social média e alta que consome sucrilhos monta um brinquedo de papel estampado na parte posterior da caixa ou prefere ir jogar vídeo-game?
Por que será que o carro anfíbio não deu certo, afinal de contas, você não gostaria de ter um? E o moto-planador? Não seria um avião ideal, que decola como um avião, mas não gasta gasolina, como um planador. E por que não colocar dois motores em um automóvel, como tem em aviões? Será que ele não andaria melhor? E por que os aviões projetados hoje em dia têm apenas duas turbinas, e não quatro, como os das décadas passadas?
É preciso tomar cuidado com os gadgets. O carro anfíbio é um automóvel ruim e uma lancha ruim. O mesmo vale para o moto-planador. Dois motores em um carro só serviriam para aumentar o peso e eles existem em aviões apenas por dois motivos: compensar o efeito de giro das partes móveis (os motores giram em sentido contrário) e segurança, caso um dos motores venha a falhar no meio do Atlântico. Os projetistas chegaram à conclusão de que hoje em dia, com a qualidade alcançada pelas turbinas, a probabilidade de falharem os dois motores é muito remota.
Dois fatores precisam ser levados em conta, portanto ao analisarmos a necessidade de criarmos gadgets. O primeiro é a natureza, que sempre busca o simples: Não adianta cavar dois poços em um único lençol de água, pois é muito mais simples cavar um poço mais largo para ter maior quantidade. O segundo fator é o cliente. Será que ele realmente precisa daquele “plus” no produto?
No entanto, se dar algo mais, pelo mesmo custo de produção, for realmente algo que possa influenciar as vendas, então, por que não?



Linhas de Produtos
Sempre que for pensada uma inovação, deve-se pensar o conjunto de objetos que poderão formar conjunto com ela, pois quando a empresa estabelece o seu esquema de distribuição é muito mais fácil chegar no cliente com várias opções para oferecer. Dessa maneira, acrescentamos aqui algumas listas de sugestões de como agrupar produtos dirigidos a um mesmo mercado.
Os produtos de uma mesma linha, obviamente, devem possuir características similares de desenho, materiais, etc.

Automóvel
· Roda
· Palanca de câmbio
· Volante

Banheiro
· Argola de Toalha
· Barra de Toalha
· Torneiras
· Porta Papel Higiênico
· Chuveiro
· Saboneteira
· Dispenser de Sabonete Líquido

Brindes
· Chaveiro
· Calendário
· Caderno de Recados
· Porta-lápis
· Risque-rabisque
· Caneta
· Agenda

Cozinha, Artefatos de
· Porta-rolos
· Fruteira
· Puxa-saco
· Porta-temperos

Cozinha, Ferramentas de
· Corta-pizza
· Espremedor de Alho
· Descaroçador de Azeitonas
· Bate-ovos
· Quebra-nozes
· Abridor de Garrafas
· Saca-rolhas
· Abridor de Latas
· Pegador de Macarrão
· Facas

Jogos
· Da Velha
· Do Índio
· Resta Um
· Xadrez
· Damas
· Gamão
· Porta-baralhos
· Dominó
· Xadrez-chinês
· Dados
· Devagar-se-vai-ao-longe
· Banco Imobiliário
· General

Material de Escritório
· Porta-lápis
· Porta-disquetes
· Porta-CDs
· Porta Cartões de Visita
· Porta-recados
· Porta-Post-It
· Porta-clipes
· Porta borracha, chaves, etc.
· Cesto de Lixo
· Risque-rabisque
· Abridor de Envelopes
· Caneta
· Porta-durex
· Cinzeiro
· Porta-livros

Mesa
· Aparador de Panelas
· Argola de Guardanapos
· Saleiro
· Pimenteiro
· Vinagreiro
· Azeiteiro
· Galeteiro
· Paliteiro
· Farinheiro
· Porta-copos

Móveis de Escritório
· Bureau
· Cadeira Chefe
· Cadeira Visitante
· Mesa Computador
· Estante
· Armário
· Gaveta Pasta Suspensa

Sala
· Mesa
· Cadeira
· Porta-TV
· Poltrona
· Sofá
· Vaso de Flores
· Fruteira
· Luminárias
· Base de TV
· Rack de som
Cinzeiro

Elementos Constituintes de um Produto
Todo o produto é constituído de um conjunto de elementos que devem ser pensados em grupo, durante a sua concepção:
- Peças constituintes;
- Grupos de peças que forma uma parte do todo. Por exemplo: borboleta + agulha + garganta + etc. = carburador;
- Conjunto formado por todas as peças (o produto em si);
- Embalagem;
- Unidade de despacho (UD);
- Estojo ou similar para guardar após o uso;
- Manual de instruções;
- Ferramentas de manutenção;
- Peças complementares para a montagem;
- Brindes;
- Prospectos e catálogos;
- Cartazes e similares;
- Expositores e similares;
- Pontos de venda;

