quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Dinheiro Eletrônico - Resumo

RESUMO
Estudo que Visa Eliminar o Dinheiro em Espécie e Implantar um Dinheiro Eletrônico

Com objetivo de criar um sistema que ao mesmo tempo traga maior segurança e comodidade em transações de negócio e também a eliminação radical de grandes problemas que afligem a humanidade há séculos, criou-se o presente trabalho que tem por proposta eliminar o dinheiro em espécie e implantar um dinheiro eletrônico, de forma diferente daquele meio usado pelas operadoras de cartões de débito ou de crédito.
O método de pesquisa busca um viés diverso: o de pensar um sistema que funcione tanto “on line”, como “off line” de modo a possibilitar o uso irrestrito de tal meio de troca. Espera-se com isso implantar uma maneira de praticamente acabar com a corrupção do meio político, bem como em qualquer outra atividade ilícita.
Tivemos como resultado que é, sim, perfeitamente possível tal antigo sonho da humanidade, devido aos recentes avanços tecnológicos. Além disso será fator importante de desenvolvimento do país e precisa ser pensado muito rapidamente.
A conclusão é de que a implantação do dinheiro eletrônico é inexorável no processo histórico da humanidade e temos por questão a ser debatida se o nosso país irá tomar a dianteira ou ser obrigado no futuro próximo a adquirir tal conhecimento de outros desenvolvedores, pois o meio de obtenção de tal feito já está perfeitamente disponível e precisa ser aproveitado.

Dinheiro Eletrônico - Início até Capítulo 2

Estudo que Visa Eliminar o Dinheiro em Espécie e Implantar um Dinheiro Eletrônico

Sumário
1 Introdução
2 Origens do Dinheiro
3 Apresentação

3.1 Diferenças Entre o Dinheiro Eletrônico e o Dinheiro “cash”
4 Funcionamento
4.1 – 4.7 Explicações Específicas de Funcionamento
5 Segurança
6 Tecnologias e Possibilidades de Avanço Tecnológico
7 Implantação
7.1 Metas de Implantação

7.2 Parcerias para o Desenvolvimento do Sistema
8 Considerações
9 Diferenças que ocorrerão no Brasil com a implantação do dinheiro eletrônico

10 Conclusão
11 Bibliografia
12 Glossário

1 Introdução
Desde há muito, o fim do dinheiro em espécie vem sendo preconizado. No entanto, o sonho do chamado “dinheiro de plástico” nunca se concretizou por falta de uma tecnologia que dê ao mesmo tempo segurança nas operações monetárias, simplicidade e uma forma de comunicação entre operadora financeira e comerciante que permita que o seu uso seja amplo na população e não apenas aqueles que vivam em uma grande cidade ou tenham acesso a estabelecimentos conveniados ao sistema.
Os cartões bancários possuem falhas que vemos todos os dias na imprensa: possibilidade de clonagem, seqüestros, erros, etc. E o maior defeito é mesmo estrutural: não é para todos, mas apenas para aqueles que tenham crédito em banco, os pequenos correntistas não são clientes visados para a grande maioria dos estabelecimentos.
A solução é uma idéia que existe em muitos filmes de ficção científica: acabar com o dinheiro em espécie sem acabar com o capital, ou seja, possibilitar que indivíduos realizem operações financeiras sem todos os entraves listados acima.

A proposta deste projeto é acabar com o dinheiro “cash”, isto é, fazer que toda e qualquer transação financeira passe de uma conta bancária para outra, sem o uso de um meio físico.

A maneira tecnológica de isso ser realizado só foi possível após a descoberta dos “smart cards”, inicialmente inventados nos anos 70, mas com as suas capacidades de armazenamento compatíveis com as necessidades de um verdadeiro dinheiro eletrônico sendo desenvolvidas apenas no início do século XXI.
“Smart cards”, traduzidos literalmente por cartões inteligentes, são dotados de um “chip” eletrônico que permite o armazenamento de informações. Os smart cards são amplamente utilizados em diversos usos: cartões de débito ou crédito, cartões de vale-refeição, de transporte, de ingressos a espetáculos, etc. Para implantação de tal sistema não será preciso efetuar qualquer mudança nos atuais cartões, bastando para tal propiciar transformações apenas nos software e driveres de leitura.
Os cartões inteligentes, portanto, e todas as tecnologias que dele derivarem são as formas mais promissoras de criação de um verdadeiro dinheiro eletrônico.
Quais seriam as conseqüências de tal tecnologia, posto que todo o dinheiro poderia ser trilhado com origem, destino e escalas em cada vez que fosse negociado?
- Traficantes não mais poderiam vender drogas, pessoas, armas ilegais ou qualquer mercadoria ilícita. Grandes máfias seriam extintas;
- Acabaria a corrupção no meio político;
- Fundos sociais não mais poderiam ser desviados de contas públicas;
- Empresas não mais poderiam ser lesadas;
- Impostos não poderiam ser sonegados;
- Financiamentos a terrorismo poderiam ser trilhados;
- “Caixa dois”, corrupção de policiais e outros funcionários públicos, subornos, e outros pesadelos atuais poderiam ser eliminados.
Enfim, tudo aquilo em que se pensar de errado do mundo ocasionado pela existência de dinheiro “cash” poderia se tornar coisa do passado.
Veja-se bem, muito rapidamente, pois a grande dificuldade é a vontade política, não empecilhos tecnológicos.
Como se sabe, o grande entrave ao desenvolvimento da maioria dos países é justamente a corrupção. O projeto de acabar com o dinheiro em espécie tem por objetivo trazer prosperidade aos povos e poderia ser aplicado, se existisse empenho, em um período muito curto.
Não estamos aqui falando de apenas mais uma forma de efetuar transações bancárias, mas sim de uma verdadeira mudança de paradigma nas relações comerciais entre os indivíduos e entre diversas populações e grupos humanos.
As conseqüências e vislumbres que essa tecnologia poderá trazer serão mais bem discutidos a seguir.


2 Origens do Dinheiro
A partir da troca de mercadorias necessárias para si e para seu grupo, o homem primitivo logo percebeu a necessidade de um meio de troca.
As primeiras formas de moeda foram as permutas de umas mercadorias por outras, o chamado escambo, mas logo essas mercadorias se tornaram padronizadas, como foi o caso das permutas de gado ou o sal. Dessas trocas temos até hoje palavras com essa origem: pecuniário, vem de “pecus” (gado) e salário se origina em sal. No Brasil, o açúcar, o pau-brasil, o tabaco e o pano já foram utilizados como moeda, uma vez que durante os primeiros tempos da colonização, o numerário era quase inexistente.
Com o desenvolvimento do processo civilizatório, passou-se a utilizar metais como forma de troca, salientando-se o ouro e a prata, ligados a rituais religiosos por suas cores parecidas as do sol e da lua. Esses metais passaram a ser confeccionados em determinados formatos, como o de pele de animal ou de faca.
Por volta do século VII a.C., surgiu na Grécia a moeda com o formato similar à atual que logo recebeu cunhagem de pessoas e animais.
Outra evolução do meio de troca surgiu na Idade Média, quando recibos em papel de depósito em escritórios de ourives passaram a circular, surgindo assim o papel-moeda. No Brasil, os bilhetes de banco surgiram apenas em 1810, inicialmente preenchidos à mão.
Assim, desde os primórdios das civilizações, o dinheiro foi utilizado como forma de troca, sendo durante milênios a única maneira de efetuar transações comerciais entre indivíduos.
Apenas nos anos 20 do século XX é que começaram a surgir os primeiros cartões de crédito, mas em um modelo que lembram os cartões-fidelidade atuais, ligados apenas a uma rede ou ramo de comércio. O primeiro cartão com formato similar aos dos modernos, o chamado Cartão de Crédito Universal que permite comprar em estabelecimentos diversos foi lançado pela Diners Club em 1950, inicialmente apenas como um privilégio para milionários, mas rapidamente espalhado para grande parte da população. A maior operadora atual de cartões de crédito, a VISA, começou ligada ao Bank of America em 1958.
Esses precursores foram rapidamente seguidos das transações eletrônicas algumas décadas depois. São esses avanços tecnológicos e de aceitação social do dinheiro como meio eletrônico que permitem pensarmos em um passo seguinte que é a criação de um verdadeiro dinheiro eletrônico.

Capítulos 3 e 4

Dinheiro Eletrônico - 3 e 4

3 Apresentação
O grande entrave para o surgimento de um dinheiro eletrônico que possibilite abolir o dinheiro “cash” é justamente o paradigma perseguido pelo sistema bancário em geral de tentar aumentar a comunicação entre pontos bancários, tais como agências e ATMs (quiosques de atendimento eletrônico).
Por mais que se ampliem as formas de comunicação, sempre haverá locais de alguma forma não cobertos pelo sistema: um barco no interior da Amazônia, o fundo de uma mina, o interior de um laboratório de radiologia, são exemplos de locais que, mesmo com ampla cobertura por satélite ou sistemas avançados de comunicação, possuem dificuldades na comunicação por ondas de rádio, seja devido à distância ou bloqueio por paredes ou “gaiolas de Faraday”.
Isso não quer dizer que não exista a necessidade de transações pecuniárias nesses locais, mas por mais que avance a tecnologia,não se espera que isso venha a ser possível com os conhecimentos atuais.
Devemos considerar ainda a questão das distâncias e da pobreza. Localidades do interior ou comunidades muito carentes simplesmente não conseguem ter contato on line com um sistema bancário.
O dinheiro eletrônico, portanto, não virá de uma solução “wireless”, do aprimoramento das comunicações de dados bancários, mas deverá provir da criação de um sistema que preveja também transações “off line”, que permita ter a mesma portabilidade que o dinheiro de papel e dinheiro em metal têm.

Esta é a diferença da presente proposta em relação aos sistemas estudados. Existem muitas maneiras já cogitadas para eliminar o dinheiro de papel, mas para se tornar realmente efetivo, a transação on line deve ter a possibilidade de ser complementada com transações off line, sempre se utilizando de um mesmo sistema comum.

Ao mesmo tempo, para que se torne socialmente interessante, deve ser pensado um meio de acabar com o anonimato dos pagamentos. Para isso, é preciso que ao dinheiro eletrônico seja possível apenas migrar de uma conta bancária para outra, isto é, tenha origem e destino perfeitamente identificáveis.
Contas de pessoas jurídicas poderão ser acessadas também por esse meio. A cada empregado da empresa poderá ser concedido um cartão próprio com sua respectiva quantidade de capital designado pela direção para que dele faça uso de maneira previamente orientada.


3.1 Diferenças entre o “Dinheiro Eletrônico” e o dinheiro “cash”:

Na tabela acima, podemos perceber algumas das vantagens que tal sistema traria e que serão mais bem compreendidas ao abordarmos questões técnicas.


4 Funcionamento
4.1 Todo o sistema pode ser implementado por meio de um cartão do tipo “smart”, similar aos usados em refeições para empresas, telefônicos (na Europa) e vales-transporte em algumas cidades, carregado com valores em postos de carga e depósito.