Remakes
Os clássicos do passado sempre trazem boas surpresas.
No momento em que este livro foi redigido, um designer americano relançou o patinete com um novo visual. Enorme sucesso de vendas... Para executivos que usam para ir ao trabalho em trânsito engarrafado!
Por que não pensar em uma nova versão do pula-pula? E dos móveis pés-de-palito? E uma garrafa de leite como das antigas, dos leiteiros, mas feita em P.E.T., será que não atrairia o consumidor? E os Kikos Marinhos? E o foguete com pressão de água? E os descansadores de talheres, por que não existem mais? E um novo modelo de relógio de algibeira? Será que todo mundo gosta de ter um relógio incomodando no pulso? E o Mandiopã, que fim deu? Será que não daria para fazer uma versão para micro-ondas? E uma versão de baixíssimo custo dos guardanapos de pano (em papel, dobrados de uma forma diferente e elegante, por exemplo).
E a Internet, então? Quantas coisas que existem no mundo real não poderiam passar a existir virtualmente?
Quem sabe se um esportivo carro anfíbio com a tecnologia que se tem hoje não funcionaria muito bem e não seria um sucesso de vendas? Desdizendo o que foi dito no capítulo dos gadgets, inventores criaram um moto-planador que funciona tão bem como qualquer planador rebocado por avião (o motor e hélices são embutidos na carenagem do motor). Se foi conseguido com avião, por que não com um carro-lancha?
Para o remake de um produto é preciso, portanto, uma mudança de paradigma, através da percepção das novas tecnologias, novos desenhos e novos mercados e, para isso, os clássicos podem ser um abundante manancial de informações e idéias.

Função
A primeira qualidade de um produto é a de cumprir a função para qual ele se propõe.
O botão de ligar realmente liga? E desliga sem faíscas? A alça adapta-se bem à mão? A tampa pode ser removida com facilidade? é robusto o suficiente?
A análise de adequabilidade à função possui ítens básicos a serem analisados: a ergonomia, a durabilidade e resistência , segurança e o funcionamento em si.

Ergonomia e Antropometria
Ergonomia significa adaptar o produto às necessidades do trabalho humano. O mouse que deve encaixar-se na mão, o assento do automóvel adequado à coluna vertebral humana, a mesa com altura correta.
Os estudos ergonômicos são baseados em dados antropométricos retirados da população média. Como na prática não existe o ser humano médio fornecido pelas estatísticas, em nível de produção industrial a ergonomia nunca é perfeitamente adaptada ao usuário, mas a uma faixa de consumidores que aproximem-se daquelas características.
Por este motivo, o chamado “formato ergonômico” nem sempre é o mais apropriado para o produto. Empunhaduras que encaixam os dedos perfeitamente, por exemplo, podem deixar um grande número de usuários com calos e machucados simplesmente porque não atendem a todos, mas só à maioria. Uma empunhadura cilíndrica e emborrachada normalmente é uma solução bem melhor.
Nélson Rodrigues dizia que a maioria é sempre burra. Designeres que trabalham para a maioria, dependendo do produto, também podem cair nesse critério.
Uma outra dificuldade encontrada é a ausência de dados antropométricos que atendam a toda a população de um país de dimensões continentais como o Brasil. Por um lado há uma informação deficiente, por outro os dados variam enormemente, dependendo das regiões em que foram tomados. O bom senso é necessário ao pensarmos na ergonomia do produto.

Por natureza, o design é uma atividade antropocêntrica. No entanto, nem sempre é necessária essa adequação ao tamanho e formato do ser humano.
Você pode fabricar um caminhão de brinquedo adaptado ao tamanho da mão de uma criança, mas pode estar certo de que ela vai preferir brincar com o caminhão de madeira enorme que o pai comprou no quiosque de beira de estrada. Aquelas canetas de banco, com uma correntinha, será que deveriam ter um formato como o das outras canetas ou, considerando que só servem para assinar documentos, não deveriam ser maiores para proporcionar uma maior visualização da marca da empresa?
Muitas vezes, a ergonomia deve ceder lugar ao que é mais importante ao cliente e ao consumidor.

Durabilidade e Resistência
Quanto tempo de uso foi previsto para o produto?
Nesse particular, temos que nem sempre uma máxima resistência é interessante, pois senão o consumidor não irá comprar mais o produto e a indústria vai à falência.
Evidentemente, que isso não é a preocupação de uma empresa monopolista, ou de uma Empresa Sublime, pois a idéia é vender um outro produto de qualidade, criar novas necessidades e não deixar o consumidor escravo daquele produto.
Levi-Strauss, criador das calças jeans era um vendedor de lonas durante a corrida do ouro americana. Quando a sua mercadoria não vendeu nada, ele resolveu fabricar calças com rebites com aquelas lonas. Foi um sucesso imediato, pois os mineiros precisavam de roupas resistentes para o trabalho árduo.
É o mesmo caso do Fusca: um automóvel pensado para a guerra, com manutenção bastante simples, com durabilidade enorme e que não mudava o desenho por décadas. Sucesso de vendas, pois o consumidor busca um produto que dure para sempre.
Portanto, nem sempre pense em tornar o seu produto descartável, pois muitas vezes a durabilidade será o principal fator diferencial ante os demais concorrentes.

Normas e Segurança
O produto segue as normas nacionais e internacionais?
No Brasil, a ABNT, o INMETRO e os sindicatos de classe podem informar a respeito de normas técnicas.
Quanto à segurança, o produto não é perigoso? Se você nasceu antes da década de 80 provavelmente lembra de como eram os brinquedos: de madeira para a criança bater na cabeça do coleguinha, de metal cheio de pontas para a criança cortar os dedos, barquinhos propulsionados com álcool e fogo, foguetes que voavam 70 metros de altura e eram um verdadeiro míssil, revólveres que soltavam fagulhas, pecinhas pequenas pedindo para serem engolidas... quem conseguiu sobreviver à infância daquela época, certamente se divertiu bastante!
- O primeiro elemento a ser considerado é a existência de pontas, cantos vivos e ângulos retos. Além do bom senso nos dizer que esses elementos são perigosos, devemos levar em conta o efeito psicológico que uma ponta representa, pois o consumidor interpreta como sendo um produto perigoso do qual ele quer distância. É por esse motivo que no desenho de produtos, displays e embalagens deve-se evitar o ângulo reto, não só pelo perigo que isso representa, mas também para tornar o produto mais atraente visualmente.
- Resistência à função. O freio da bicicleta não vai quebrar quando solicitado? O salto do sapato é robusto o bastante?
- Pode romper e soltar líquidos?
- Resistência ao fogo. É feito de materiais não inflamáveis? Se não for, essa informação está citada na embalagem?
- Solta gases tóxicos ao queimar?
- Avanços na altura da cabeça ou dos tornozelos do consumidor. Não tem nada que possa bater na cabeça? E nas canelas?
- Giros. Crianças não podem começar a girar o produto muito rapidamente até o ponto de ele se desequilibrar e cair?
- Se for destinado à crianças, possui peças pequenas?
- Tem cores que o identifiquem?
- Quebra-se com estilhaços?
- É tóxico?
- Gera algum resíduo industrial difícil de ser eliminado?
- Como é a pega deste produto? Tem boa empunhadura ou é fácil de escapar da mão?
- Tem equilíbrio/ estabilidade?
- Não rola para longe ao cair?


Funcionamento Simples
O seu produto Funciona? Os botões do seu liquidificador não trancam depois de um ano de uso? (o autor tem um que é assim)
O funcionamento deve ser compreensível para qualquer usuário. Objetos de funcionamento difícil exigem um manual mais elaborado.
O mercado está cheio de produtos que simplemente não funcionam. Vamos citar alguns:
- embalagem de espuma de barbear com liga de ferro que deixa uma mancha de ferrugem sobre a pia do banheiro;
- embalagem de espuma de barbear que perde a pressão antes de terminar o conteúdo do produto;
- copo de iougurte que deixa um pedaço de papel ao abrir;
- videocassete que começa a rodar o filme assim que se coloca a fita (isso é opção do fabricante, mas nem todos os consumidores querem que aconteça isso, pois é bom ter um tempo para ligar a TV, acomodar-se, etc.);
- automóvel com o pneu estepe no meio do porta-malas;
- embalagem para alimentos orgânicos de plástico que não é bio-degradável (nem todos as pessoas saudáveis são também ecologistas, mas convenhamos... não tem nada a ver);
- equipamento de som em que o botão de ligar tem três posições: tape(desligado), CD e rádio, sendo que se optou ligar o rádio na posição intermediária. Só quem já está acostumado com o equipamento consegue ligar. Aliás, normalmente equipamentos de som são feitos para disk-jóqueis e não para o público médio;
- caixa de sabão em pó em que o sabão fique embolotado e não consiga sair (problema do produto e da embalagem);

Você conhece alguns desses produtos e poderia ainda acrescentar muitos para esta lista? Então não faça a sua idéia se tornar um deles!