4.2 A informação deverá ser de via dupla, ou seja, na memória do cartão deve haver duas contas, uma de recebimentos e outra de pagamentos. Ao receber um determinado valor, o usuário de tal cartão só terá a opção de se dirigir ao banco e depositar em sua conta, estando impedido de fazer pagamentos com valores que estão na conta de valores recebidos. Em outras palavras: o arquivo eletrônico do cartão que poderá ser denominado “deve” só poderá transferir valores de uma conta bancária para a conta “haver” de outro usuário e este só poderá depositar em sua própria conta bancária, da seguinte maneira:

Conta Bancária 1 > à Cliente > à Vendedor > à Conta Bancária 2

4.3 Haverá um equipamento eletrônico portátil para a conexão de ambos os cartões. Este equipamento não terá função de armazenar qualquer tipo de dado e deverá ser de custo tal que seja acessível até aos mais pobres, objetivo que se pensa ser facilmente atingível, considerando o volume de equipamentos necessários ao funcionamento do sistema.

4.4 Para efetuar um determinado pagamento, o usuário “A” apanha o seu cartão e insere no aparelho de conexão. O usuário “B”, por sua vez, faz o mesmo. O aparelho pede o valor da transação em com uma seta indica quem irá transferir valores para quem. Ao digitar o valor, será pedida a senha e o valor passará de um cartão para outro.
4.5 A senha poderá ser substituída em futuro próximo por leitura biométrica, de acordo com avanços tecnológicos. Tal aparelho de conexão entre cartões poderá vir a ser um acessório de telefones celulares.

4.6 O equipamento de conexão poderá ser “on line”, transferindo diretamente de banco para banco ou “off line”.
Isso quer dizer que, por exemplo, ao fazer compras em um supermercado, não haverá nenhuma diferença do atual sistema de compras: o usuário irá inserir o cartão num leitor que se comunicará com o banco.
A diferença começa em um táxi, por exemplo. O taxista irá receber pelo serviço pelo cartão do passageiro que será transferido para o seu próprio cartão e depois necessariamente deverá transmitir a informação ao banco.

4.7 No caso de pagamentos “off line”, um número de operação e valor da transação são registrados em ambos os cartões. No caso de perda de um dos cartões, a transação será validada apenas por um dos negociantes.

Para melhor compreensão do exposto acima, em 4.7, é preciso salientar o que segue:
A transação de valores será validada assim que um dos usuários se dirigir a um quiosque bancário e ali inserir o seu cartão. O banco verificará todos os pagamentos feitos e todos os recebimentos e informará o saldo. Deste saldo, o usuário informará quando deseja carregar consigo e quanto ficará em aplicação financeira.
Cada usuário terá obrigatoriamente uma conta bancária.
Uma outra grande vantagem do dinheiro eletrônico sobre o dinheiro “cash”, é que podem ser definidos prazos de validade para as cargas dos cartões - digamos que seja um mês – se em um mês, o dinheiro não foi usado, o valor é cancelado e volta para a conta depois do prazo máximo de espera para eventuais transações. Isto é, sem a senha, o crédito ali carregado não só não pode ser transferido, como também pode expirar após algum tempo, voltando à conta.
Devemos também levar em conta que no esquema exposto no item 4.2, não existe a possibilidade por parte do receptor (ali chamado vendedor) de transferir novamente o mesmo crédito para um terceiro usuário. A transferência deverá sempre ser de banco a banco, unicamente com os dois intermediários, comprador e vendedor, pois de outra forma, o dinheiro voltaria a ser anônimo e não traria as vantagens que se busca. Esse é o motivo da necessidade da existência de dois arquivos eletrônicos no cartão, um “deve”e outro, “haver”, de forma estanque entre um arquivo e outro.
Precisamos lembrar ainda que na maior parte das vezes, a transação será on line, pois a maior parte dos estabelecimentos atuais já utiliza sistemas parecidos. O diferencial da presente proposta é o de abranger também as transações excepcionais, aquelas que acontecem no interior de fazendas, dentro de veículos, lugares ermos e outros pontos nos quais não existe comunicação. Esta idéia é diversa porque contempla também as transações off line.

Capítulos 5 e 6

Dinheiro Eletrônico - 5 e 6

5 Segurança
Para que o dinheiro eletrônico venha a ser seguro, será preciso um órgão que defina um único número de código para cada usuário, não interessando em que banco ele opere. Esse número deverá ser de âmbito mundial. Em outras palavras, o número de código universal estará ligado à identificação do usuário, enquanto o número de conta identifica o local onde é efetuada a operação. O usuário poderá ter várias contas, mas apenas uma identificação.

Para conferir segurança, toda a relação com a base de dados do sistema poderá ser baseada em análise biométrica, com leitura das veias da palma da mão, técnica já usada atualmente por bancos brasileiros em caráter experimental. Dessa maneira, pode-se garantir que apenas um usuário está ligado a um único número de identificação, evitando assim a ação de contas de “laranjas” ou outros fraudadores.

Um pressuposto do dinheiro eletrônico será o de que todo usuário, ou melhor cada cidadão, terá necessidade e direito a uma conta bancária, gratuita. Os bancos que aderirem ao sistema deverão obter a sua lucratividade através do volume e da movimentação do caixa e não de qualquer taxa a ser cobrada.

Os códigos e softwares utilizados deverão ser de propriedade intelectual livre, uma vez que é de interesse de todos que o maior número possível de bancos, financeiras e administradoras de “bandeiras” (administradoras de cartões de crédito) venham oferecer aos seus clientes a nova forma de transação.

A segurança nas transações, portanto, se dará de duas formas. Em primeiro lugar o usuário é plenamente identificado e qualquer tentativa ou comunicado de fraude poderá vir a ter o seu movimento bancário imediatamente cancelado.
Ao mesmo tempo, toda e qualquer transação deverá ser validada duplamente, uma pelo receptor, outra pelo pagante. Qualquer discrepância em um determinado número de transação, esta será imediatamente cancelada e o valor poderá voltar à conta daquele que provar ter sido lesado.

Uma dúvida bastante comum a respeito de segurança do dinheiro eletrônico é a respeito da coação. Caso um assaltante, por exemplo, force uma vítima a digitar a sua senha e transferir dinheiro para a conta do meliante, uma simples denúncia formal pode ser feita e a transação pode ser suspensa ou revertida.
No caso da coação seguida de um crime, na qual a vítima não poderia prestar queixa, os valores transferidos poderiam ser verificados pela polícia, identificando imediatamente o criminoso e mais ainda, trilhando a sua movimentação de dinheiro e descobrindo rapidamente a localização geográfica.
Uma vez implantado este sistema, um criminoso que desejasse se esconder só poderia viver na vida selvagem ou praticando escambos, pois no momento que precisasse comprar um mínimo de mantimentos, digamos, seria imediatamente localizado pela polícia.

Para que isso tudo se torne realidade, supõe-se que não mais haveria um sistema de movimentação financeira concorrente. O dinheiro “cash” teria que ser abolido completamente. Todo dinheiro em moeda estrangeira teria de ser controlado e postos de fronteira precisariam ser implantados para converter moeda em papel para créditos eletrônicos. Cada estrangeiro que entrasse no país precisaria ser identificado, receber uma conta bancária e converter o seu dinheiro, pois senão não conseguiria nem ao menos apanhar um ônibus.
O contrário aconteceria para quem desejasse viajar para um país não coberto pelo sistema: seria preciso comprar moeda estrangeira e a devolver à casa de câmbio no retorno.

Mais uma vantagem do dinheiro eletrônico sobre o numerário em espécie é no que se refere às falsificações. Além de todas as mazelas que o dinheiro pode trazer, aliás com o justo apelido de “vil metal”, não se tem nenhuma garantia de que o valor ali estampado corresponde à realidade, pois existe muita falsificação, algumas praticamente impossíveis de se descobrir.

Uma outra conseqüência de tal tecnologia, mas que foge do escopo da presente monografia, é o do fim de qualquer outro sistema de identificação. Uma vez identificado pelo sistema, o usuário não mais precisará de outros documentos. Carteira de identidade, CPF, carteira de motorista, passaporte, etc., poderão se valer da estrutura montada, sendo abolidos completamente.

6 Tecnologia e Possibilidades de Avanço Tecnológico
Várias são as possibilidades para vislumbrarmos a aplicação prática do dinheiro eletrônico “off line”.
Como já vimos em 3.5, a maneira mais prática, seria o da formatação dos atuais cartões bancários do tipo “smart” em sistemas de duas vias, uma conta de débitos e de créditos em um mesmo cartão. Todos os dinheiros recebidos entrariam na conta de créditos e todos os pagamentos efetuados seriam descontados da conta de débitos. Cada vez que o usuário passasse o cartão em uma agência ou quiosque bancários, valores recebidos seriam transferidos para a sua conta e o valor de crédito desejado seria transferido para o cartão: em outras palavras, estaria carregando a sua conta bancária de forma portátil.
Já existe tecnologia para que os cartões “smart” sejam “wireless”. Quer dizer, que a transação de transferência de fundos de um usuário para outro pode vir a ser extremamente rápida, basta passar o cartão sobre um sensor e digitar a senha, sem o contato físico. Pode-se eliminar a senha também, com a tecnologia biométrica. Observemos que nada disso trata de futurologia ou ficção científica, mas sim de tecnologias já existentes e amplamente utilizadas em outros campos de atividades humanas.
Leitores de transferência de fundos podem ser implantados em celulares e outros equipamentos portáteis (chaveiros, canivetes suíços, mp3s, etc.) de maneira que todos podem ter à mão, a um custo muitíssimo baixo tais equipamentos.
Prosseguindo mais adiante, a tecnologia de cartões “smart/wireless” poderá vir a ser substituída por etiquetas inteligentes (RFID), de maneira que tais memórias possam até mesmo vir a serem implantadas sob a pele: para fazer uma transferência, bastaria passar a mão sobre um sensor, digitar o valor, e pronto. Ainda: a simples passagem da mão já possibilitaria que os dados de memória sob a pele e a identificação biométrica fossem coletados, autenticando a transação.
Os bancos poderiam ainda instalar sensores nas ruas mais movimentadas, ou em torres e até mesmo satélites, de modo que assim que os dados do cartão fossem captados, automaticamente os débitos e créditos migrariam para a base de dados do sistema, de maneira que o usuário não precisasse ter o inconveniente de perder tempo em uma agência ou quiosque bancários.