Empilhamento
É preciso prever o empilhamento do produto ou embalagens.
Programas de design gráfico, como os utilizados em agências de publicidade normalmente auxiliam bastante no estudo de empilhamentos.
Existem alguns dados que precisam ser levados em consideração.
- Quando se empilha produtos soltos como grãos, frutas, pós, pedra britada, etc., a pilha se comporta dentro de uma lógica própria, não tem comportamento nem de sólido, nem de líquido. Como o estudo desse empilhamento é algo muito pouco estudado, é preciso prever uma altura bem inferior àquela que poderia ser alcançada, prevendo a possibilidade de desabamentos.
- As formas influem nos volumes e no consumo de material de revestimento.
Formas esféricas têm um máximo volume e mínima área, formas tetraédricas possuem máxima superfície externa e mínimo volume.
- Formas esféricas alcançam a máxima resistência interna, sendo esse o motivo porque as bolhas de sabão e tudo na natureza que retém gases tem formato esférico.
- Formas tetraédricas alcançam a máxima resistência à compressão, sendo ideais para produtos que estejam sujeitos a esse esforço.
- Formas tetraédricas encaixam-se perfeitamente entre si, mesmo se não foram organizadas pela mão do homem. Produtos tetraédricos, assim que forem empilhados, organizam-se de uma maneira surpreendente. E quanto maior a pressão e maior a vibração a que essa estrutura é submetida, maior a organização do sistema.
- Nos prismas, quanto mais o produto aproxima-se da forma cúbica, maior será o volume interno. Ou seja, se caixas de sabão em pó ou outro produto qualquer possuíssem o formato cúbico, o fabricante reduziria os seus custos com o papel com que elas são fabricadas. E também com as unidades de despacho (caixas de papelão).
- Todos os poliedros regulares (tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro e icosaedro) possuem características próprias de encaixe, além de figuras não regulares que os complementem e devem ser estudados como formas interessantes para produtos. Na geometria não existem apenas cilindros e prismas, como existe na indústria de embalagens. Outras formas devem ser consideradas.
- A esfera e o cilindro não encaixam-se. O desperdício de espaço entre um e outro produto é muito grande.
- Gargalos de garrafa sempre podem ser encaixados no fundo da garrafa seguinte.
- Se um determinado formato é escolhido para um melhor aproveitamento de material, será que a sua empresa não tem porte suficiente para exigir que o fornecedor entregue no formato que mais lhe convém?

Enfim, ao pensar o produto você deve sempre perguntar a respeito do empilhamento e como otimizar os encaixes no sentido de melhorar as características de volume, aproveitamento de material, transporte e armazenagem. Bem poucas empresa ocupam-se dessa questão.





More to Come
O semiólogo italiano Umberto Eco tem um texto em que fala a respeito da cultura de consumo norte americana. Na época em que ele escreveu, as emissoras de TV chamavam o intervalo comercial com a frase “More to come!” (mais por vir) e ele analisa de como essa expressão é presente naquela sociedade industrial.
O ser humano adora o mais, e não necessariamente o melhor.
Isso quer dizer que, se você fabrica chocolates, pode colocar chocolate granulado ou outro enfeite qualquer de cobertura. Se você vende sorvetes, pense em aumentar o número de “toppings”. Se o seu negócio for fabricar equipamentos de som, que tal alguns botõezinhos que não sirvam para muita coisa, mas que você possa anunciar como sendo more que o seu concorrente?
Crianças são muito susceptíveis a esse tipo de apelo. Você mesmo pode fazer o teste com seu filho ou sobrinho: leve-o à lanchonete e pergunte se ele quer o sanduíche com ou sem catchup, ou no shopping pergunte se ele quer comprar o sapato com ou sem cordões. As respostas normalmente são “com”.
Quanto menor o nível de informação do consumidor, maiores devem ser as características more.
O nível de informação está, ainda que não necessariamente, ligado à classe social do indivíduo. Normalmente, pessoas mais instruídas recebem salários maiores e pessoas de nível econômico maior têm mais probabilidade de terem se instruído. Dessa maneira, produtos more devem ser dirigidos a pessoas de baixa renda e produtos minimalistas (veremos a seguir), às pessoas mais abastadas.
Entre em um loja de 1,99. Compre um prato. Depois vá a uma loja de cozinhas elegantes e compre outro prato e observe as diferenças. Os pratos dos ricos, normalmente são de uma limpeza de detalhes quase que monástica, enquanto os pratos de pessoas mais humildes têm bem mais desenhos e rococós. O mesmo vale para os talheres, ou para qualquer outro produto de uso doméstico.
É evidente que uma more no produto representa custo de produção, por isso ele só se justifica quando for um objeto a ser produzido em enorme quantidade e que se possa cortar despesas na qualidade do material.
Produtos com more são, por conseguinte, produtos com baixa qualidade e destinados à grandes massas populacionais.
Dessa maneira, em projetos dirigidos às crianças e populações de baixa renda devem ser considerados alguns incrementos e esses incrementos podem trazer acréscimos que não sejam necessariamente melhorias.