Dinheiro Eletrônico - 7 e 8

7 Implantação
Pensa-se que a forma mais simples de implantação do sistema seja a partir da tecnologia mais usual (cartões “smart” convencionais e senha) e de células de teste, com ampliação progressiva. Pequenas cidades do interior, ou até mesmo feiras ou festividades, poderão vir a ser excelentes campos de prova para o dinheiro eletrônico.
Um caminho de atuação poderia ser o aproveitamento dos cartões da Receita Federal (e-CPF e e-CNPJ) para o fim de dinheiro eletrônico: com pequenas modificações, o governo brasileiro poderia implantar um dinheiro muito mais barato e seguro do aquele feito pela Casa da Moeda.
Uma pedra de toque que sempre se deve ter em mente, é a de que desde o primeiro momento, o dinheiro eletrônico deverá ser um sistema autônomo sobre o sistema bancário atual. Poderá receber transferências, mas jamais poderá transferir seus fundos para contas convencionais. Qualquer precedente nesse sentido iria arruinar a engenharia do sistema. A idéia é a de que uma vez transformado em capital eletrônico, o dinheiro nunca mais possa ser transformado em espécie novamente: não se trata aqui de apenas mais uma forma de cartão bancário com que se possa ir a um banco automático para sacar “cash”, para ser eficiente ele só poderá transferir fundos para outro cartão do sistema.
Pode-se inferir que devido à segurança que tal sistema representa para o usuário, principalmente no que tange à violência das grandes cidades, a grande maioria das pessoas honestas irá rapidamente perceber as vantagens e migrar para o novo método de transação, sendo os custos de implantação rapidamente amortizados.

Além disso, existe a questão do pioneirismo tecnológico.
À semelhança do que aconteceu com vários sistemas eletrônicos, como DVD, o GPS, o Protocolo IP, etc., aquela empresa ou país que implantar os sistemas, códigos e base de dados de tal sistema tomará a dianteira do resto do mundo, impondo padrões e auferindo enormes lucros aos seus precursores, pois terá grandes vantagens no que tange às propriedades intelectuais e venda de tecnologia.
É conveniente salientar que na história sempre que a sociedade e a tecnologia estiveram aptas para uma mudança de paradigmas, novas invenções surgiram. A sociedade já está preparada para o dinheiro eletrônico, portanto, não devemos nos perguntar se surgirá, mas quando isso acontecerá. Se o Brasil não tomar a dianteira, ao invés de ser líder, terá de comprar, no período de poucos anos, tal tecnologia.


7.1 Metas de implantação
Alguns passos devem ser seguidos durante a implantação do presente sistema, a ver:
i. estudos de viabilidade técnica e econômica e planejamento geral;
ii. divulgação do anteprojeto e reunião de parceiros;
iii. criação do projeto (softwares, hardwares, redes, bancos de dados, estrutura física, etc.);
iv. implantação do projeto-piloto;
v. conscientização dos usuários e ampla divulgação
vi. ampliação da idéia.

7.2 Parcerias para o Desenvolvimento do Sistema

Pensa-se que no Brasil, devido à dimensão, impacto social e altíssimos custos de desenvolvimento de um projeto de dinheiro eletrônico, este deve ser um assunto a ser pensado em termos de PPPs (Parcerias Público-Privadas) ou em parcerias internacionais.
Ao Estado brasileiro não é interessante deixar todo o sistema nas mãos da iniciativa privada, uma vez que se trata de, muito mais do que segurança nacional, segurança de todos os povos do mundo. Ao mesmo tempo, seria perigoso deixar tal poder nas mãos de um único governo, pois poderá estar sujeito a desmandos futuros.
Um esforço conjunto, amplo, idôneo e totalmente aberto a melhorias deve ser a meta de todos os participantes do projeto.

8 Considerações
Para que seja mais bem exposta a diferença do sistema de dinheiro eletrônico proposto e os atuais cartões bancários, temos a seguinte tabela:

A proposta, portanto é de simples compreensão e de relativamente baixo custo de implantação, desde que exista vontade empresarial e política para isso.

É uma proposta totalmente sustentável, principalmente porque irão existir grandes interesses econômicos envolvidos: bancos, administradoras de cartões de crédito, empresas, indústrias de informática, etc.

Um dos aspectos que devemos levar em conta é de que se estima que perto de oito por cento de todo o dinheiro do mundo exista como meio físico. Isso quer dizer que a proposta de um dinheiro eletrônico deverá contemplar os custos de fabricação, estocagem, transporte, logística e segurança de todo esse volume, o que contribui significativamente para justificar investimentos pesados na mudança do sistema, isto é, apenas pelo aspecto de custo do dinheiro em si, que é gigantesco, já temos argumentos para compensar custos de projetos e implantação.
Além disso, é justamente essa pequena proporção de capital que cria grandes problemas humanos, ligados ao crime e à corrupção. O dinheiro eletrônico é apenas um pequeno passo indo adiante em relação à toda a tecnologia já desenvolvida, mas é o passo derradeiro para a melhoria significativa do sistema como um todo.

Pelo mesmo motivo citado acima, o grande interesse econômico, acredita-se que esta idéia, uma vez implantada em um pequeno núcleo (uma pequena cidade, por exemplo), rapidamente se espalhará. Isso, até mesmo desnecessário repetir, sem considerar o grande interesse de parte dos usuários, que serão os principais beneficiários do dinheiro eletrônico.

Um fator que é levantado por muitos é o da impossibilidade de sonegação de impostos, o que contraria interesses poderosíssimos e de uma considerável massa populacional.
Com relação a esse particular, devemos lembrar que o fim do dinheiro “cash” traria um equilíbrio nas contas públicas, tendo um impacto quase que imediato na redução dos impostos.

Mais um aspecto importante a ser considerado é o do sigilo bancário.
O dinheiro eletrônico não muda em nada aquilo que a sociedade já estabeleceu como certo e justo. O sigilo das operações seria mantido, sem maiores entraves e apenas em casos específicos, com ordem judicial é que esses dados pessoais poderiam ser abertos, de modo que esse fator por si não constitui dificuldade na implantação do sistema.

Os governos passariam a ter controle total sobre as operações financeiras, o que é uma grande vantagem sobre o atual estado do meio de troca. Uma das conseqüências é que um imposto único poderia vir a ser criado sobre todas as transações, reduzindo em muito a burocracia e custos do Estado e também aumentando a arrecadação.

A redução dos níveis de violência, desafogamento do sistema judiciário, retidão em licitações e outras contratações públicas, melhorias em infra-estrutura, saúde e educação, dentre muitas vantagens, seriam conseqüências da extinção do dinheiro “cash”. Os impostos poderiam ser reduzidos e mesmo assim a qualidade dos serviços públicos cresceria de forma exponencial. Impostos passariam a ser justos e bem aplicados.
Pelos mesmos motivos, existiria uma melhor distribuição social, de renda e oportunidades, trazendo enormes benefícios às populações, não só do Brasil, como do mundo.

Algumas outras questões:
i. Adequação dos usuários à idéia.
Assim como todos aprendem rapidamente a utilizar vales-transporte ou vales-refeição, não parece que haverá qualquer empecilho ao uso prático do dinheiro eletrônico. A ampla propaganda pelos meios de comunicação irá suprir qualquer dúvida ou temor causados pelo uso do novo sistema.

ii. Uso de cegos.
Interfaces sonoras ou em braile deverão ser desenvolvidas para casos especiais.

iii. Uso de crianças.
Não constitui nenhum problema maior. A única diferença é que o responsável pelo menor deverá informar ao banco o valor diário a ser disponibilizado.

iv. Pessoas sem mãos.
No momento que chegarmos à identificação biométrica, driveres especiais deverão ser previstos. Devemos considerar que as informações não estarão em um equipamento eletrônico, mas no cartão do usuário, de modo que qualquer deficiente físico poderá carregar consigo um equipamento de leitura adequado as suas necessidades.

Devemos salientar também que a idéia não é exatamente nova, é até mesmo um lugar-comum em filmes de ficção científica, mas apenas com o barateamento dos computadores pessoais, palmtops e memórias eletrônicas é que ela se tornou passível de ser trazida à realidade. Alguns dos grandes inventos da humanidade já tinham a possibilidade de existir muito antes do período em que foram inventados, pois dependeram apenas do surgimento de um indivíduo apto para os criar, mas não é o caso daqui, pois a presente idéia só existe porque apenas no momento atual a sociedade e a tecnologia estão suficientes maduras para o desenvolvimento de tal projeto.

Capítulo 9 até o Final

Dinheiro Eletrônico - 9 até Final

9 Diferenças que ocorrerão no Brasil com a implantação do dinheiro eletrônico.
i. Redução da Violência
Roubos e furtos de valores serão extintos. Com isso, toda a estrutura montada para o combate ao crime poderá ser reduzida. Prisões, delegacias, enfim o sistema de repressão policial como um todo poderá ser reestruturado e utilizado para atividades lucrativas ao país: orientações a turistas, melhorias de fiscalização de trânsito, repressão à violência doméstica, brigas de rua e atividades afins dos meios policiais passarão a ser muito mais eficientes.
ii. Extinção dos tráficos de drogas, pessoas e armas
Sem a possibilidade de um meio de troca que permite a atividade ilícita, esta simplesmente será extinta. Uma expressão como lavagem de dinheiro perderá o sentido, pois simplesmente não existirá.
iii. Melhoria econômica
Um grande engano repetido de forma popular, mas plenamente repudiado por economistas e por aqueles que se debruçam sobre o assunto, é o de que a violência faz mover a economia. Por exemplo, uma fábrica de cadeados existe porque existem ladrões, se esses acabassem, provocaria um desequilíbrio econômico.
Ora, na verdade é preciso considerar não o ganho econômico de, no exemplo acima, da venda de um cadeado, mas principalmente a perda de investimentos que o país e as empresas precisam desperdiçar porque não conseguem investir naquilo que realmente produz riqueza de forma consistente.
Assim sendo, pode-se prever um grande avanço econômico nacional com a implantação de tal sistema.
iv. Competitividade externa
É fato sabido que grandes corporações não constroem estruturas no Brasil simplesmente porque existem grandes corrupção e violência. Países como os escandinavos , por exemplo, beneficiam-se dessa qualidade nacional, atraindo pesados investimentos que beneficiam toda a população.
Com o fim desses fatores diferenciais, o Brasil, com todo o seu potencial populacional, de clima e de território privilegiado ganharia uma enorme vantagem competitiva em relação a numerosos países.
v. Fim da corrupção no meio político
Uma vez que não existe maneira de efetuar pagamentos sem origem e destino, ficaria muito flagrante qualquer tentativa de suborno ou qualquer tipo de favorecimento em troca de pagamento. Na política se passaria a discutir muito mais idéias do que favores.
Organizações não-governamentais poderiam ser facilmente controladas, tornando-as plenamente eficientes nos fins a que se destinam.
vi. Impostos não mais poderiam ser sonegados
Com o fim do dinheiro em espécie, todo o dinheiro arrecadado poderia ser trilhado, de maneira que passaria a ser praticamente impossível de ocorrer a sonegação fiscal.
vii. Desenvolvimento de empresas
Muitos investidores e empreendedores não iniciam negócios porque sabem que podem sofrer desvios devido ao fato de que um caixa precisa ter funcionários de confiança ou extremo controle. Com o dinheiro eletrônico, um sem-número de pequenos negócios passariam a aflorar, criando assim uma nova economia com ênfase as micro e pequenas empresas, pois essas não mais precisariam competir com as maiores que possuem maior estrutura de controle. Empresas não poderiam ser lesadas e o “caixa dois” deixaria de existir.
viii. Dificuldades ao terrorismo
Uma das grandes preocupações humanas, principalmente após os atentados de 11 de setembro de 2001, é a respeito do terrorismo. Materiais tóxicos e perigosos que podem ser usados para a confecção de bombas e outros artefatos usados por organizações terroristas poderiam ser facilmente controlados, pois aqueles que vendem esses componentes e aqueles que financiam os terroristas seriam facilmente relacionados aos eventuais crimes.
ix. Subornos a policiais
Seriam praticamente liquidados, pois tanto o corrupto, quanto o corruptor seriam rapidamente identificados e punidos. Subornos menores, como carteiras de cigarros ou outros presentes já hoje são bastante reduzidos em nosso país, pois são decorrentes do nível de empobrecimento das forças policiais que já está sendo superado. Ainda que tal ato exista em diversos países sul-americanos, pode-se prever que também será extinto com as melhorias econômicas dos diversos países.
x. Ampliação de máquinas de atendimento automático.
Negócios sobre as chamadas “vending machines” teriam o seu uso ampliado porque uma das grandes dificuldades atuais é recolher e contar o dinheiro arrecadado sem que ocorram desvios.
xi. Negócios noturnos e em bairros perigosos
As possibilidades de negócios se ampliariam muito para o período noturno e locais com menor segurança, uma vez que a possibilidade de perdas e agressões por roubos seriam praticamente eliminadas. Isso faria com que as cidades se descentralizassem aos poucos e locais hoje considerados mais pobres se desenvolvessem, criando assim uma maior equalização social.
xii. Calotes seriam mais difíceis
Uma vez que as transações seriam diretas, à vista ou não, métodos de recebimento poderiam ser estabelecidos, com o estabelecimento de prioridades para recebedores, no caso de falências e concordatas, de modo que esses pagamentos não precisariam ser determinados por meio judicial, apenas por lei ordinária que seria cumprida pelos bancos.
xiii. Redução da burocracia
A burocracia é diretamente decorrente dos meios para o controle de corrupção. Com o fim do dinheiro em espécie, servidores públicos poderiam ser remanejados para atividades voltadas à arrecadação e investimento e não tanto dirigidos aos meios de controle.