Minimalismo
Bem ao contrário da característica more falada acima, a sociedade industrial sempre dirigiu-se ao minimalismo.
As primeiras máquinas do século XIX possuíam entradas de produtos com bocas de lobo, pés de ferro imitando garras de leão e alavancas enfeitadas com relevos imitando heras e flores. O mesmo valia para qualquer bem produzido por essas máquinas, sempre precisavam de enfeites e detalhes totalmente desligados da função.
Com o passar do tempo, foi-se cada vez mais limpando os desenhos e a forma foi cedendo lugar às necessidades. O reinado da praticidade e da função chegou e parece ter vindo para ficar.
O design moderno segue, portanto, a função e nada desnecessário deve estar presente no produto. Por motivos econômicos, uma mentalidade espartana passou a dominar a criação e essa concepção faz baixar custos e aumentar a qualidade dos bens elaborados.
Esses produtos de linha “zen”, como vimos, dependem de uma certa educação por parte do consumidor para serem apreciados no seu caráter estético. No entanto, como todas as fábricas querem baixar custos, os produtos expostos ficam cada vez mais suscintos e parecidos uns com os outros e por isso, o público é normalmente conduzido a adquirir produtos minimalistas.
Esse reducionismo, porém, tem várias correntes e escolas. Praticamente todo o design do século XX buscou o sucinto. Isso quer dizer que o seu produto não precisa ser necessariamente igual ao do concorrente para ser o mais barato de produzir possível. Novas linhas, ou a busca de velhas linhas já esquecidas, podem produzir um efeito bastante interessante e assustador para as outras indústrias que vendem ao lado da sua prateleira.
O estilo aerodinâmico dos anos 30 ou os móveis pés-de-palito da década de 50 são exemplos de produtos bem elaborados e com custo mínimo de fabricação, que possuem uma profunda beleza e que podem ser sempre retomados para revitalizar as suas vendas.


Manual
O manual de instruções do seu produto normalmente é a cara da sua empresa.
Este livro serve para informar o consumidor, não para evitar incomodações com os órgãos de defesa do consumidor. Só porque o seu produto já está pronto para ser produzido não quer dizer que ele esteja pronto para ser vendido.
Normalmente, as pessoas que têm capacitação para elaborar manuais não o tem para elaborar produtos e vice-versa, pois são atividades humanas diferentes. Dessa maneira, não é o projetista de produto a melhor pessoa para dizer ao cliente como operar o objeto criado por ele.
O manual deve seguir todos os elementos de design gráfico e pode ser analisado pelo check-list no final deste livro, porém isso não o faz necessariamente um bom informativo.
Normalmente, ninguém lê manual e ele só vai ser útil quando se tem algum problema difícil de resolver. Por isso, em primeiro lugar, todos os problemas de uso normal devem ser pensados.
Por que motivo todo o manual de equipamento que você tem na sua casa é exatamente igual ao outro? Você não gostaria que eles fossem apresentados na forma de histórias em quadrinhos ou naqueles discos de papelão com janelas de perguntas e respostas? Ou em CD-ROM ou gravação de vídeo?
O manual, como importante elemento de imagem institucional deve ser pensado como tal. É preciso que o consumidor fique, não só satisfeito com o produto, como também com as informações que possa obter sobre ele. Um manual ineficiente e mal elaborado denota um total desrespeito com o cliente e isso irá produzir conseqüências nas vendas.

Unidade de Despacho
A unidade de despacho (UD), normalmente refere-se à caixa de papelão utilizada para o transporte do produto já em sua embalagem, no entanto, este termo é mais amplo e pode se referir a uma caixa de madeira ou um container, por exemplo.
É preciso prever que o peso da UD cheia não deve ser superior àquele que possa ser carregado com conforto por um empregado. As suas dimensões também devem ser estudadas para que exista adequabilidade ergonômica para um ser humano normal.
Quanto mais próxima do cubo, maior será o volume transportado pela caixa, em relação ao seu custo (menor área, máximo volume). No entanto, devemos levar em conta a possibilidade de exportação do produto e para isso, a caixa deve ser de um tamanho divisível pelo tamanho padrão dos containeres.
A unidade de despacho é um out-door ambulante. ela passa pelas mãos de muitas pessoas no transporte, armazenagem e venda e muitas vezes acaba na frente das caixas dos supermercados bem à vista de milhares de consumidores. Por isso, ela não deve ser desprezada como veículo importante para a divulgação da imagem da empresa. Deve-se aplicar um método de análise visual para verificar a precisão da informação ali contida e lembrar de imprimir slogans, marcas, logos, etc.
Existe uma padronização de ícones utilizados no mundo todo em unidades de despacho que indicam informações tais como: frágil, teme calor, teme umidade, número de itens a ser empilhados, etc.
Para caixas de cor parda, as mais comuns, deve-se usar impressão em preto, pois é a que dá maior contraste. a impressão serigráfica é de maior qualidade do que a flexografia, impressão mais comum. Se a empresa fornecedora de caixas trabalhar com os dois métodos, utilize a serigrafia. A rotogravura, um outro tipo de impressão, é uma meio ótimo quando a tiragem é gigantesca.
A aplicação do código de barras deve ser prevista para os cantos direitos inferiores, conforme determinação de normas internacionais.