10 Conclusão
Como podemos perceber, o dinheiro eletrônico é perfeitamente possível do ponto de vista tecnológico e perfeitamente justificável economicamente, estando a sociedade e a tecnologia aptas para dar tal passo.
Os empecilhos para o surgimento de uma mudança de paradigma no sistema de pagamentos atual não estão na viabilidade técnica do projeto, mas sim no convencimento de algum grande órgão governamental e de grandes empresas que esta é uma idéia que poderá mudar não só o país, mas também o mundo como um todo de forma positiva e muito profundamente e ao mesmo tempo auferir enormes lucros aqueles pioneiros.
Imaginemos agora o impacto social deste projeto.
Sem roubos, as empresas seriam mais produtivas, os governos poderiam prover muito mais infra-estrutura com um menor custo em burocracia, a ação da polícia precisaria ser na maioria dos casos muito mais branda, muitos crimes deixariam de ser cometidos. Praticamente acabaria o terrorismo pela impossibilidade de financiamentos.
Sem corrupção todas as políticas públicas seriam muito mais fáceis de implantar, o planejamento do país seria muito mais eficiente. As empresas poderiam atuar muito mais livremente e os impostos seriam reduzidos porque todos pagariam sem sonegação.
Em outras palavras, o dinheiro eletrônico talvez seja a primeira grande utopia humana que tem chances de se concretizar e trazer enormes benefícios no que tange à redução das desigualdades e melhorias sociais.

Dessa maneira, aqui consideramos o dinheiro eletrônico uma idéia não só digna de entusiasmo por parte daqueles empenhados em uma melhoria social, mas também de amplas possibilidades no que tange aos avanços dos grupos humanos, podendo vir a ser uma revolução em nível não só nacional, como mundial.
O resultado deste trabalho pode vir a ser um fabuloso empreendedorismo social, um verdadeiro divisor de águas na história. Além disso, as necessidades de custo são ínfimas em relação ao benefício, por isso se acredita ser este um projeto que mereça toda a atenção de todos aqueles realmente interessados em conter a violência e a corrupção.

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11 Bibliografia

ANTUNES, L e BONOW, L. Leitor Combinado de Cartões Inteligentes sem Contato e Leitor Biométrico. Depósito de patente INPI: MU8402520-4. 2004.

ANTUNES, L e BONOW, L. Driver Combinado de Memórias e Leitor Biométrico. Depósito de Patente INPI. 2004.

MARINO, Caio. A Próxima Revolução. Website: http://www.aproximarevolução.com.br/.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Origem da Moeda. Website:
www.bcb.gov.br/?MORIGEMOEDA.

GRABIANOWKI, Ed. Como Funciona o Dinheiro. Trad. HowStuffWorks Brasil. Website:
http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/dinheiro6.htm

MONTEIRO, Luciana de A. Moeda Eletrônica – Conceitos e Protocolos de Segurança. Curso de Extensão em Criptografia e Segurança na Informática, Turma 2:Trabalho final. Universidade de Brasília. 1998.

12 Glossário
ATM (Automatic Teller Machine) – Máquina de atendimento automático utilizada em bancos
Caixa Dois – dinheiro paralelo a uma empresa que não entra na contabilidade oficial.
Cash – Dinheiro em espécie, em meio físico.
Chip – Circuito eletrônico miniaturizado.
Driver – equipamento físico que coloca em contato uma máquina com uma memória portátil.
DVD – Disco Laser
Gaiola de Faraday – grade ou caixa metálica que impede a penetração de correntes elétricas e prejudica a transmissão de ondas de rádio.
GPS (Ground Positioning System) – Sistema de posicionamento eletrônico global utilizado em barcos e aviões.
Hardware – o meio físico dos computadores.
Laranja – Indivíduo que cede o seu nome para que outro pratique ato econômico ilícito.
Mp3 – Sistema de som portátil.
Off Line – desligado de um sistema ou banco de dados. Que não está conectado a tal sistema.
On Line – executado em contato direto com um banco de dados ou sistema de comunicação digital.
Palmtop – computador pessoal de tamanho reduzido.
Protocolo IP – Protocolos de transferência eletrônica por Internet
RFID (Radio Frequency Identification) – antena de rádio freqüência que pode ser instalada em peças de tamanho mínimo, em conjunto com um circuito eletrônico, e que serve para armazenar e transmitir informações sem contato físico.
Smart Card – cartão inteligente. Tipo de cartão com chip eletrônico que permite grande capacidade de armazenamento.
Software – Programas e bancos de dados de computador
Vending Machine – máquina automática para venda de produtos, normalmente usada para refrigerantes, cafés ou lanches.
Wireless – sem fios. Diz-se de comunicação por meio eletrônico sem conexão por meio físico.

sábado, 7 de julho de 2007

Análise da Arte

No decorrer da história o fenômeno artístico foi interpretado de diversas formas e para que ele ocorra alguns requisitos são necessários. Para analisarmos estes requisitos, devemos estudar as interpretações destes fenômenos e suas diversas correntes no sentido de estabelecer padrões de avaliação e tentar nos aproximar da regra geral que unifique o criar artístico. Devemos considerar que essa regra existe, uma vez que é bem claro aos que debruçam-se sobre o problema que há de fato um “quê” que nos diz que um objeto pode ou não ser considerado como um objeto de arte.
Lançando-se mão da interpretação antropológica de Claude Levi-Strauss, existem três condições básicas para que ocorra o fenômeno artístico, (1a ocorrência de uma sociedade apta a produzir e compreender a obra, (2) o surgimento aleatório de pessoas capazes de produzir o fenômeno artístico e(3) o desenvolvimento de um tipo especial de senso de humor coletivo capaz de aceitar as novas idéias propostas pela obra de arte.
Ao surgirem, portanto, as condições de civilização, de indivíduo e a de consciência do fenômeno nasce o que chamamos de arte. Ainda que em todas as culturas humanas este fenômeno tenha se manifestado sempre que ocorreram essas três condições básicas, na cultura ocidental, ocorre algo diferente que é a descrição destas manifestações, ou seja, a sua apreensão teórica.
O pensamento ocidental deriva-se de três grandes correntes: a lógica grega, a dialética judaica e o pragmatismo protestante. Fazendo-se uma analogia com essas três vertentes, podemos analisar o que chamamos de arte por esses critérios. Convém ainda relacionar esses três níveis de interpretação com as tricotomias criadas por Charles Peirce nos primeiros esquemas sobre a ciência da semiologia, que colocam-nos três níveis de análise, a sintática, a semântica e a pragmática.

A primeira corrente artística existente é a corrente platônica-aristotélica e trata de uma análise sintática da obra de arte. Esta, por ser a mais longa e mais estabelecida pelo peso dos séculos, podemos considerar como a “main stream” do pensamento a respeito do fenômeno. Se fôssemos considerar esse fluxo como o de um rio, este seria o Nilo, longo, antigo e com grandes civilizações as suas margens. Esta é a corrente que as pessoas que não dedicam-se ao estudo do belo conhecem, ainda que intuitivamente, como sendo a verdadeira arte.
Como ponto de partida e estrutura desta corrente temos por um lado o pensamento platônico, no sentido de estabelecer a arte como simulacro de uma realidade, sendo que toda a história desta corrente artística versa sobre esta questão. Seguindo-se sobre esta direção, o primeiro sentido, que, apossando-se do modelo egípcio primordial, vai do século VI a.C. até o final do século XIX constrói o olhar sobre o naturalismo e, com Monet marcando o ponto de virada, o sentido oposto avança para a desconstrução da imagem nos elementos constituintes da obra de arte. A primeira seção desta estrutura chamamos de arte naturalista, após Monet, de arte moderna.
A visão platônica do simulacro (e de sua imagem de espelho, a desconstrução da imagem, ou o abstracionismo dos modernos) é uma visão racionalista, de hemisfério esquerdo do cérebro e tem contraponto e complemento no pensamento aristotélico da catarse e das emoções proporcionadas pela obra de arte.
Dessa forma, não basta para a arte sintática o simples simulacro, pois aqui também é importante, além da precisão de representação do artista ou conhecimento dos elementos constituintes da imagem, a escolha das suas emoções e os efeitos psicológicos com que a obra atinge o espectador.
O mundo das idéias, ainda que presente ao olho do observador do século XX em diante, não parece aqui ser importante, pelo menos dentro da arte da pintura e isso é que permite com que Da Vinci consiga pintar uma cena da astrologia pagã travestida de Santa Ceia no teto da Capela Sistina sem ser enviado à fogueira ou Goya consiga pintar os seus reis bobalhões, com suas esposas dominadoras e ainda ser pago por esses mesmos poderosos por essas imagens ofensivas. À arte do simulacro e da abstração, ainda que nitidamente intencional do artista, não cabe uma análise de significados. É por isso que hoje ouvimos músicas de Chico Buarque e outros autores que, em plena ditadura militar, compunham músicas altamente revolucionárias que passavam totalmente incólumes pela censura e nos perguntamos como isso podia acontecer. Acontecia simplesmente porque o nível de análise do censor e do homem comum da rua é um nível sintático a interpretação semântica é bem mais elaborada e controversa.