Código de Barras
O código de barras é gerenciado no nosso país pela EAN Brasil, sediada em São Paulo. Todas as informações de aplicação deste sistema podem ser diretamente informados por este órgão.
Este código representa um número dado por um algoritmo no qual os primeiros números determinam o país (no caso do Brasil, 0789), os números seguintes o código da empresa (obtido mediante inscrição no sistema), depois o número do produto dado pela empresa (001, 002, etc.) e o último número um dígito verificador, obtido pela resolução do algoritmo, mediante um código próprio.
Existem sistemas diferentes para a classificação de produtos e de unidades de despacho.
Para cada produto fabricado pela empresa, existe um código diferente.
Por funcionar por contraste, deve-se evitar cores que tenham pouca variação de tom para a impressão do código.



Embalagem
Alguns elementos não podem ser esquecidos na criação da embalagem:
- Nome do produto
- Marca ou logo do produto
- Descrição do produto
- Pop-ups (novo!, experimente!, etc.)
- Desenho ou foto do produto sendo utilizado
- Vantagens do produto
- Instruções de uso
- Cuidados com o produto
- Código de barras
- Ícone de reciclagem (para produtos a serem exportados para a Europa, ecolher o “Der Grünne Punkt”, ícone de reciclagem parecido com o símbolo yin-yang)
- Nome da empresa
- Marca ou logo da empresa
- Endereço
- CNPJ
- Validade ou “Produto não perecível”
- Composição
- Conteúdo/ quantidade
- Número da patente (se aplicável)
- MADE IN BRAZIL
- Tele atendimento e endereços de Internet
- Registro no Ministério da Saúde (se aplicável)
- Informação nutricional (se aplicável)
- Recomendações nutricionais (se aplicável)


Imagens com Movimentos
Sempre que houver movimento no seu produto, como por exemplo em anúncios de TV, apresentações em feiras, expositores, etc. é necessário levar me consideração a possibilidade de ocorrência de dois defeitos imperdoáveis.

O primeiro deles é a inatividade. Movimento é necessariamente ação.
Para nós, ação é tudo aquilo que se faz em um determinado tempo para manter a atenção do espectador. Normalmente, a ação é baseada em um expectativa, é preciso gerar uma espera e uma surpresa.
O padrão clássico de estrutura narrativa, que pode ser aplicado a uma narrativa visual, é iniciar com uma tensão baixa e ir acrescentando elementos que aumentem esse nível de tensão até chegarmos em um clímax que deve ser seguido por um relaxamento. Se o movimento continuar em uma progressão, tudo deve iniciar de novo até atingir um clímax mais alto do que o primeiro. Com a passagem do tempo, cada clímax deve ser mais tensionado, até chegarmos ao grande clímax final. Veja um bom filme holliwoodiano no cinema que você irá entender melhor o que está sendo falado.
Por exemplo: (1) entra um homem na cena; (2) entra uma mulher com expressão furiosa (tensão); (3) o homem dá um sorriso para ela; (4) ela dá um tapa na sua cara (climax) ; (5) o casal se beija (relaxamento) .
Esse padrão vale para qualquer coisa que trate de movimento: um anúncio de TV, um filme, uma peça de teatro, uma animação para a Internet, uma palestra ou um produto girando em uma vitrine. Se não houverem esses três elementos, tensão, clímax e relaxamento, o espectador não irá prestar a atenção. Não tente mudar isso, a menos que você seja um gênio da dramaturgia, pois a humanidade já sabia desses fatos no século Va.C. e é muito difícil conseguir a atenção do espectador sem utilizar essa técnica.