O segundo rio artístico podemos comparar ao Amazonas: volumoso e selvagem. Trata de todas as correntes pragmáticas da arte, ou seja, a arte do povo, as estatuetas de Mestre Vitalino, a Vênus de Willendorf, as pinturas de Altamira, os objetos de Arthur Bispo do Rosário, as danças do teatro balinês, enfim tudo aquilo que não é programado como arte e que não está no rio da arte sintática.
Esta é uma arte totalmente desorganizada e que, por isso, não tem escolas. Cada artista ou povo desenvolve sua própria expressão artística e, ainda que reconheçamos como arte, os critérios de avaliação são peculiares para cada peça.
A avaliação dessas obras não pode ser efetivada pelos critérios gregos do simulacro ou modernos do afastamento ao simulacro, pois, mesmo quando geradas no espaço geográfico que convencionamos chamar de ocidente, não foram geradas pela mentalidade ocidental, mas sim por artistas de outras regiões do planeta, que residem em regiões ermas ou rurais, internados em instituições psiquiátricas, etc. Toda a arte tradicional de culturas que não foram diretamente influenciadas pela cultura do ocidente, como a inca, chinesa, asteca, centro-africana, dos aborígenes australianos, dos indígenas da amazônia, etc. deve ser colocada nesse grupo.
Aqui, o critério de avaliação depende do bom senso e não tem regras fixas, a arte foge do critério apolíneo ocidental e entra em sua forma própria que é a da expressão pura.

A terceira linha artística é a linha semântica e pode ser comparada com o canal do Panamá, curta, importante e artificial. Aqui podemos inserir toda a arte conceitual.
Não é mera coincidência histórica o fato de que a Roda de Bicicleta, de Marcel Duchamp, pai da arte conceitual, tenha sido feita no mesmo ano (1913) da morte de Ferdinand de Saussure, pai da semiologia moderna. A arte conceitual nasce no mesmo instante em que é formulada a teoria semiótica e, ainda que em toda a arte exista o mundo das idéias permeando o do conteúdo, aqui a idéia é o principal e a obra em si perde o sentido como objeto material. A iconicidade é rejeitada como expressão artística e os meios de expressão escapam das regras convencionais. Aqui encontramos, de uma maneira geral ainda que não exclusiva, a pintura que não está sendo feita sobre uma tela, o drama que não está sobre um palco e a escultura que não é feita com cinzel, pois a mensagem não depende de um meio convencional para existir.

Estabelecemos, portanto, que existe uma diferença no que chamamos de arte. Não podemos colocar lado a lado obras de grupos diferentes, pois, ainda que tenhamos um critério comum que permita nomearmos pelo mesmo nome, não é comparável uma escultura de arte geográfica com um dólmen megalítico, ainda que ambas sejam “arte da terra”.
Podemos dizer que Picasso é melhor do que Fra Angelico e que Leonardo da Vinci é melhor do que Klee e dar por isso, além de valores morais, até mesmo valor econômico para as obras de arte simplesmente porque pertencem ao mesmo grupo, apesar de estarem distantes em tempo e espaço. Em todos os artistas sintáticos existe algo em comum que é a aproximação ou o afastamento da representação e uma emotividade mais ou menos significativa.
Fica mais difícil de dizer se um sarcófago egípcio é melhor ou pior do que uma instalação feita com carros velhos empilhados, pois um é de um grupo pragmático, outro do grupo semântico.
No entanto, existe sim essa comparação, ainda que em alguns casos. A lata de sopa Campbells de Andy Warol tem um valor de compra, portanto é comparável, sim, a um quadro de Renoir. Segundo esta análise, Warol é conceitualista e Renoir, sintático. Como resolver este paradoxo?
Acontece que os três grandes fluxos artísticos não são estanques. Não podemos extrair Warol da cultura ocidental e, por este motivo, muitas vezes a linha de arte conceitualista aproxima-se da arte sintática e usa critérios muito próximos ao ponto de poder serem comparadas uma com a outra. Ao contrário, como vimos, assim como não foi Newton que inventou a força da gravidade, não foi Saussure que inventou a semiologia, pois ela sempre existiu e na arte. Isso é muito flagrante. Durante toda a história da arte se tentou comunicar idéias por meio de representações, não é isso que torna uma obra conceitual. Estas aproximações obviamente existem, há de fato uma osmose entre os critérios, mas devemos lembrar também que podemos dar exemplos bem mais afastados deste eixo central e que tornam claro essas diferenças.
Como fazer uma avaliação monetária de uma obra de arte geográfica de Christo? Quanto vale, em termos econômicos, a Vênus de Willendorf?
As arte conceitual não tem valor econômico por um simples motivo. Ela é composta de idéias e todos reconhecem, inclusive a WIPO (organização internacional de propriedade intelectual) que idéias não podem ser negociadas. ainda que conheçamos a autoria das obras, não pagamos nada por elas. O valor do mictório de Duchamp não é pelo objeto artístico em si, sobre o qual qualquer reprodução industrial é muito próxima do original, mas pelo que ela significa em termos de história da arte. A Vênus de Willendorf é um trabalho de criança, perto de uma escultura de Michelangelo, porém o seu valor é muito mais um valor civilizatório do que um valor artístico.

Chegamos aqui à pergunta de como avaliar uma obra de arte, considerando-se que os critérios de análise são diversos e mesmo assim, em muitos casos elas são de fato analisadas, não só pelo seu caráter estético, mas mesmo por seu valor econômico.
Ainda que os três caminhos de análise de uma obra de arte sejam bem separados, eles se reúnem no momento da avaliação. Uma boa obra deve possuir três características: um apuro técnico, uma mensagem adequada e uma utilização. quanto mais uma obra se aproximar destes três tópicos, mais valor ela terá. Cada sociedade dá um valor maior ou menor para cada item. Por exemplo, a Rússia comunista, valorizava o caráter prático, criando uma arte monumental “Kitsch”, os poetas parnasianos valorizavam a técnica, a arte publicitária valoriza a mensagem e assim por diante.

Existe uma razão histórica porque apenas no século XIX e XX terem sido consideradas como manifestações artísticas as artes de fora da linha naturalista que vinha sendo seguida desde os gregos.
No final do século XVIII ocorreu o romantismo que manifestou-se de duas formas, por um lado o romantismo bucólico e rousseauísta e por outro o romantismo “mal du siècle”, shoppenaueriano e negativista. Isso ocorreu devido a uma regra econômica descoberta por David Ricardo que preconizava que o salário a ser pago por um trabalhador na indústria seria proporcional ao preço dos alimentos que ele consumia. Como as burguesias rural e industrial tinham interesses contrários, a arte e o pensamento dessa época manifestaram também essa dualidade, surgindo assim uma arte que preconizava os valores do campo e o bom selvagem e outra exatamente contrária que preconizava o homem como um ser bruto e de natureza perversa.
Os românticos rousseauístas, cujo interesse econômico era o de manter o status quo foram buscar nas raízes a sua expressão. O orientalismo, as Valkírias de Wagner, as artes indígenas e tradicionais foram aqui buscadas como símbolos dos bons tempos passados.
Por sua vez, os românticos shoppenaurenianos evoluíram para o naturalismo que é quase como uma caricatura do realismo dos séculos que o precederam e quer dizer, por última instância, que a realidade pode ser reavaliada.
A conclusão é que o critério ideológico pode e deve ser sempre considerado ao analisarmos uma obra de arte, pois o artista e o crítico sempre pertencem a um dos times surgidos após a revolução industrial e não são totalmente idôneos na sua avaliação.
Dessa maneira, percebemos que o critério de belo artístico precisa ser avaliado, primeiro dentro de uma interpretação de seu nível analítico: sintático, semântico ou pragmático, a seguir, precisamos avaliar cada obra quanto ao seu apuro técnico, seu conjunto de significados e conseqüências práticas, por fim, precisamos observar se o avaliador está vendo por uma ótica de ideologia urbana e industrial ou rural e conservadora, pois todos esses critérios influenciarão no gosto pelo belo.

terça-feira, 19 de junho de 2007

A Empresa Sublime - Sumário e Capítulo 1, Considerações a Respeito de Inovação

A EMPRESA SUBLIME

SUMÁRIO

Introdução

PRIMEIRA PARTE - CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE INOVAÇÃO
Capítulo 1 - Inovação
Por que inovar?
Quais os tipos de inovação interessam para cada empresa?
Mudança
Who’s who
Porque ninguém cria nada na sua empresa?
Renovação

Capítulo 2 - Como Inovar
Design
Propriedade Intelectual
Piratas, Bucaneiros e Corsários
Criação, Informação e Futurologia
Perfil do Profissional do Departamento de Criação
Materiais
Papéis
Impressões

SEGUNDA PARTE - A INOVAÇÃO NA PRÁTICA
Capítulo 3 - Métodos de Trabalho
Métodos de integração do grupo e de percepção de si
Métodos de expressão
Métodos de “brainstorm”
Métodos de informação
Briefing

Capítulo 4 - Métodos de Análise
Análise Sintática
Análise do Desenho
Contraste
Alinhamento, Proporção e Equilíbrio
Agrupamento e Grau de Importância
Repetição
Pop-ups e Sangramentos
Margens e Áreas de Descanso
Leveza e Movimento
Cores
Elementos Áureos, Harmônicos e de Aproveitamento
Janelas e Ampolas
Texto e Fontes
Modelos Humanos e Imagens Fotográficas
Acabamento
Peças Constituintes
Análise da Propriedade Intelectual
Busca Rápida
Busca Completa
Copyright
E se a idéia já existe?
Análise do Mercado
Pesquisa de Mercado
Abrangência
Como dar palpites razoáveis?
Análise de Custo do Produto

Análise semântica
Signo
Grau de proximidade
Complexidade
Referência histórica
KITSCH ist richtig!
Cultura do Cliente
Humor e êxtase
Olhos de Bambi
Movimento, Luz e Ponto de Vista
Marioshkas
Estorvos
Espelhos
Analisando Arte

Análise Pragmática
Qualidade técnica
Transformações
Como produzir?
Como reproduzir?
Modos de produzir
Gadgets
Linhas de Produtos
Remakes
Função
Ergonomia e Antropometria
Durabilidade e Resistência
Normas e Segurança
Funcionamento Simples
Empilhamento
More to Come
Minimalismo
Manual
Unidades de Despacho
Código de Barras
Embalagem
Imagens com Movimentos
Valor Agregado
Consumidores Especiais
Frontalidade
Limpeza
Onde guardar?
Improvisações
Ecologia
Aspectos Sociais

Anexo 1 - Check List para Empresas Sublimes

Anexo 2 - Modelo de contrato para oferecimento de idéias puras.

Bibliografia



INTRODUÇÃO
Este é um texto que trata de poucas coisas sobre as quais o autor já pensou muito e que gostaria de compartilhar com você.
O motivo de escrever o presente trabalho vem da observação direta do comportamento da nossa cultura empresarial, que proclama aos quatro ventos a necessidade de inovar, mas na pouco faz na prática para que esse verbo seja realmente conjugado.
A palavra inovação, pode ser relacionada com aquelas expressões que pertencem ao mesmo grupo da caridade cristã e da austeridade ao trato das coisas públicas, ou seja, não é nada mais do que todos dizem por aí e que sabem que é certo, mas que na verdade pouquíssimos colocam em prática.
Aqui iremos ver de como produzir inovações dentro de empresas, bem como os tipos de mudanças necessárias para cada tipo de firma.
Acontece que a falta da prática da inovação não é porque ninguém dentro da empresa seja incompetente ou preguiçoso (vamos fingir juntos que não, por favor!), mas sim porque não existe uma formação em nível de criar e ao mesmo tempo, dentro de um certo aspecto, não existe um imperativo de mercado. Aqui recorremos a uma frase de Domenico di Masi que diz mais ou menos o seguinte: “você pode ordenar para um empregado fabricar um parafuso, mas não consegue ordenar para este mesmo empregado fabricar uma idéia”.
Dessa forma, você vai iniciar agora uma jornada, através dessa aventura que é o inovar. As questões aqui tratadas não são definitivas, mas devem ser tratadas como a fagulha que inicia a fogueira ou como o primeiro cristal em torno do qual a água passa a congelar.
A intenção deste livro não é a de mostrar a necessidade de criar, pois disso você vai conseguir se convencer abrindo qualquer revista que trata de assuntos de empresas ou de marketing, se é que ainda não está convencido, ou deve estar sempre sendo martelado pela sua firma com essa frase mântrica e hipnótica: “Temos que fazer algo diferente! Temos que fazer algo diferente! Temos que fazer algo diferente!...” A intenção desse livro é, portanto, ajudar o seu grupo de trabalho a sair desta situação catatônica em que fica repetindo frases feitas, mas não procura resultados concretos.
E o que são estes resultados? Em última instância o lucro? Não, não é apenas o lucro, pois esse não é o objetivo da sua empresa e isso você consegue com uma barraquinha de crepes na feira. O objetivo de inovar é conseguir uma das máximas da economia que é o máximo lucro (grifado para nunca ser esquecido), ou seja a máxima diferença entre custos e receitas. Inovação não é para todos, mas apenas para aqueles que querem chegar ao topo.
Assim, se inovar for algo caro, não serve. Se não der um resultado de o máximo rendimento possível, também não é conveniente.
Acompanhe então o autor neste caminho para que juntos discutamos essas questões.
O autor agradece a preferência de sua leitura e deseja-lhe um bom proveito deste livro.


PRIMEIRA PARTE .
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE INOVAÇÃO .


CAPÍTULO 1 - INOVAÇÃO

Por que inovar?
Resposta simples e consistente: para obter o máximo lucro.

E por que obtém-se o máximo lucro inovando?
Em primeiro lugar, é preciso responder uma questão fundamental a respeito do seu negócio: exatamente o que ele é?
O negócio da sua empresa não é produzir batatas fritas, nem camisas, nem automóveis, nem transatlânticos, pois todas as empresas têm um só negócio em comum: ganhar dinheiro.
Ganhar dinheiro não é feio e seria uma grande injustiça divina se os ricos que trabalharam muito e tiveram boas idéias não entrassem no reino dos céus. A força da grana, como diria Caetano Veloso, não só destrói, como também ergue coisas belas e graças a essa busca pela felicidade monetária é que existem satélites artificiais, vacinas e obras de arte. Por isso, ganhar dinheiro é justo e belo.
Portanto, se todo o negócio justo e belo de toda a empresa existente no mundo é o faturamento, a primeira coisa que você deve esquecer é o seu produto. Para os presidentes e acionistas da empresa você não produz desinfetante de pia, rolamentos de bicicleta, serviço de consultoria ou pó para pulgas, você produz, isso sim, dinheiro.
Portanto, se alguém chegar na sua empresa que fabrica automóveis com a idéia de um carro voador, você não deve mandá-lo procurar uma fábrica de aviões, alegando que o seu negócio é produzir carros que não voam. O seu negócio não é esse, mas sim produzir o máximo capital possível e, convenhamos, o projeto do carro voador que está sobre a sua mesa, se for colocado em prática, vai dar uma grana alta!
Da mesma maneira, se alguém oferecer o projeto de uma máquina do tempo, que permitisse dar uma olhadinha na cotação das ações do dia seguinte, seria uma imensa insensatez você mandar o sujeito embora dizendo que o seu negócio é fabricar sabão em pó.
Você não pode, tampouco, dizer que o seu negócio é apenas faturar. O negócio de toda empresa é faturar o máximo possível e não apenas ter uma receita ligeiramente superior aos custos.
Sendo assim, a empresa deve procurar inovar para:
1. Ganhar dinheiro.
2. Além de ganhar dinheiro, ganhar o máximo de dinheiro possível.

Para compreender como isso é aplicável na prática, é preciso conhecer os quatro tipos teóricos de mercado e verificar onde sua firma se encaixa mais facilmente.
O da Concorrência Perfeita, no qual um número enorme de empresas produz produtos similares. Este é apenas um modelo teórico, pois existem ramos de atividade que aproximam-se desse tipo, mas não possuem todas as características que os coloquem nesse grupo.
O do Monopólio, em que uma única empresa detém todo o mercado para si, normalmente garantido por leis de patentes ou de concessões públicas.
O de Concorrência Monopolista, que é aquele mercado em que várias empresas produzem produtos similares, mas com pequenas diferenças próprias. Em eletrodomésticos, por exemplo, o consumidor tem várias opções diferentes para o mesmo produto.
O de Oligopólios, no qual poucas grandes empresas dominam o mercado.

A grande maioria das empresas encontra-se no mundo da concorrência com produtos similares, mesmo considerando que o modelo teórico da concorrência perfeita não exista, na prática podemos considerar um mercado muito próximo, um tipo de concorrência imperfeita, no qual os preços dos concorrentes são muito parelhos e existam muitos produtores no mercado. Uma das características deste mercado é que o preço do produto é ditado pelo consumo, pois quando alguma empresa resolve aumentar muito o seu preço, ela simplesmente não vende e é obrigada a fechar. Esta firma é obrigada a vender por um preço muito baixo e a única forma de obter um aumento de lucro é baixando os seus custos de produção ou vendendo uma quantidade maior de produtos, através de campanhas de marketing. Ainda que na prática exista variação de preços para um mesmo produto, a variação não é significativa.

Os monopólios são empresas que detém algum tipo de exclusividade de mercado. Para aumentar o seu lucro, além de melhorar a sua produtividade eles podem simplesmente aumentar os seus preços. Obviamente isso é uma enorme vantagem, pois é a empresa que dita o mercado, e não apenas a demanda que impõe o preço. O empresário pode aqui decidir a quantidade de cada produto a ser produzido para que obtenha o máximo potencial de máquinas e equipamentos.

Os produtos de concorrência monopolista também têm uma certa liberdade com relação aos seus preços, mas podem ser substituídos pelo consumidor, se tentar valorizar muito o seu produto em relação ao do concorrente.

Os produtos de oligopólios não possuem variação de preço, uma vez que a ou as empresa(s) dominante(s) estabelecem os seus preços mínimos e todos obedecem essa regra.

A palavra inovação tem um significado diferente para cada tipo empresa.
A empresa de concorrência “quase perfeita” precisa inovar como estratégia de marketing. Se não lançar melhores embalagens, novos formatos do seu produto, criar brindes, melhores expositores, atingir novos consumidores, etc. não conseguirá vender mais, e conseqüentemente não conseguirá maximizar o seu lucro.
A empresa monopolista precisa inovar para que outro não tome o seu lugar de mercado assim que terminar o período de concessão das suas licenças de exploração do produto ou serviço.
A empresa de concorrência monopolista precisa inovar para manter-se atualizada com relação aos seus concorrentes. Se ela não inovar, fica tecnologicamente atrasada e, assim que os concorrentes incorporarem nos seus próprios produtos as características de diferenciação, a empresa ficará na retaguarda.
As empresas de oligopólio precisam inovar também por uma questão de marketing, pois, à semelhança das empresa de concorrência perfeita, não podem variar seu preços e por isso precisam diferenciar os produtos diante do consumidor para conseguir avançar em relação à concorrência pesada dos seus parceiros-oponentes.

Dessa maneira, considerando que cada um tem os seus motivos para inovar, a conclusão que chegamos é a de que a empresa que não pensa em mudar está necessariamente fadada ao fracasso.

Quais os tipos de inovação interessam para cada empresa?
Como vimos, aquelas que aproximam-se do modelo de concorrência perfeita e de oligopólio precisam de inovações no setor de marketing: embalagens, material publicitário, expositores e displays, criação de brindes, enfim tudo aquilo que for útil para maquilar a real qualidade do produto e fazê-lo parecer melhor aos olhos do consumidor.
As de concorrência monopolista necessitam, além das criações expostas acima, também de inovações no produto em si, a geração de Modelos de Utilidade, compreedendo-se por este termo um tipo de invenção que muda detalhes do produto, mas não parte de idéias realmente revolucionárias.
As empresas monopolistas e as empresas novas, principalmente as com pouco capital, além das inovações necessárias às outras empresas, também necessitam de produtos inventivos, que quebrem paradigmas estabelecidos pelas outras companhias.

Se olharmos pelos aspectos econômicos, perceberemos que há uma diferenciação brutal nos gastos com inovação de cada tipo de empresa.
Os maiores gastos estão no setor de marketing, pois essas inovações representam despesas a serem incorporadas no custo total do produto, diminuindo o lucro. Os oligopólios e as empresas de livre concorrência, conseqüentemente, são por definição pouco inovadoras, pois a inovação que produzem é naquilo que já existe.
Esse é o motivo pelo qual vemos automóveis-conceito nas feiras e não os vemos andando pelas ruas, não vemos novos desenhos de macarrão, nem azeites de cozinha que não queimem após o uso. Para essas empresas, o que interessa é copiar o que os concorrentes fazem e tentar deixar o invólucro do seu produto mais atraente ao consumidor. Por definição, os oligopólios e as empresas de concorrência são empresas de mesmice. A palavra design para esses empresários significa apenas desenho bonito, pois aqui não há criação que mexa profundamente com o produto em si.
Como a maior parte do capital mundial está nessas empresas, podemos dizer que na prática empresarial, as mudanças são quase inexistentes.