O ser humano tem por característica a ojeriza à chatice. Isso é muito positivo, pois nos trouxe progresso e descobertas maravilhosas. Acontece, que como determinar quando ocorre o fenômeno da chatice?
Normalmente, a chatice ocorre por uma repetição de informações já dadas. Portanto, não fatigue o seu consumidor até o ponto de ele desistir de olhar para o seu produto, por já ter visto tudo e estar vendo de novo. Filmes “de arte” do leste europeu muitas vezes são bastante repetitivos e esse é o motivo porque ninguém os vê, além de poucos intelectuais metidos.

O segundo pecado mortal no que se refere a imagens com movimentos, e esse é mais específico a anúncios e filmes, é a falta de verosimilhança.
Veja bem. Existe uma diferença entre real, verdadeiro e verossímil. Por exemplo. Os filmes do 007 não são verdadeiros, pois todos sabem que ninguém pode ser super-homem e safar-se sempre das mais estapafúrdias situações. No entanto, é bastante verossímil, ou seja, a gente acredita, joga e brinca na nossa imaginação que aquilo seja real.
Existem uma infinidade de exemplos, que não seria ético citar aqui, de filmes e propagandas que não são verossímeis, apesar de muitas vezes possuírem uma linguagem realista e de tratarem de coisas cotidianas.

Portanto, devemos sempre analisar se há ação, e por ação entende-se um crescendo que leve a um clímax e a um posterior relaxamento, sem repetições desnecessárias e se há verossimilhança, definida como uma crença por parte do espectador na realidade da ação ali mostrada.


Valor Agregado
Sempre devemos pensar na possibilidade de agregarmos valor ao produto. Todas as melhorias propostas acima têm essa função, mas neste item nos referimos mais especificamente a aumentar os passos da produção com a finalidade de fornecer ao consumidor um produto mais elaborado.
A pergunta a ser feita é: o que o meu cliente faz com o meu produto?
Antes dos computadores, os arquitetos usavam graxa de sapato para sombrear plantas em papel vegetal. Um fabricante de graxa, portanto, poderia ter lançado o produto em uma embalagem adequada para o uso em escritórios.
O que as pessoas fazem com pó de gelatina, além do uso imediato? Maria-mole, sorvete, etc. Por que não lançar esse produtos diretamente a um preço mais alto do que gelatina?
O que as pessoas fazem com mãos francesas? Prendem na parede com parafusos e buchas. Por que não vender esses ítens em conjunto?
Sempre que você tiver um produto, deve pensar na utilização e na possibilidade de criatividade humana, após o momento que o consumidor levou o seu produto para casa.
Sempre devemos perguntar como vender algo mais ou vender o nosso produto já preparado para a sua utilização. Essa é das formas mais interessantes de agregarmos valor a uma determinada idéia.




Consumidores Especiais
Pessoas diferentes da média podem utilizar o nosso produto?

Como utilizar a nossa idéia com uma só mão? Pode ser transportado no colo de quem está sentado? Com dois dedos a menos ainda é fácil de utilizá-lo? Tem acesso por cadeiras de rodas?
Tem informações em braile?
Uma pessoa usando muletas irá se dar o trabalho de apanhar o nosso produto e ler a embalagem? Não seria melhor aumentar as fontes para que ele leia de longe?
Idosos conseguem carregar? Não está colocado na prateleira inferior, onde eles não conseguem abaixar-se para apanhar? Um idoso consegue ler as instruções? Idosos normalmente têm maior poder aquisitivo e a população está envelhecendo. À medida que os anos passarem, cada vez mais a atenção com o idoso será mais importante como estratégia de mercado.
Um canhoto consegue operar facilmente?
Um negro não se sentirá ofendido ou não atingido pelas imagens contidas no produto ou na embalagem? (mais da metade da população brasileira é negra, não esqueçamos)
Uma pessoa muito rica não irá pensar que o produto é dirigido para pessoas muito abaixo da sua classe social?
Uma pessoa muito pobre não pensará que o produto não está ao alcance do seu bolso?
Estrangeiros conseguirão ter uma idéia do que está sendo vendido sem conhecer a língua?
Está ao alcance das crianças? Não ficará muito grande se uma delas for utilizar?
Parkinsonianos e pessoas com artrite nas mãos não deixarão o produto cair?
Númerações para a utilização de gigantes estão previstos?
Um anão poderá comprar o produto para adulto ou terá que se contentar em comprar a versão infantil?
Está também oferecido em embalagens e tamanhos para solteiros? O mercado dos singles é cada vez maior.
O produto é para crianças, por isso o adulto se sentiria ridículo comprando? Não dá para fazer uma embalagem para um público mais amplo?
Para o motorista que está dirigindo sozinho, o produto não irá fazer sujeira no carro?

O consumidor médio não existe, é apenas uma abstração da estatística. Portanto, precisamos pensar em como atingir o maior possível número de clientes existentes no mundo real, não naquilo que pensamos ser o mercado verdadeiro. Todos nós somos pessoas diferentes, com particularidades e determinadas dificuldades que nos motivam ou impedem de atingirmos determinado produto.
Não deixe que o seu concorrente pense isso na sua frente.

Frontalidade
Sabe-se que o consumidor é atraído por aquilo que está de frente para ele. Produtos em prateleiras muito baixas ou em ângulos muito acentuados têm problemas de visualização. Ninguém vira a cabeça para olhar informações que não lhe interessam e, em princípio, ninguém quer comprar o seu produto.
Só para termos uma idéia da importância de atrair o consumidor, é sabido que as pessoas que estão na fila dos caixas em supermercados estão levando para casa 3 vezes mais produtos do que aqueles para os quais entraram na loja decididas a comprar!
Toda vez, portanto que for exposta alguma informação visual, certifique-se que o espectador esteja em um ponto de observação privilegiado e frontal.

Limpeza
Como proceder a limpeza do produto? Possui cantos ou saliências onde não é possível entrar com esponjas ou escovas? É construído de material que possa ser molhado? Pode ser fervido para esterilização?

Onde guardar?
Foi providenciada algum estojo, saco ou apoio para que o consumidor tenha onde guardar o produto após o uso?
Este é um “more” normalmente muito apreciado.

Improvisações
O usuário não está improvisando de alguma forma?
Se você informa que é preciso uma certa medida do produto, ele veio com o copo dosador? A tampa não está muito difícil de abrir?
Sempre que o usuário não for satisfeito nas suas necessidades, ele irá improvisar. Se as nossas prefeituras soubessem disso, não haveriam tantos “carreirinhos” pelo meio das praças e passagens, pois o pedestre sempre procura o caminho mais curto, exista ou não calçada naquele local.
O mesmo acontecerá com o seu produto. Se não existirem meios de obter uma utilização perfeita, ocorrerão improvisos que são desinteressantes por dois motivos. Primeiro, o cliente irá ficar desgostoso com a marca. Isso irá reduzir as vendas não só do produto que ele já adquiriu, como também de todos os outros fabricados por sua empresa. Em segundo lugar, você estará perdendo uma oportunidade de agregar valor, com novos complementos que melhorem a utilização da sua produção.
Jamais deixe o consumidor improvisar. Dê-lhe tudo que ele precisa para o bom uso do seu produto. Se isso não ocorrer, o grande prejudicado não será o cliente, mas a sua empresa.

Ecologia
O que vai acontecer com o produto e com sua embalagem após a utilização?
A questão ecológica é cada vez mais importante para a imagem das empresas, sendo que se a intenção for entrar em alguns países europeus, será a diferença entre vender e fracassar com o produto.
Nos moldes de plástico, estão previstas estampagens que orientam para a forma de reciclagem do plástico?
Não foram utilizadas madeiras nobres?
O produto é reciclável?
A embalagem é reciclável?
O conjunto produto-embalagem é reciclável? Por exemplo, papel é reciclável, mas caixa de sabão-em-pó não é, pois o produto deixa muitos resíduos na embalagem, o que impede a sua reciclagem.
É fácil de amassar, ou o usuário é obrigado a jogar no lixo assim mesmo, fazendo um enorme volume?

O produto não está gerando muito ruído? Como minimizar a poluição sonora?

Devemos também pensar na produção. Como tratar os resíduos industriais? As sobras de chapas podem ser utilizadas de alguma forma?


Aspectos Sociais
Não se está prejudicando socialmente o ser humano com a nossa produção?
Não utilizamos materiais e equipamentos que vieram da exploração de mão-de-obra infantil ou escrava dos países orientais?
O produto de alguma forma não promove o crime, as doenças ou a desagregação familiar? Ele passa valores positivos?
Será que não existe algo na nossa embalagem que passe algum valor racista ou de preconceito religioso?
Há uma mensagem religiosa no nosso produto em que o consumidor mais instruído possa ler como sendo pieguice, ou contrária as suas crenças e valores?
Um consumidor ateu compraria o nosso produto?
Existe preconceito contra idosos? O produto passa jovialidade ou apenas ageísmo?
O nosso produto não poderia promover alguma campanha de interesse da sociedade (fotos de crianças desaparecidas, datas de vacinação infantil, etc.)?

O aspecto social é cada vez mais importante para a imagem de empresas, de modo que é importantíssimo observar esses critérios. Não só devemos pensar em uma certa neutralidade que não prejudique a imagem do produto, mas também em um engajamento em causas sociais, pois estas são de fundamental importância, não só para cumprir a importante função de auxílio a que se propõe, mas também para trazer bons lucros.
Tanto a sociedade, quanto a firma ganharão com a implantação deste pensamento.