A coisa começa a mudar de figura quando entramos no campo das empresas de concorrência monopolista. Nesse particular, não é que as inovações do marketing deixem de ter valor, mas incorpora-se um certo grau de pesquisa para os seus produtos. Aqui ainda não há desenvolvimento de novas invenções, mas já existe uma preocupação com o inovador. Esse tipo de companhia necessita, não só baixar os custos de produção e vender mais, mas a sua principal fonte de lucro vem da diferenciação dos seus produtos frente aos demais. O seu preço depende diretamente da qualidade e das melhorias que são implantadas constantemente e por isso, normalmente deve existir um departamento de pesquisa dentro da empresa.
Alguns monopólios, mais especificamente aqueles estabelecidos sobre proteções de patentes e “copyrights”, são os que tem a maior liberdade de imposição de preço ao consumidor, portanto, a maior parcela de lucro, ao compararmos com os outros tipos de empresa.
Criar inventos é um investimento relativamente baixo, comparando-se com as outras formas de criação, pois uma pequena idéia pode trazer benefícios econômicos espetaculares, enquanto que as criações do marketing e dos modelos de utilidades são criações que necessitam estar sempre se renovando e trazem benefícios pouco vastos. Esse é o motivo por que esse tipo de monopólio é muito comum estar em mãos de empresas de pequeno porte, pois é a forma que elas têm de incorporar-se em um mundo de gigantes sem serem esmagadas por eles.

Ora, devemos perguntar, se qualquer economista conhece esta realidade, porque não existe uma forte tendência em criar-se empresas inovadoras, que tenham boas idéias, pouco capital e muita vontade de crescer rápido? A resposta é que realmente essas empresas existem e a Internet é um bom exemplo de grandes fortunas criadas com relativo pouco esforço humano, capital mínimo, mas idéias brilhantes.
No entanto, as grandes empresas ainda estão pensando nas teorias econômicas do século XIX que diziam que com capital e (exploração de) trabalho se consegue enriquecer. O empresário médio ainda não tomou consciência que inovação é investimento, e não custo.
De fato, as empresas que, por motivos expostos no capítulo seguinte, chamaremos de Sublimes, não necessitam tanta mão de obra e nem tanto capital para obter uma lucratividade fenomenal, porém uma política de criação desse tipo de firma é o que traz a riqueza das nações.
O Japão do pós-guerra é um grande exemplo de como a inovação pode trazer benefício para a população. Pequenas empresas, com grande idéias fizeram florescer uma economia arrasada pela guerra. O mesmo aconteceu com o incentivo da inventividade norte-americana e com a engenharia inovadora da Alemanha.
Como é possível criar rendimentos excelentes com um capital mínimo, deveria-se esperar que grandes empresas constituissem um departamento de inovação tecnológica no sentido de buscar monopolizar seus produtos. Infelizmente isso não tem acontecido muito freqüentemente e essas firmas estão arriscando o seu futuro por isso. O que se vê é que cada vez mais empresas de inovação incorporam esses dinossauros em processo de extinção. Em 1970 não haviam a Microsoft, a AOL, a Netscape, o Altavista, o Yahoo... Se os empresários da antiga não aprenderem a viver com a realidade da inovação, têm o sério risco de serem devorados.

Mais um detalhe, desta vez para os políticos pensarem: as empresas monopolistas podem pagar mais. Elas não precisam tirar o seu lucro pela redução de custos e por isso tirar o sangue dos seus empregados. Além disso, um trabalhador para criar é bem mais caro do que um peão, um pau-mandado, as necessidades desse tipo de firma puxam os salários para cima. Essa estrutura é muito mais humana e não consegue compartilhar com as verdadeiras colônias de formiga que se tornaram as grandes empresas oligopolistas e de concorrência.

Sabendo-se então que nas empresas monopolistas ocorre uma situação de jogo de preços muito favorável em benefício do empresário, toda a grande empresa deveria estabelecer um departamento que cuidasse apenas de inovações, tendo em vista estabelecer monopólios de determinados produtos por um determinado tempo. Afinal, se a pequena empresa consegue prosperar com esta filosofia, por que não colocar uma parte do capital destinado à criação de marketing e de modificações no desenho, para a criação de produtos realmente inovadores?

Para o empresário médio, inovação significa fazer uma viagem à Miami, olhar o que há de diferente que está sendo vendido no Wal Mart e trazer para o seu país de atuação sem pagar royalties.
É claro que isso é uma atitude bem pouco sábia.
Vamos observar com lógica: em primeiro lugar, se isso fosse uma atitude inteligente, ninguém lançaria produtos em países do Primeiro Mundo. A empresa que lançou o produto que o empresário de mentalidade retrógrada catou no Wal Mart teve os seus motivos para investir na inovação. Não parece uma afirmação sensata?
Alguns motivos para as empresas pensarem duas vezes antes de fazerem isso:
- Não poderá exportar para países de primeiro mundo em que a patente do produto está valendo. Isso já representa uma queda brutal na receita de empresas de médio porte para cima (considerando que as pequenas exportem pouco).
- Corre o risco de sofrer um processo judicial, tendo como fórum privilegiado uma corte internacional ou um fórum de cidade longe daquela onde a empresa está instalada, o que custa caríssimo para se defender.
- Corre o risco de perder os investimentos feitos para iniciar a produção.
- Está atrás do que se está fazendo no mercado, e não à frente.
- Não conhece o mercado. O critério para a implantação do produto é mais ou menos o de “achei bonitinho, acho que vai vender!”
E, principalmente,
- Criar não custa necessariamente mais caro. É por pura falta de conhecimento que os nossos empresários buscam o que já existe no mercado, se só nos bancos de patente internacionais existem 24 milhões de idéias, a grande maioria disponível a quem quiser fabricar, pois já caíram em domínio público. Sabendo como fazer, basta abrir a Internet, procurar uma palavra qualquer e certamente mais de 200 idéias a respeito daquele produto irá aparecer na nossa frente. Por exemplo. Se você quiser fabricar escova de dentes, existe uma lista de centenas de invenções (algumas malucas, outras nem tanto) e variações a respeito deste tema. Basta escolher uma boa idéia, desenhar e partir para a produção. Muitas vezes pode-se até copiar sem plagiar.
Inovar é simples, desde que se conheça os meios. Dá bem menos trabalho do que ter que viajar ao Wal Mart americano ou às Galerias Laffayette. Inovar dentro de uma empresa não tem nada a ver com fazer turismo, OK, sir? Se você quiser trazer produtos do exterior, monte uma importadora, não uma indústria, pois está no ramo errado.


Mudança
Existem dois tipos de mudança, as qualitativas e as quantitativas.
As mudanças quantitativas são de grau, as qualitativas, como o próprio nome já diz, de qualidade.
O que é preciso para que ocorram mudanças?

Leis de Newton
Como aprendemos na física da escola, por mais que mude, a natureza é avessa às mudanças. Um corpo em repouso permanecerá em repouso até que uma força atue sobre ele. Um corpo em movimento permanecerá no mesmo movimento até que uma força atue.
As leis da inércia valem também para a sua empresa, ou seja, nada irá mudar se não houver uma força atuando para que ocorra esta mudança.
Basta uma força? Não. As Leis da Newton nos dizem que a toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Para haver movimento é preciso que o somatório de forças seja diferente de zero. O que isso quer dizer? Se alguém empurrar um móvel para um sentido e você empurrar para outro lado, as forças estarão sendo anuladas. Apenas o mais forte vencerá e produzirá movimento. Se duas pessoas empurrarem para o mesmo lado o móvel irá se mover no sentido desejado e com uma aceleração muito maior do que aquela que ocorreria se as forças fossem competitivas.
Então, aplicando as Leis de Newton a sua empresa: é preciso sair da inércia e é preciso somar forças!

Trabalho
O que é trabalho?
Auxiliando-nos ainda da física, trabalho é o produto da força pelo deslocamento.
O que isso quer dizer? Que não adianta fazer força, se não existe um deslocamento. Portanto, aqui o trabalho pode ser definido como toda a força aplicada para vencer a inércia e produzir movimento.
O esforço das iniciativas não nos servem de nada se não ocorrer uma procura real por resultados. Trabalho, além de iniciativa, significa, adotando um neologismo, também a “finalizativa”.

Energia
É o trabalho na unidade de tempo.
Se você erguer um peso para uma determinada altura em uma hora você terá dispendido uma determinada energia, para erguer o mesmo peso, na mesma altura em meia hora, você terá utilizado uma energia muito maior.

O que buscamos, portanto, tanto em uma empresa como na vida? Um somatório de forças, que produzam movimento, com um máximo de energia. Não adianta contestar essa afirmação, pois são leis do cosmos. Se você conseguir montar uma empresa na galáxia mais distante, essas regras continuarão valendo.

A aplicação de energia, conseqüentemente de trabalho e de força gera mudança.
As mudanças quantitativas ocorrem sempre que colocar um pouco mais de energia no sistema. Se eu tiver um cubo de gelo, por exemplo, e colocar mais calor (energia) neste gelo, ele irá se esquentar, digamos um gelo de -18ºC se tornará um gelo a -9ºC. O que mudou? Quase nada, pois continuamos tendo gelo, só que menos frio.
Como provocar mudanças quantitativas na empresa? é simples: trabalhando duro, como todo mundo sabe. Conseguindo produzir uma peça a mais por um centavo a menos, abrindo um novo cliente, transformando no refeitório o arroz de ontem no bolinho de hoje e na sopa de amanhã.

As mudanças qualitativas ocorrerão sempre que a quantidade de energia colocada (ou retirada) do sistema for de tal monta que as mudanças de grau transportem a uma mudança de essência. isto é, quando você der tanto calor ao gelo que ele se transforme em água e depois em vapor.

Falando em termos de energia, quanto você terá que aplicar de energia para transformar gelo em água? Para passar de -3ºC para -1ºC será a mesma quantidade de energia utilizada para passar de -1ºC a +1ºC e para passar de +1ºC para +3ºC? A física nos auxilia novamente a pensar.
No exemplo acima, o leigo poderia perceber que nos três casos ocorreu um aumento de dois graus centígrados, porém o cosmos trava as mudanças qualitativas com o que é chamado de energia latente, isto é, você terá que gastar muito mais energia para provocar uma mudança qualitativa do que a necessária para mudar a temperatura do gelo ou da água. Transformar gelo em água é bem difícil. O mesmo ocorre na vaporização. A energia para aumentar de 1ºC para 3ºC é a mesma utilizada para aumentar de 97ºC para 99ºC, porém para passar de 99ºC para 101ºC, ou seja, vaporizar a água é necessária uma enorme quantidade de energia latente.
O mesmo acontece na sua empresa. Quando a energia aplicada em mudanças quantitativas chega a uma tal monta que pede uma mudança qualitativa, isso torna-se um grande estorvo. Se você está a um bom tempo na empresa deve saber o problema que é mudar de porte pequeno para médio, mudar a marca e a logo, mudar a embalagem do produto, mudar o sabor, a cor, etc.

Todo mundo sabe que em time que está ganhando não se mexe, porém se você não mexer, o time vai ficar velho e você vai começar a perder.

As mudanças qualitativas são de dois tipos, as mudanças “latentes” e as mudanças “sublimes”.
Como foi dito acima, as mudanças latentes são aquelas ocorridas decorrentes da evolução natural da empresa e que se não forem feitas, a empresa entra em decadência.
Por seu turno, as mudanças que chamaremos de sublimes não interferem em nada no andamento histórico e natural da empresa, ou seja, no curto-prazo a empresa vai continuar crescendo (ou decaindo) naturalmente com ou sem mudanças sublimes.
O que é sublimação? É a passagem de um estado a outro sem a passagem de um estado intermediário. Exemplo: por que você não vê uma pocinha de líquido no seu armário quando coloca uma naftalina? Porque ela sublima, passa direto do sólido para o gasoso. Para sublimar, não é necessária a energia latente, ou seja, você gasta energia até chegar no ponto de mudança, mas não gasta energia para a mudança em si.
Portanto, as vantagens da sublimação sobre a mudança latente são o pouco dispêndio de energia, a significância da mudança e a velocidade em que ela ocorre.
Qual a energia necessária para sublimar qualquer coisa? Depende. Se você sublimar naftalina no armário precisará da temperatura ambiente, para sublimar carvão na churrasqueira, 3600ºC! Portanto, não tente sublimar o que o porte da sua empresa não consegue.
Sua empresa conseguirá sobreviver sem mudanças sublimes? Claro que sim, só que continuará fazendo o que as outras fazem, mantendo-se na média do mercado, ou em outras palavras e em bom português: ela continuará sendo medíocre.

E em lento e contínuo processo de extinção.


Who’s who
Quem é quem na sua empresa?
Você sabe quem é que provoca as mudanças quantitativas, não sabe? É o livro-caixa. O departamento de contabilidade, os economistas, enfim, a tesouraria nos diz onde cortar e onde investir. Qual bem produzir, quanto do bem produzir e quando produzir são os temas que interessam às mudanças quantitativas. A linguagem deste departamento é custo, receita, custo médio, receita média, custo marginal, receita marginal, oferta, demanda...
Se você só tiver este departamento na empresa e ele for eficiente, a sua firma já vai sobreviver por um bom tempo e é possível até se tornar líder no mercado. Se você fabricar chaminés de transatlânticos à vapor você vai conseguir sobreviver até descobrirem o avião. Se você produzir manipuladores de telegrafia, você vai conseguir sobreviver até descobrirem as micro-ondas. Se você fabrica válvulas de rádio, você vai durar até o transístor. Se você fabrica transístores, vai durar até descobrirem os chips e assim por diante.
Como você concorda que não quer ser um dinossauro, você instala o departamento de marketing na sua empresa, pois ele é o que é responsável pelas mudanças qualitativas latentes. Os malucos do marketing que insistem em usar tênis e camiseta ao invés de terno e gravata, são os que traçam metas. aqueles que dizem quando mudar, para o desespero do setor de contabilidade que tem que tirar dinheiro não se sabe de onde.
Alguns diretores da sua empresa, no entanto, acreditam nas criações do marketing. Ora, pensam eles, se eles se vestem como artistas performáticos, freqüentam os bares dos artistas performáticos, usam rabo-de-cavalo e têm namoradas intelectuais, porque não haveriam de ser pessoas criativas? (Profissionais de marketing, desculpem a brincadeira e o clichê.)
E são criativos, de fato! E os contadores também são criativos dentro da sua área. E os médicos. E os pedreiros e os índios botocudos. Criatividade é uma atividade humana. Em princípio, qualquer indivíduo pode ou não ser criativo. Acontece que a função do marketing é planejar, e não criar. Se chegar na empresa a mais recente pesquisa de mercado, indicando que a marca já não está cumprindo a sua função, o gerente de marketing simplesmente dirá: “OK, enviem essa informação para a agência de publicidade e mandem criar uma nova marca!”
Não é preciso criar para produzir mudanças latentes. É só preciso verificar as tendências da empresa e não atrapalhar o andamento normal. Marketing não cria, mas planeja. aliás, essa é a diferença do profissional de marketing e, usando o termo pejorativo, do marqueteiro. O nível de criatividade que um profissional de marketing precisa ter é sempre maior, pois os seus pés estão apoiados nos ombros do pessoal que cuida do dinheiro e por isso ele tem a obrigação de ver mais longe, mas isso não quer dizer que a diretoria possa esperar inovação de caráter sublime proveniente deste setor. Toda a mudança vinda do marketing é uma mudança de qualidade latente, assim como toda a mudança vinda da tesouraria é uma mudança quantitativa.
Alguém já disse que a empresa do futuro terá apenas esses dois departamentos: tesouraria e marketing, pois o resto todo (RH, produção, cantina, etc.) dá prá terceirizar.
Não é verdade. Quem haveria de fazer as mudanças sublimes que são as que construirão o futuro?



Por que ninguém cria nada na sua empresa?
Por três motivos.
Motivo 1: Falta de capacidade intelectual.
Solução Simplista: mandar o gerente de RH catar coquinhos! Se ele não consegue nem ao menos contratar gente inteligente, o que ele está fazendo na empresa?
Solução Simples: pagar mais para os empregados. Quanto maior a mais-valia, menor será o nível de inovação de sua empresa.

Motivo 2: Ninguém ganha nada com isso. Se o seu funcionário inventar a máquina do tempo ou o automóvel voador você irá promovê-lo? Ele irá ter participação na idéia que teve?
Solução Simples: fazer ele ganhar toda vez que pensar.

Motivo 3: criar significa provocar despeito dos superiores, que temem perder os seus postos e inveja dos subalternos que começam a achar que o criador é petulante. Ovelha que berra muito, vira costela assada, é fato.
Solução Simples: nenhuma. Enquanto a hierarquia da sua empresa continuar rígida e os que estão embaixo não tiverem voz ativa, a sua empresa continuará sem conseguir mudanças sublimes, portanto continuará na média, continuará medíocre.
É esse o motivo por que é preciso haver um departamento próprio para gerar inovações.

Quem cria na empresa, afinal?
O sobrinho do dono. Afinal, o menino é craque em computador e faz umas home-pages bem legais.
A filha do amigo do dono. Ela faz faculdade de belas-artes e fez umas esculturas lindas para colocar na recepção.
A mulher do dono. Coordenou toda a reformulação do jardim da empresa.
E por fim,
O dono. Alguém discorda que o dono tem idéias geniais?

O cartão de visitas do proprietário das empresas mais comuns deveria ser mais ou menos assim: Fulano de tal, departamento de criação, cargo: DONO.

Isso está incorreto? Então vamos ver na história as empresas mais famosas pelas inovações:
Ford Company.
Inovação: linha de montagem e sistema de marcha à ré.
Invoador: Henry Ford
Cargo: DONO!
General Eletric
Inovação: lâmpada elétrica, sistemas de geração e transmissão de eletricidade
Inovador: Thomas A. Edson
Cargo: DONO!
RCA
Inovação: fonógrafo
Inovador: Thomas A. Edson
Cargo: DONO!
Microsoft
Inovação: DOS
Inovador: Bill Gates
Cargo: DONO!
Bell Company/ At&T
Inovação: telefone
Inovador Graham Bell
Cargo: DONO!

Infelizmente, e para a danação da humanidade, nem todo empresário tem a genialidade de um Edson, de um Graham Bell ou de um Henry Ford.
Infelizmente, e para a danação da humanidade, a grande maioria das empresas arrastam-se pela história, sendo que apenas poucas dão passos, raras exceções dão pulos e uma minoria dá vôos. A empresa que inova é aquela que tem capacidade de produzir mudanças de sublimação.
Por fim, compreendemos por Empresa Sublime aquela que consegue deixar de ser uma empresa medíocre e desenvolver métodos, produtos, conceitos e estruturas totalmente diferentes das pré-existentes e que não partiram de uma progressão natural, mas sim de um salto histórico que projetou a empresa para além do seu tempo da sua evolução natural previsíveis pelo marketing e pela tesouraria.


Renovação
Karl Marx nos falava em um bipedismo existente entre o capital e o trabalho, sendo que esses seriam os pés de barro que movem o grande Gólen do capitalismo.
Acontece que o capitalismo é um tripé. Se Marx estivesse certo, o capitalismo já teria acabado, mas acontece que o século XX foi o século das inovações e cada nova idéia abre um novo mercado e um aumento de capital. Portanto, enquanto continuarem existindo consumidores e recursos materiais no planeta, o capitalismo continuará inchando. O tripé é formado por capital, trabalho e inovação.
É por isso também que as teorias de Henry Ford não funcionam. Ele preconizava que aumentando os salários dos seus trabalhadores, aumentaria o consumo dos seus carros. Acontece que, falando no planeta terra como um todo, hoje os trabalhadores estão cada vez mais miseráveis, o desemprego aumenta com a mecanização e a globalização e, no entanto, o crescimento de capital e o nível de consumo continua subindo. Acontece que a população cresce e o trabalho, leia-se produtividade, fica mais eficiente. E o mais importante: as inovações continuam chegando. O tripé capital, trabalho e inovação continua firme no seu lugar.
Se isso vale para a economia mundial, vale também para a sua empresa. Você precisa de capital, planejamento e inovação para conseguir crescer. Quanto mais de cada item, melhores serão os resultados.
E como acontece a renovação da empresa? Através de feiras, catálogos, congressos e revistas. Quando existe capital, basta adquirir o que há de novo no mercado em matéria de máquinas, equipamentos, embalagens, matérias-primas, etc..
Acontece que isso não é inovação, mas simples atualização tecnológica.

Por curto-prazo define-se o período em que a empresa não consegue modificar a sua produção. O longo-prazo é quando consegue-se mobilizar ou desmobilizar bens de produção para uma mudança “latente”.

Acontece que a inovação é atemporal. Ela não está na seqüência cronológica dos fatos e por isso não pode ser pensada em termos de longo ou curto-prazo. Um “insight”, o oferecimento de um novo negócio para a empresa, a conquista de um cliente inesperado ou uma nova patente de um produto muitas vezes não são planejados e surgem quase que como acaso.
Essa forma espontânea de coleta de prosperidade normalmente ocorre sem qualquer planejamento e parece cair dos céus como um maná sagrado, mas na verdade não é assim que ocorre.
Thomas Jefferson dizia “o que acho mais engraçado da sorte é o fato de que quanto mais trabalho, mais sorte tenho.” O acaso dentro de empresas pode ser esperado sempre que houver um empenho para que ele ocorra.
Apesar da inovação não poder ser prevista, ela pode ser metodizada e esperada dentro das leis da estatística. Uma idéia pode surgir por acaso em uma empresa, mas ela também pode ser provocada. Não sabemos quem são as pessoas que vão morrer de câncer em uma determinada população, mas sabemos que uma determinada porcentagem vai. Se não jogarmos na loteria, sempre existe a possibilidade de uma tia caridosa colocar um bilhete premiado no nosso bolso, mas se comprarmos todas as semanas um bilhete, as chances de ganhar aumentarão. Uma empresa que aposta em inovação tem bem mais chances de conseguir sucesso do que aquela que não aposta. É preciso apostar no departamento de criação da empresa como o único setor especializado que pode trazer mudanças significativas com um capital razoavelmente pequeno.